quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Ângelus: XXII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 1º de setembro de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Lc 14,1.7-14) mostra-nos Jesus a participar numa festa na casa de um líder fariseu. Jesus olha e observa como os convidados correm, como se apressam para conseguir os primeiros lugares. É uma atitude bastante difundida, mesmo nos nossos dias, e não apenas quando somos convidados para um almoço: geralmente, procuramos o primeiro lugar para afirmar uma suposta superioridade sobre os outros. Na realidade, esta corrida aos primeiros lugares prejudica a comunidade, tanto civil como eclesial, porque arruína a fraternidade. Todos nós conhecemos estas pessoas: escaladores, que sempre escalam para subir, subir... Danificam a fraternidade, deterioram a fraternidade. Diante desta cena, Jesus conta duas pequenas parábolas.

A primeira é dirigida a quem é convidado para um banquete, e exorta-o a não se pôr em primeiro lugar, «para que - diz ele - não haja outro hóspede mais digno de ti, e aquele que convidou a ti e a ele venha dizer: “Por favor, um passo atrás, dá-lhe esse lugar!”». Uma vergonha! «Então ocuparás vergonhosamente o último lugar» (vv. 8-9). Jesus, por outro lado, ensina-nos a ter a atitude oposta: «Quando fores convidado, vai e coloca-te em último lugar, para que, quando vier aquele que te convidou, te diga: “Amigo, anda mais para frente!”» (v. 10). Portanto, não devemos tomar a iniciativa de procurar a atenção e a consideração dos outros, mas sim deixar que outros no-la deem. Jesus mostra-nos sempre o caminho da humildade - devemos aprender o caminho da humildade! - porque é o mais autêntico, e permite também ter relações autênticas. Verdadeira humildade, não falsa humildade, o que no Piemonte é chamado de mugna quacia, não, essa não. A verdadeira humildade.

Na segunda parábola, Jesus dirige-se a quem convida e, referindo-se ao modo de selecionar os convidados, diz-lhe: «Quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; e serás abençoado porque eles não têm possibilidade de retribuir» (vv. 13-14). Também aqui, Jesus vai completamente contra a maré, manifestando como sempre a lógica de Deus Pai. E também acrescenta a chave para interpretar este seu discurso. E qual é a chave? Uma promessa: se fizeres assim, «receberás a tua recompensa com a ressurreição dos justos» (v. 14). Isto significa que aqueles que se comportarem desta maneira terão a recompensa divina, muito mais superior do que a recompensa humana: faço-te este favor esperando que tu me faças outro. Não, este não é um cristão. A generosidade humilde é cristã. O intercâmbio humano, de facto, falsifica as relações, torna-as “comerciais”, introduzindo o interesse pessoal numa relação que deve ser generosa e gratuita. Pelo contrário, Jesus convida-nos à generosidade abnegada, a abrir o caminho para uma alegria muito maior: alegria de fazer parte do próprio amor de Deus que nos espera, a todos nós, no banquete celestial.

Que a Virgem Maria, «humilde e elevada mais que toda criatura» (Dante, Paraíso, XXXIII, 2), nos ajude a reconhecer-nos como somos, isto é, pequenos; e a alegrar-nos em dar sem nada esperar em troca.


Fonte: Santa Sé.

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