sexta-feira, 17 de março de 2023

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2003

Estamos aproximadamente na metade do Tempo da Quaresma deste ano de 2023. Aproveitamos a ocasião para propor as meditações da Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa João Paulo II há 20 anos, na Sexta-feira Santa de 2003.

Por ocasião do seu 25º ano de pontificado (1978-2003), foram retomadas as meditações compostas pelo próprio Papa para os Exercícios Espirituais pregados ao Papa Paulo VI e à Cúria Romana na Quaresma de 1976, quando era ainda Cardeal Karol Józef Wojtyła, Arcebispo de Cracóvia.

Para as leituras foi priorizado o Evangelho segundo Marcos, uma vez que tanto em 1976 quanto em 2003 a Igreja de Rito Romano celebrava o Ano Litúrgico B, dedicado a este evangelista.

Ilustraremos esta postagem com as estações da Via Sacra presentes no jardim da Abadia Cisterciense de Mogiła, no Distrito de Nowa Huta em Cracóvia.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu
Meditações do Papa João Paulo II
Sexta-feira Santa, 18 de abril de 2003

Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Via Sacra da Sexta-feira Santa do ano 2003.
Via Sacra da comunidade eclesial da Urbe convocada junto ao Coliseu, dramático e glorioso monumento da Roma imperial, testemunha muda de força e domínio, memorial de acontecimentos de vida e de morte, onde parecem ressoar, como um eco interminável, clamores de sangue (cf. Gn 4,10) e palavras que imploram concórdia e perdão.
Via Sacra do 25º aniversário do meu Pontificado como Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal. Por graça de Deus, nestes 25 anos do meu serviço pastoral nunca faltei a este encontro, verdadeira Statio Urbis et Orbis, encontro da Igreja de Roma com os peregrinos vindos de todas as partes do mundo e com milhões de fiéis que acompanham a Via Sacra através da rádio e da televisão.
Também este ano, por renovada misericórdia do Senhor, estou convosco para percorrer na fé o trajeto de Jesus desde o Pretório de Pôncio Pilatos até o alto do Calvário.


Via Sacra, abraço ideal entre Jerusalém e Roma, entre a Cidade amada por Jesus, onde Ele deu a vida pela salvação do mundo, e a Cidade sede do Sucessor de Pedro, que preside à caridade eclesial.
Via Sacra, caminho de fé: em Jesus condenado à morte reconheceremos o Juiz universal; n’Ele carregando a Cruz, o Salvador do mundo; n’Ele crucificado, o Senhor da história, o próprio Filho de Deus.
Noite de Sexta-feira Santa, noite tépida e trepidante da primeira lua cheia da primavera. Estamos reunidos em nome do Senhor. Ele está aqui conosco, como prometeu (cf. Mt 18,20).
Conosco está também a Virgem Santa Maria. Ela esteve no alto do Gólgota como Mãe do Filho moribundo, Discípula do Mestre da verdade, nova Eva junto da árvore da vida, Mulher da dor associada ao «Homem das dores, experimentado nos sofrimentos» (Is 53,3), Filha de Adão, nossa Irmã, Rainha da Paz.
Mãe de misericórdia, ela inclina-se sobre os seus filhos, ainda expostos a perigos e aflições, para ver os seus sofrimentos, ouvir o gemido que se eleva da sua miséria, levar conforto e reavivar a esperança da paz

Oremos
Olha, Pai Santo, o sangue que jorra do peito transpassado do Salvador; olha o sangue derramado por tantas vítimas do ódio, da guerra, do terrorismo, e concede, benigno, que o curso dos acontecimentos no mundo se desenrole segundo a tua vontade na justiça e na paz, e a tua Igreja se dedique com serena confiança ao teu serviço e à libertação do homem. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,14-15)
Eles gritaram com mais força: “Crucifica-o!”. Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.

A sentença de Pilatos foi proferida sob pressão dos sacerdotes e da multidão. A condenação à morte por crucificação serviria para satisfazer as suas paixões dando resposta ao grito: “Crucifica-O! Crucifica-O!” (Mc 15,13-14 e paralelos). O pretor romano pensou que podia subtrair-se à sentença lavando as mãos, como antes se desinteressara das palavras de Cristo que tinha identificado o seu reino com a verdade, com o testemunho da verdade (Jo 18,38). Em um e outro caso, Pilatos procurava conservar a sua independência, ficar de algum modo “de fora”. Mas era só aparência... A Cruz à qual foi condenado Jesus de Nazaré (Jo 19,16), tal como a sua verdade do reino (Jo 18,36-37), devem ter tocado no mais fundo da alma do pretor romano. Esta foi e é uma Realidade, diante da qual não é possível ficar de fora ou à margem. O fato de Jesus, o Filho de Deus, ter sido interrogado sobre o seu reino, e por isso ter sido julgado pelo homem e condenado à morte, constitui o princípio daquele testemunho final de Deus que tanto amou o mundo (cf. Jo 3,16). Encontramo-nos diante deste testemunho e sabemos que não nos é lícito lavar as mãos.

Jesus de Nazaré, condenado à morte de cruz, testemunha fiel do amor do Pai.
R. Kyrie, eleison.

Jesus, Filho de Deus, obediente à vontade do Pai até à morte de cruz.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Stabat Mater dolorosa, / iuxta crucem lacrimosa, / dum pendebat Filius.

II Estação: Jesus é carregado com a cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,20)
Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.

Tem início a execução, isto é, a atuação da sentença. Condenado à morte, Cristo deve carregar a cruz, como os outros dois condenados que devem sofrer a mesma pena: “Foi contado entre os malfeitores” (Is 53,12). Cristo aproxima-se da Cruz, tendo todo o corpo terrivelmente dilacerado e ferido, com o sangue que lhe escorre pelo rosto da cabeça coroada de espinhos. Ecce Homo! N’Ele está toda a verdade do Filho do Homem predita pelos profetas, a verdade sobre o Servo de Yahweh anunciada por Isaías: “Foi esmagado pelas nossas iniquidades... por suas chagas fomos curados” (Is 53,5).
N’Ele está presente também certa consequência, que suscita espanto, daquilo que o homem fez ao seu Deus. Pilatos diz: “Ecce Homo!” (Jo 19,5); “Vede o que fizestes deste homem!”. Nesta afirmação, parece falar outra voz, como se dissesse: “Vede o que fizestes, neste homem, ao vosso Deus!”.
É impressionante a proximidade, a inter-relação desta voz que ouvimos através da história com aquilo que nos chega através da certeza da fé. Ecce Homo! Jesus, “chamado Cristo” (Mt 27,17), toma a Cruz sobre os ombros (Jo 19,17). Começou a execução.

Cristo, Filho de Deus, que revelas ao homem o mistério do homem.
R. Christe, eleison.

Jesus, Servo do Senhor, por cujas chagas fomos curados.
R. Christe, eleison.

Pai nosso...

Cuius animam gementem, / contristatam et dolentem / pertransivit gladius.

III Estação: Jesus cai pela primeira vez

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,4-6)
A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós.

Jesus cai sob a Cruz. Cai por terra. Não recorre às suas forças sobre-humanas, não recorre à força dos anjos. “Pensas que não poderia recorrer ao meu Pai, que imediatamente me mandaria mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26,53). Não pede isto. Tendo aceitado o cálice das mãos do Pai (Mc 14,36 e paral.), quer bebê-lo até o fundo. É isto mesmo o que quer. E por isso não pensa em forças sobre-humanas, embora estejam à sua disposição. Poderão provar uma dolorosa estranheza aqueles que O tinham visto quando comandava as enfermidades humanas, as mutilações, as doenças, a própria morte. E agora? Nega Ele tudo isto? Todavia “nós esperávamos”, dirão alguns dias depois os discípulos de Emaús (Lc 24,21). “Se és o Filho de Deus...” (Mt 27,40), o provocarão os membros do Sinédrio. “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar!” (Mc 15,31; Mt 27,42), gritará a multidão.
E Ele aceita estas provocações, que parecem anular todo o sentido da sua missão, dos discursos pronunciados, dos milagres realizados. Aceita todas essas palavras; decidiu não se opor. Quer ser ultrajado. Quer vacilar. Quer cair sob a Cruz. Quer. É fiel até o fim, mesmo nos mínimos detalhes, a esta afirmação: “Não seja feito o que Eu quero, mas sim o que Tu queres!” (Mc 14,36 e paral.). Deus extrairá a salvação da humanidade das quedas de Cristo sob a Cruz.

Jesus, manso Cordeiro redentor, que carregas sobre ti o pecado do mundo.
R. Kyrie, eleison.

Jesus, nosso companheiro no tempo da angústia, solidário com a fragilidade humana.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

O quam tristis et afflicta / fuit illa benedicta / Mater Unigeniti!

IV Estação: Jesus encontra sua Mãe

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Lucas (Lc 2,34-35.51)
Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma”. (...) Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.

A Mãe. Maria encontra o Filho no caminho da Cruz. A sua cruz torna-se a dela; a humilhação d’Ele é a sua, seu opróbrio público torna-se o dela. É a ordem humana das coisas. Assim o devem sentir aqueles que a rodeiam, e assim o entende o seu coração “Uma espada te transpassará a alma” (Lc 2,35). As palavras pronunciadas quando Jesus tinha quarenta dias se cumprem nesse momento. Atingem agora toda a sua plenitude. E Maria, transpassada por esta espada invisível, caminha para o Calvário do seu Filho, para o seu próprio Calvário. A devoção cristã a vê com esta espada no coração, e assim a representa. Mãe das Dores!
“Ó tu que sofreste com Ele!” - repetem os fiéis, sentindo no seu íntimo que é assim mesmo que se deve exprimir o mistério deste sofrimento. Embora esta dor lhe pertença e a toque na própria profundidade da sua maternidade, todavia a verdade plena deste sofrimento é expressa pelo termo “compaixão”. Ela pertence ao mesmo mistério: exprime de certa forma a unidade com o sofrimento do Filho.

Santa Maria, nossa Mãe e irmã no caminho de fé, contigo invocamos o teu Filho Jesus.
R. Kyrie, eleison.

Santa Maria, intrépida a caminho do Calvário, contigo suplicamos ao teu Filho Jesus.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Quae maerebat et dolebat, / pia Mater, dum videbat / Nati poenas incliti.

V Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu a levar a Cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,21-22)
Os soldados obrigaram certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”.

Simão de Cirene, chamado a levar a Cruz (cf. Mc 15,21; Lc 23,26), certamente não queria levá-la. Por isso teve de ser obrigado. Caminhava ao lado de Cristo sob o mesmo peso. Emprestava-lhe os seus ombros, sempre que os ombros do condenado pareciam vacilar. Estava perto d’Ele: mais perto do que Maria, mais perto do que João, o qual, embora sendo homem, não foi chamado para ajudá-lo. Chamaram ele, Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, como refere o Evangelho de Marcos. Chamaram-no, obrigaram-no.
Quanto durou esta obrigação? Por quanto tempo terá caminhado ao lado de Jesus, fazendo sentir que nada tinha a ver com o condenado, com a sua culpa, com a sua pena? Por quanto tempo terá caminhado assim, interiormente dividido, atrás de uma barreira de indiferença para com o Homem que sofria? “Eu estava nu, com sede, na prisão” (Mt 25,35.36), levei a Cruz... E tu, levaste-a comigo? Levaste-a comigo verdadeiramente até ao fim?
Não se sabe. Marcos refere apenas o nome dos filhos do Cireneu e a tradição sustenta que pertenciam à comunidade dos cristãos ligada a Pedro (cf. Rm 16,13).

Cristo, Bom Samaritano, que foste ao encontro do pobre, do doente, do último.
R. Christe, eleison.

Cristo, Servo do Eterno, que consideras como feito a ti cada gesto de amor para com o refugiado, o marginalizado, o estrangeiro.
R. Christe, eleison.

Pai nosso...

Quis est homo qui non fleret, / Matrem Christi si videret / in tanto supplicio?

VI Estação: A Verônica limpa o rosto de Jesus

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,2-3)
Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.

A tradição fala-nos da Verônica. Talvez ela complete a história do Cireneu. Na verdade, embora - sendo mulher - não tenha levado fisicamente a Cruz nem tenha sido forçada a fazê-lo, ela certamente levou a Cruz com Jesus: levou-a como podia, como lhe era possível fazer naquele momento e como lhe ditava o coração, isto é, enxugando o seu Rosto.
Este fato, referido pela tradição, parece fácil de explicar: no lenço com que ela lhe enxugou o Rosto, ficaram gravadas as feições de Cristo. Precisamente porque estava todo ensanguentado e suado, podia deixar traços e lineamentos.
Mas o sentido deste acontecimento pode ser interpretado também de outra maneira, se o consideramos à luz do discurso escatológico de Cristo. Serão muitos, sem dúvida, aqueles que vão perguntar: “Senhor, quando é que fizemos isto?”. E Jesus responderá: “Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,37-40). De fato, o Salvador imprime a sua imagem em cada ato de caridade, como o fez no lenço de Verônica.

Ó Rosto do Senhor Jesus, desfigurado pela dor, resplandecente da glória divina.
R. Kyrie, eleison.

Ó Rosto santo, impresso como um selo em cada gesto de amor.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Quis non posset contristari, / Christi Matrem contemplari, / dolentem cum Filio?

VII Estação: Jesus cai pela segunda vez

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Livro das Lamentações (Lm 3,1-2.9.16)
Sou um homem que vejo a minha miséria, como punição da ira de Deus. Ele me levou a caminhar nas trevas, e não na luz. (...) Fechou meu caminho com pedras, obstruiu minha passagem. (...) Quebrou-me os dentes com cascalho, cobriu-me de cinza.

“Eu sou um verme e não um homem; sou o opróbrio e o desprezo das nações” (Sl 21,7): as palavras do profeta salmista encontram seu pleno cumprimento nestas vielas estreitas e árduas de Jerusalém, durante as últimas horas que antecedem a Páscoa. Sabe-se que estas horas, antes da festa, eram enervantes e que as estradas estavam lotadas. É neste contexto que se cumprem as palavras do salmista, embora ninguém o pense. Certamente não se dão conta disto aqueles que demonstram desprezo, para os quais este Jesus de Nazaré que cai pela segunda vez sob a Cruz tornou-se objeto de zombaria.
É Ele que o deseja; quer que se cumpra a profecia. Por isso cai, exausto por causa do esforço. Cai por vontade do Pai, vontade expressa também nas palavras do profeta. Cai por vontade própria, senão “como se cumpririam as Escrituras?” (Mt 26,54). “Eu sou um verme e não um homem” (Sl 21,7); portanto, nem sequer o “Ecce Homo” (Jo 19,5), sou menos ainda, ainda pior...
O verme rasteja apegado à terra; o homem, ao contrário, como rei das criaturas, caminha sobre dela. O verme rói a madeira: como o verme, o remorso do pecado rói a consciência do homem. Remorso pela segunda queda.

Jesus de Nazaré, feito infâmia dos homens para enobrecer todas as criaturas.
R. Kyrie, eleison.

Jesus, servidor da vida, esmagado pelos homens, exaltado por Deus.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Pro peccatis suae gentis, / vidit Iesum in tormentis, / et flagellis subditum.

VIII Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,28-31)
Jesus voltou-se para elas e disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão em que se dirá: ‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram’. Então começarão a pedir às montanhas: ‘Caí sobre nós!’ e às colinas: ‘Escondei-nos!’ Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?”.

Eis o apelo ao arrependimento, ao verdadeiro arrependimento, à compunção, na verdade do mal cometido. Jesus diz às filhas de Jerusalém que choram ao vê-lo passar: “Não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos” (Lc 23,28). Não podemos permanecer na superfície do mal; é preciso ir até o fim: às suas raízes, às causas, à verdade da consciência.
É isto que quer dizer Jesus que leva a Cruz, Ele que “conhecia o interior de cada homem” (Jo 2,25) e sempre o conhece. Por isso, Ele deve permanecer sempre a testemunha mais próxima dos nossos atos e dos juízos que fazemos sobre eles na nossa consciência. Talvez nos faça compreender que estes juízos devem ser ponderados, razoáveis, objetivos - diz: “Não choreis” - mas, ao mesmo tempo, consequentes com tudo o que esta verdade contém: avisa-nos porque é Ele que leva a Cruz.
Peço-te, Senhor, que eu saiba viver e caminhar na verdade!

Senhor Jesus, sábio e misericordioso, Verdade que conduz à vida.
R. Kyrie, eleison.

Senhor Jesus, cheio de compaixão, cuja presença suaviza o pranto na hora da prova.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Tui Nati vulnerati, / tam dignati pro me pati / poenas mecum divide.

IX Estação: Jesus cai pela terceira vez

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Livro das Lamentações (Lm 3,27-32)
É bom para o homem sofrer o jugo na sua juventude. Quando isto lhe é imposto, queda-se em solidão e em silêncio. Deita-se com o rosto no chão, implorando a esperança. Oferece o rosto a quem o espanca, sacia-se de opróbrios. É certo que o Senhor a ninguém repele para sempre. Se Ele aflige, também se compadece com infinitos gestos de misericórdia.

“Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8). Cada estação deste caminho é uma pedra miliar dessa obediência e desse aniquilamento.
Compreendemos a medida desse aniquilamento quando começamos a ouvir as palavras do profeta: “O Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós... Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós” (Is 53,6).
Concedemos a medida deste aniquilamento quando vemos Jesus cair de novo, pela terceira vez, sob a Cruz; quando meditarmos quem é Aquele que cai, quem é Aquele que jaz no pó da estrada sob a Cruz, caído aos pés de gente hostil que não lhe poupa humilhações e ultrajes...
Quem é Aquele que cai? Quem é Jesus Cristo? Ele “existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6-8).

Cristo Jesus, que provaste o amargor da terra para mudar o gemido da dor em cântico de júbilo.
R. Christe, eleison.

Cristo Jesus, humilhado na carne para enobrecer toda a criação.
R. Christe, eleison.

Pai nosso...

Eia, Mater, fons amoris, / me sentire vim doloris / fac, ut tecum lugeam.

X Estação: Jesus é despojado das suas vestes

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,24)
Os soldados repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.

Quando vemos Jesus sobre o Gólgota, despojado de suas vestes (Mc 15,24 e paral.), o pensamento volta-se para sua Mãe: retornam à origem deste corpo, que já agora, antes da crucificação, é todo ele uma chaga viva (cf. Is 52,14). O mistério da Encarnação: o Filho de Deus toma o seu corpo do seio da Virgem (cf. Mt 1,23; Lc 1,26-38).
O Filho de Deus fala com o Pai, usando as palavras do Salmo: “Sacrifício e oblação não quisestes, mas formaste-me um corpo” (Sl 39,7; Hb 10,5). O corpo do homem manifesta a sua alma. O corpo de Cristo exprime o amor para com o Pai: “Por isso eu disse: ‘Eis que eu venho... Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade’” (Sl 39,9; Hb 10,7). “Sempre faço o que é de seu agrado” (Jo 8,29).
Este corpo despojado cumpre a vontade do Filho e a do Pai com cada chaga, cada estremecimento de dor, cada músculo dilacerado, cada fio de sangue que corre, com todo o cansaço dos braços, com as contusões do pescoço e das costas, com a terrível dor nas têmporas. Este corpo cumpre a vontade do Pai quando é despojado de suas vestes e tratado como objeto de suplício, quando encerra em si a dor imensa da humanidade profanada. O corpo do homem é profanado de várias maneiras.
Nesta estação, devemos pensar na Mãe de Cristo, porque, junto do seu coração, nos seus olhos, entre as suas mãos, o corpo do Filho de Deus recebeu plena adoração.

Jesus, corpo santo, profanado nos teus membros vivos.
R. Kyrie, eleison.

Jesus, corpo entregue por amor, ainda dividido em teus membros.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Fac ut ardeat cor meum / in amando Christum Deum, / ut sibi complaceam.

XI Estação: Jesus é pregado na cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,25-27)
Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: “O Rei dos Judeus”. Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda.

“Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu poso contar todos os meus ossos” (Sl 21,17-18). “Posso contar...”: palavras verdadeiramente proféticas! Sabe-se este corpo é o preço de um resgate. Um grande resgate é todo este corpo: as mãos, os pés e cada osso. Todo o Homem sujeito à máxima tensão: esqueleto, músculos, sistema nervoso, cada órgão, cada célula, tudo em máxima tensão. “Quando for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32).
Eis as palavras que exprimem a plena realidade da crucificação. Faz parte dela também a tensão terrível que atravessa as mãos, os pés e todos os ossos: terrível tensão do corpo inteiro, que, pregado como um objeto às traves da Cruz, está para chegar ao extremo do aniquilamento nas convulsões da morte. E na mesma realidade da crucificação entra todo o mundo que Jesus quer atrair a si (cf. Jo 12,32). O mundo fica sujeito à gravidade do corpo, que por inércia tende para baixo.
Precisamente nesta gravidade está a Paixão do Crucificado.
“Vós sois daqui debaixo, Eu sou do alto” (Jo 8,23). Eis as suas palavras da Cruz: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34).

Cristo, crucificado pelo ódio, feito pelo amor sinal de reconciliação e de paz.
R. Christe, eleison.

Cristo, que com o sangue derramado na Cruz resgataste o homem, o mundo, o cosmo.
R. Christe, eleison.

Pai nosso...

Sancta Mater, istud agas, / crucifixi fige plagas, / cordi meo valide.

XII Estação: Jesus morre na cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,33-34.37.39)
Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte: “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. (...) Então Jesus deu um forte grito e expirou. (...) Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus!”.

Eis o mais alto, o mais sublime agir do Filho em união com o Pai. Sim, em união, na mais profunda união, precisamente quando grita: “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”, “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15,34; Mt 27,46). Este agir se exprime na verticalidade do corpo estendido ao longo da trave perpendicular da Cruz com a horizontalidade dos braços estendidos ao longo do madeiro transversal. Quem olha estes braços pode pensar com quanto esforço eles abraçam o homem e o mundo.
Abraçam.
Eis o homem. Eis o próprio Deus. “N’Ele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28). N’Ele, nestes braços estendidos ao longo da trave horizontal da Cruz.
O mistério da Redenção.
Jesus, pregado na Cruz, imobilizado nesta terrível posição, invoca o Pai (cf. Mc 15,34; Mt 27,46; Lc 23,46). Todas as suas invocações testemunham que Ele está unido ao Pai. “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30); “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9); “Meu Pai trabalha sempre, portanto também Eu trabalho” (Jo 5,17).

Filho de Deus, recorda-te de nós na hora suprema da morte.
R. Kyrie, eleison.

Filho do Pai, recorda-te de nós e renova com o teu Espírito a face da terra.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Vidit suum dulcem Natum / morientem desolatum / dum emisit spiritum.

XIII Estação: O corpo de Jesus é descido da cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,42-43.46)
Já caíra a tarde. Então, José de Arimateia, membro respeitável do Conselho, que também esperava o Reino de Deus (...) comprou um lençol de linho, desceu o corpo de Jesus da cruz e o envolveu no lençol.

No momento em que corpo de Jesus é descido da Cruz e colocado nos braços de sua Mãe, retorna diante dos nossos olhos o momento em que Maria acolheu a saudação do anjo Gabriel: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. (...) o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. (...) e o seu reino não terá fim” (Lc 1,31-33). Maria disse apenas: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38), como se desde quisesse expressar o que está vivendo neste momento.
No mistério da Redenção entrelaçam-se a Graça, isto é, o dom do próprio Deus, e “o pagamento” do coração humano. Neste mistério somos enriquecidos por um Dom do alto (cf. Tg 1,17) e, ao mesmo tempo, somos comprados pelo resgate do Filho de Deus (cf. 1Cor 6,20; 7,23; At 20,28). E Maria, que foi mais do que ninguém enriquecida de dons, paga mais ainda. Com o coração.
A este mistério está unida a maravilhosa promessa formulada por Simeão durante a apresentação de Jesus no templo: “Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma” (Lc 2,34-35).
Também isto se cumpre. Quantos corações humanos se abrem diante do coração desta Mãe que tanto pagou!
E de novo Jesus está todo inteiro nos seus braços, como esteve no presépio de Belém (cf. Lc 2,16), durante a fuga para o Egito (cf. Mt 2,14), em Nazaré (cf. Lc 2,39-40). Senhora da Piedade.

Santa Maria, Mãe de imensa piedade, contigo abrimos os braços à Vida e, suplicantes, imploramos:
R. Kyrie, eleison.

Santa Maria, Mãe e companheira do Redentor, em comunhão contigo acolhemos Cristo e, cheios de esperança, invocamos:
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Fac me vere tecum flere, / Crucifixo condolere, / donec ego vixero.

XIV Estação: O corpo de Jesus é depositado no sepulcro

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,46-47)
José de Arimateia desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol. Depois colocou-o num túmulo escavado na rocha, e rolou uma pedra à entrada do sepulcro. Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus foi colocado.

Desde o momento em que o homem, por causa do pecado, foi afastado da árvore da vida (cf. Gn 3,23-24), a terra tornou-se um cemitério. Há tantos homens como sepulcros. Um grande planeta de túmulos.
Nas proximidades do Calvário, havia um túmulo que pertencia a José de Arimateia (cf. Mt 27,60). Neste túmulo, com o consentimento de José, foi depositado o corpo de Jesus depois de descido da Cruz (cf. Mc 15,42-46 e paral.). Depositaram-no às pressas, de modo que a cerimônia terminasse antes da festa da Páscoa, que começava ao pôr do sol (cf. Jo 19,31).
Dentre todos os túmulos espalhados pelos continentes do nosso planeta, há um onde o Filho de Deus, o homem Jesus Cristo, venceu a morte com a morte. “O mors! Ero mors tua!”, “Ó morte, Eu serei a tua morte!” (1ª antífona das Vésperas do Sábado Santo). A árvore da Vida, da qual o homem foi afastado por causa do pecado, revelou-se novamente aos homens no corpo de Cristo. “Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo” (Jo 6,51).
Embora o nosso planeta seja sempre repovoado de túmulos, embora cresça o cemitério no qual o homem, tirado do pó, retorna ao pó (cf. Gn 3,19), todos os homens que olham para o túmulo de Jesus Cristo vivem na esperança da Ressurreição.

Senhor Jesus, nossa ressurreição, que no sepulcro novo destróis a morte e dás a vida.
R. Kyrie, eleison.

Senhor Jesus, nossa esperança, cujo corpo crucificado e ressuscitado é a nova árvore da vida.
R. Kyrie, eleison.

Pai nosso...

Quando corpus morietur, / fac ut animae donetur / paradisi gloria. Amen.

Discurso do Santo Padre

Ecce lignum crucis in quo salus mundi pependit. Venite adoremus!” (Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo! Vinde adoremos!). Ouvimos esta palavra na Liturgia de hoje: Eis o lenho da cruz.
É a palavra-chave da Sexta-Feira Santa. Ontem, no primeiro dia do “Triduum Sacrum”, a Quinta-Feira Santa, tínhamos ouvido: “Hoc est corpus meum, quod pro vobis tradetur”, “Eis o meu corpo que será entregue por vós”.
Hoje vemos como é que estas palavras de ontem foram realizadas: eis o Gólgota, eis o Corpo de Cristo sobre a Cruz. “Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit”.
Mistério da fé! O homem não podia imaginar este mistério, esta realidade. Só Deus a podia revelar. O homem não tem a possibilidade de dar a vida depois da morte. A morte da morte. Na ordem humana, a morte é a última palavra. A palavra que vem depois, a palavra da Ressurreição, é palavra somente de Deus e, por isso, nós celebramos com tão profundo afeto este “Triduum Sacrum”.

João Paulo II na Via Sacra de 1979, a primeira do seu pontificado

Hoje rezamos a Cristo deposto da Cruz e sepultado. O seu sepulcro foi selado. E amanhã, em todo o mundo, em todo o cosmos, em todos nós, haverá um silêncio profundo. Silêncio de espera.
Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit”. Este madeiro da morte, o lenho que levou à morte o Filho de Deus, abre o caminho para o dia que se segue: quinta-feira, sexta-feira, sábado, domingo. Domingo será Páscoa. E ouviremos as palavras da Liturgia. Hoje ouvimos: “Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit”. Salvação do mundo! Sobre a Cruz! E, depois de amanhã, cantaremos: “Surrexit de sepulchro, qui pro nobis pependit in ligno” (Ressuscitou do sepulcro, Aquele que por nós pendeu do lenho). Eis a profundidade, a simplicidade divina, deste Tríduo Pascal.
Faço votos para que vivais este Tríduo o mais profundamente possível. Estamos aqui, como em anos anteriores, ao redor do Coliseu. É um símbolo. Este Coliseu é um símbolo. Sobretudo, fala-nos dos tempos passados, daquele grande Império Romano que desmoronou. Fala-nos daqueles mártires cristãos que aqui deram o seu testemunho com a sua vida e a sua morte. É difícil encontrar um outro lugar onde o Mistério da Cruz fale mais eloquentemente do que aqui, diante deste Coliseu.
Ecce lignum Crucis in quo salus mundi pependit”. Salus mundi!
Desejo a todos vós, caríssimos irmãos e irmãs, que vivais este “Triduum Sacrum” -Quinta-Feira, Sexta-Feira, Sábado Santo, Vigília Pascal e, depois, a Páscoa - cada vez mais profundamente e que também deis testemunho dele.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Bênção Apostólica

Fonte: Santa Sé (Apresentação / Meditações / Discurso do Santo Padre) / Imagens: Wikimedia Commons.


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