sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Ângelus do Papa: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 25 de agosto de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (cf. Lc 13,22-30) nos apresenta Jesus que passa ensinando por cidades e povoados, dirigindo-se a Jerusalém, onde sabe que deve morrer na cruz para a salvação de todos nós. Neste quadro, se insere a pergunta de alguém que se dirige a Ele dizendo: «Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?» (v. 23). A questão era debatida naquele tempo - quantos se salvam, quantos não... - e haviam diversos modos de interpretar a Escritura a respeito, de acordo com os textos que tomavam. Jesus, porém, inverte a pergunta, que aponta mais para a quantidade, isto é, “são poucos?”, e, ao invés, coloca a resposta no plano da responsabilidade, convidando-nos a usar bem o tempo presente. Diz de fato: «Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão» (v. 24).
Com estas palavras, Jesus faz-nos compreender que não é questão de número, não há o “número fechado” no paraíso! Mas se trata de atravessar desde agora a passagem certa, e esta passagem certa é para todos, mas é estreita. Este é o problema. Jesus não quer iludir-nos, dizendo: “Sim, ficai tranquilos, a coisa é fácil, há uma bela autoestrada e no final um grande portão...”. Não nos diz isto: nos fala da porta estreita. Diz-nos as coisas como são: a passagem é estreita. Em que sentido? No sentido de que para salvar-se é preciso amar a Deus e ao próximo, e isto não é cômodo! É uma “porta estreita” porque é exigente, o amor é exigente sempre, requer empenho, ou melhor, “esforço”, isto é, uma vontade decidida e perseverante de viver segundo o Evangelho. São Paulo o chama «o bom combate da fé» (1Tm 6,12). É preciso o esforço de todos os dias, de cada dia para amar a Deus e ao próximo.
E, para explicar-se melhor, Jesus conta uma parábola. Há um dono de casa, que representa o Senhor. A sua casa simboliza a vida eterna, isto é, a salvação. E aqui retorna a imagem da porta. Jesus diz: «Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: “Senhor, abre-nos a porta!” Ele responderá: “Não sei de onde sois”» (v. 25). Estas pessoas agora buscam fazer-se reconhecer, recordando ao dono de casa: “Eu comi contigo, eu bebi contigo... eu escutei os teus conselhos, os teus ensinamentos em público...” (cf. v. 26); “eu estava quando tu deste aquela conferência...”. Mas o Senhor repetirá que não os conhece e os chama de «operadores de injustiça». Eis o problema! O Senhor nos reconhecerá não pelos nossos títulos - “Mas olha, Senhor, eu pertencia àquela associação, eu era amigo de tal monsenhor, de tal Cardeal, de tal padre...”. Não, os títulos não contam, não contam. O Senhor nos reconhecerá apenas por uma vida humilde, uma vida boa, uma vida de fé que se traduz nas obras.
E para nós cristãos, isto significa que somos chamados a instaurar uma verdadeira comunhão com Jesus, rezando, indo à igreja, aproximando-se dos sacramentos e nutrindo-nos da sua Palavra. Isto nos mantém na fé, nutre a nossa esperança, reaviva a caridade. E assim, com a graça de Deus, podemos e devemos dedicar a nossa vida para o bem dos irmãos, lutar contra toda forma de mal e de injustiça.
Ajude-nos nisto a Virgem Maria. Ela passou através da porta estreita que é Jesus, o acolheu com todo o coração e o seguiu todos os dias de sua vida, também quando não entendia, também quando uma espada atravessava a sua alma. Por isto a invocamos como “porta do céu”: Maria, porta do céu; uma porta que reflete exatamente a forma de Jesus: a porta do coração de Deus, coração exigente, mas aberto a todos nós.


Tradução livre do texto italiano divulgado pela Santa Sé.

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