São Teódoto de Ancira
Sermões
“Para a Sabedoria eterna do Pai se edificou
um templo”
Quando o rei da
glória nasceu segundo a carne, os habitantes do céu e os da terra se
estreitaram em um maravilhoso abraço. Os anjos, dirigindo do alto seu olhar
sobre a terra, viram a constelação de Jacó que avançava, e os magos, olhando
para o alto, distinguiram a estrela que brilhava sobre Belém. Os magos
encontraram na gruta o mesmo número de dons espirituais que os dons visíveis que
ofertaram, como que representando a unidade de Deus trino. Cantemos também nós
com eles, de um modo digno, nossos próprios louvores: Glória a Deus no céu, e na terra paz aos homens que Deus ama.
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque fez
maravilhas. Aquele que é o reflexo da
glória do Pai e imagem do seu ser quis assumir a natureza humana da
puríssima virgem Maria. Aquele que subsiste na mesma natureza divina do Pai, se
dignou fazer-se semelhante a nós em nossa pobreza. Gerado antes da aurora, ao final dos tempos quis ter uma mãe. Para a
Sabedoria eterna do Pai se edificou um templo, não construído por homens, no
seio da Santíssima Virgem, e habitou
entre nós, porque, como está escrito: Deus
não habita em templos construídos por mãos humanas.
Veio para ser um
de nós, ele que não abandona o seio do Pai, e é glorificado acima dos tronos
dos querubins. Somente ele, com o Espírito Santo, conhece o Pai; e ele é
conhecido unicamente pelo Pai e o Espírito Santo; e sentado sobre um trono
igual, tem idêntico poder real, goza da mesma e imensa glória em sua única
natureza, e em toda a criação encontra-se acima de todo o criado. Sendo Rei dos reis e Senhor dos senhores,
veio aos seus servos; e não há proporção
entre a culpa e o dom, somente que este transborda de tal forma da malícia,
trazendo a felicidade para a humanidade desgraçada, e repartindo, com
abundância aos culpáveis, os dons inestimáveis.
Ele é o Forte
que, submetido a nossa fragilidade, a faz surgir mais forte que a morte, e,
tomando sobre si a natureza humana caída e vencida pela culpa e a corrupção,
outorga-lhe novas energias para que possa superar toda a classe de males.
Levou sobre si a
imagem de Adão culpável, e assim nos livrou do pecado. E resumo: com seu divino
aniquilamento resgatou aos pecadores de todos os seus delitos. E assim como
reinou o pecado causando a morte, assim também reina a graça causando a
salvação e a vida eterna.
Fonte:
Lecionário Patrístico Dominical, pp. 536-537. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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