quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 11 de agosto de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Na página do Evangelho de hoje (Lc 12,32-48), Jesus convida seus discípulos à contínua vigilância. Por quê? Para acolher a passagem de Deus na própria vida, porque Deus continuamente passa na vida. E indica a modalidade para viver bem esta vigilância: «Estai prontos, com os vossos rins cingidos e as lâmpadas acesas» (v. 35). Esta é a modalidade. Sobretudo «os rins cingidos», uma imagem que recorda a atitude do peregrino, pronto para colocar-se a caminho. Trata-se de não criar raízes em habitações confortáveis e reconfortantes, mas de abandonar-se, de ser aberto com simplicidade e confiança à passagem de Deus na nossa vida, à vontade de Deus que nos guia rumo à meta sucessiva. O Senhor sempre caminha conosco e tantas vezes nos toma pela mão, para guiar-nos, para que não nos percamos neste difícil caminho. Com efeito, quem se confia a Deus sabe bem que a vida de fé não é qualquer coisa de estático, mas é dinâmica! A vida de fé é um percurso contínuo, para dirigir-nos através de etapas sempre novas, que o Senhor mesmo indica dia a dia. Porque Ele é o Senhor das surpresas, o Senhor das novidades, mas das verdadeiras novidades.

E depois - a primeira modalidade eram «os rins cingidos» -, depois nos é pedido para manter «as lâmpadas acesas», para poder iluminar a escuridão da noite. Somos convidados, assim, a viver uma fé autêntica e madura, capaz de iluminar as tantas “noites” da vida. Sabemo-lo, todos nós tivemos dias que foram verdadeiras noites espirituais. A lâmpada da fé necessita ser alimentada continuamente, com o encontro coração a coração com Jesus na oração e na escuta da sua Palavra. Retomo uma coisa que vos disse tantas vezes: levai sempre um pequeno Evangelho no bolso, na bolsa, para lê-lo. É um encontro com Jesus, com a Palavra de Jesus. Esta lâmpada do encontro com Jesus na oração e na sua Palavra nos é confiada para o bem de todos: ninguém, portanto, pode retirar-se de maneira intimista na certeza da própria salvação, desinteressando-se dos outros. É uma fantasia crer que alguém possa iluminar-se sozinho por dentro. Não, é uma fantasia. A fé verdadeira abre o coração ao próximo e impulsiona para a comunhão concreta com os irmãos, sobretudo com aqueles que vivem em necessidade.

E Jesus, para fazer-nos compreender esta atitude, conta a parábola dos servidores que aguardam o retorno do patrão quando este volta das núpcias (vv. 36-40), apresentando assim outro aspecto da vigilância: estar prontos para o encontro último e definitivo com o Senhor. Cada um de nós se encontrará, naquele dia de encontro. Cada um de nós tem a própria data para este encontro definitivo. Diz o Senhor: «Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar... E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!» (vv. 37-38). Com estas palavras, o Senhor nos recorda que a vida é um caminho rumo à eternidade; portanto, somos chamados a fazer frutificar todos os talentos que temos, sem jamais esquecer que «não temos aqui a cidade permanente, mas andamos em busca daquela futura» (Hb 13,14). Nesta perspectiva, cada instante se torna precioso; por isso é preciso viver e agir nesta terra com saudade do céu: os pés sobre a terra, caminhar sobre a terra, trabalhar sobre a terra, fazer o bem sobre a terra, e o coração saudoso do céu.

Nós não podemos compreender verdadeiramente em que consiste esta alegria suprema, toda vida Jesus nos faz intui-la com a semelhança do patrão que encontrando vigilantes os servos ao seu retorno: «ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá» (v. 37). A alegria eterna do paraíso se manifesta assim: a situação se inverterá e não seremos mais os servos, isto é, nós a servir a Deus, mas Deus mesmo se colocará a nosso serviço. E isto faz Jesus desde agora: Jesus reza por nós, Jesus olha por nós e pede ao Pai por nós, Jesus nos serve agora, é o nosso servidor. E esta será a alegria definitiva. O pensamento do encontro final com o Pai, rico de misericórdia, nos enche de esperança e nos estimula ao empenho constante pela nossa santificação e para construir um mundo mais justo e fraterno.

A Virgem Maria, com a sua materna intercessão, sustente este nosso empenho.


Tradução livre do texto italiano no site da Santa Sé.

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