Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 08 de agosto de 2021
Prezados
irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho da Liturgia de hoje (Jo 6,41-51), Jesus continua a pregar ao
povo que viu o prodígio da multiplicação dos pães. E convida aquelas pessoas a
dar um salto de qualidade: depois de evocar o maná, com que Deus tinha
alimentado os pais no longo caminho através do deserto, agora aplica o símbolo
do pão a si próprio. Diz claramente: «Eu sou o pão da vida» (v. 48).
O que significa pão da vida? Para
viver, há necessidade de pão. Quem tem fome não pede alimentos requintados e
caros, pede pão. Quem está desempregado não pede salários enormes, mas o “pão”
de um emprego. Jesus revela-se como o pão, ou seja, o essencial, o necessário
para a vida de todos os dias; sem Ele as coisas não funcionam. Não um pão
entre muitos outros, mas o pão da vida. Em síntese, sem Ele,
mais do que viver, vai-se vivendo: pois só Ele nutre a nossa alma, só Ele nos
perdoa daquele mal que sozinhos não conseguimos superar, só Ele nos faz sentir
amados, até quando todos nos desiludem, só Ele nos dá a força de amar, só Ele
nos dá a força de perdoar nas dificuldades, só Ele infunde no coração a paz que
procuramos, só Ele dá a vida para sempre, quando a vida aqui na terra acaba. É
o pão essencial da vida.
«Eu sou o pão da vida», diz. Detenhamo-nos nesta bonita imagem de Jesus. Ele poderia ter feito um raciocínio, uma demonstração, mas - como sabemos - Jesus fala por parábolas, e nesta expressão: «Eu sou o pão da vida», resume verdadeiramente todo o seu ser e toda a sua missão. Isto se verá na sua totalidade no final, na Última Ceia. Jesus sabe que o Pai lhe pede não apenas que dê de comer às pessoas, mas que se ofereça a si mesmo, que se parta a si próprio, a sua vida, a sua carne, o seu coração, para que nós possamos ter vida. Estas palavras do Senhor despertam em nós a maravilha pelo dom da Eucaristia. Ninguém neste mundo, por mais que ame outra pessoa, pode tornar-se alimento para ela. Deus fê-lo, e fá-lo, por nós. Renovemos esta maravilha. Façamo-lo adorando o Pão de vida, pois a adoração enche a vida de assombro.
Mas no Evangelho, em vez de se admirar,
as pessoas escandalizam-se, rasgam as suas vestes. Pensam: «Conhecemos este
Jesus, conhecemos a sua família; como, pois, pode dizer: Eu sou o pão que
desceu do céu?» (vv. 41-42).
Talvez também nós nos escandalizemos: ficaríamos mais à vontade com um Deus que
está no Céu, sem se intrometer na nossa vida, enquanto podemos gerir os nossos
assuntos aqui na terra. No entanto, Deus tornou-se homem para entrar na
realidade do mundo, para entrar na nossa realidade; Deus tornou-se homem para
mim, para ti, para todos nós, a fim de entrar na nossa vida. E interessa-lhe
tudo da nossa vida. Podemos falar-lhe dos afetos, do trabalho, do dia a dia,
das dores, das angústias, de muitas coisas. Podemos contar-lhe tudo, pois Jesus
deseja ter esta intimidade conosco. O que não deseja? Ser relegado para um
segundo plano - Ele que é o pão - ser negligenciado e posto de lado, ou ser
chamado em causa somente quando precisamos dele.
Eu sou o pão da vida. Comamos juntos pelo menos uma vez por dia; talvez à noite, em família, depois de um dia de trabalho ou de estudo. Seria bom, antes de partir o pão, convidar Jesus, pão de vida, pedir-lhe com simplicidade que abençoe o que fizemos e o que não conseguimos fazer. Convidemo-lo para a nossa casa, oremos em estilo “doméstico”. Jesus estará à mesa conosco e nós seremos alimentados por um amor maior.
A Virgem Maria, em quem a Palavra se
fez carne, nos ajude a crescer dia após dia na amizade com Jesus, pão de vida.
"Eu sou o pão da vida" ("Salvador Eucarístico" - Juan de Juanes) |
Fonte: Santa Sé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário