quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Deus Pai 22

A relação entre a Divina Providência e a liberdade e o destino do homem foi o tema das Catequeses nn. 36-37 de São João Paulo II sobre Deus Pai.

Para acessar a postagem introdutória às Catequeses sobre o Creio do Papa polonês, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM DEUS PAI

36. A Divina Providência e a liberdade do homem
João Paulo II - 21 de maio de 1986

1. Em nosso caminho de aprofundamento do mistério de Deus como Providência, muitas vezes nos defrontamos com esta pregunta: se Deus está presente e operante em tudo, como é possível ao homem ser livre? E sobretudo: que significado e que papel tem sua liberdade? E aquele fruto amargo do pecado, que procede de uma liberdade equivocada, como deve ser compreendido à luz da Divina Providência
Retomemos a solene afirmação do Vaticano I: “Tudo o que criou, Deus o conserva e governa com sua Providência ‘alcançando com força de uma extremidade a outra, e dispondo com suavidade todas as coisas’ (cf. Sb 8,1). Pois ‘tudo está nu e descoberto aos seus olhos’ (cf. Hb 4,13), mesmo o que há de acontecer por livre ação das criaturas” (Denzinger, n. 3003).
O mistério da Divina Providência está profundamente inscrito em toda a obra da criação. Como expressão da eterna sabedoria de Deus, o plano da Providência precede a obra da criação; como expressão do seu eterno poder, a preside e a realiza. É uma Providência transcendente, mas ao mesmo tempo imanente às coisas, a toda a realidade. Isto vale, segundo o texto do Concílio que lemos, sobretudo em relação às criaturas dotadas de inteligência e de livre vontade.

O "Olho da Providência" [1]

2. Ainda que abrangendo “fortiter et suaviter” todo o criado, a Providência abarca de modo particular as criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus, as quais possuem, por causa da liberdade que lhes foi concedida pelo Criador, a “autonomia dos seres criados”, no sentido em que a entende o Concílio Vaticano II (cf. Gaudium et spes, n. 36). No âmbito destas criaturas devem contar-se os seres criados em uma natureza puramente espiritual [os anjos], dos quais falaremos mais adiante. Eles constituem o mundo invisível. No mundo visível, objeto das particulares atenções da Divina Providência, está o homem, o qual - como ensina o Concílio Vaticano II - é “a única criatura na terra que Deus quis por si mesmo” (ibid., n. 24), e que precisamente por isto “não pode se encontrar plenamente a não ser pelo sincero dom de si mesmo” (ibid.).

3. O fato de que o mundo visível seja coroado pela criação do homem nos abre perspectivas completamente novas sobre o mistério da Divina Providência. Destaca-o a afirmação dogmática do Concílio Vaticano I, ao enfatizar que aos olhos da sabedoria e da ciência de Deus tudo permanece “descoberto”, em certo modo “desnudo”, inclusive aquilo que a criatura racional realiza por força da sua liberdade, o que será resultado de uma escolha consciente e de uma livre decisão do homem. Mesmo em relação a esta esfera a Providência Divina conserva a sua superior causalidade criadora e ordenadora. É a transcendente superioridade da Sabedoria que ama, e por amor age com força e suavidade, e é, portanto, Providência que com solicitude paternal guia, sustenta, conduz ao seu fim a própria criatura, assim ricamente dotada, respeitando a sua liberdade.

4. Neste ponto de encontro entre o eterno plano criador de Deus e a liberdade do homem, se delineia sem dúvida um mistério tão inescrutável quanto digno de adoração. O mistério consiste na relação íntima, ontológica mais que psicológica, entre a ação divina e a autodecisão humana. Sabemos que esta liberdade de decisão pertence ao dinamismo natural da criatura racional. Conhecemos também por experiência o fato da liberdade humana, autêntica ainda que ferida e débil. Quanto à sua relação com a causalidade divina, é oportuno recordar o acento posto por Santo Tomás de Aquino sobre a concepção da Providência como expressão da Sabedoria divina que ordena todas as coisas ao fim nelas inscrito: “ratio ordinis rerum in finem”, a ordenação racional das coisas ao seu fim” (cf. Summa Theologiae, I, 22, 1). Tudo o que Deus cria recebe esta finalidade - e se torna, portanto, objeto da Divina Providência (cf. ibid., I, 22, 2). No homem - criado à imagem de Deus - toda a criação visível deve aproximar-se a Deus, encontrando o caminho do seu definitivo cumprimento. A este pensamento, já expresso, entre outros, por Santo Irineu (Adversus haereses 4, 38), faz eco o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre o desenvolvimento do mundo por obra do homem (cf. Gaudium et spes, n. 7). O verdadeiro desenvolvimento - isto é, o progresso - que o homem é chamado a realizar no mundo, não deve ter apenas caráter “técnico”, mas sobretudo “ético”, para levar a cumprimento no mundo criado o reino de Deus (cf. ibid., nn. 35.43.57.62).

5. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, é a única criatura visível que o Criador “quis por si mesma” (Gaudium et spes, n. 24). No mundo, submetido à transcendente sabedoria e poder de Deus, o homem, embora tenha seu fim último em Deus, é também um ser que é fim em si mesmo: possui como pessoa uma finalidade própria (auto-teleologia), pela qual tende a autorrealizar-se. Enriquecido por um dom que é também uma missão, o homem está envolvido no mistério da Divina Providência.
Lemos no Livro do Sirácida [Eclesiástico]: “Da terra Deus criou o homem e o formou à sua imagem. (...) dando-lhe autoridade sobre tudo o que há sobre a terra. (...) Concedeu ao homem discernimento, língua, olhos, ouvidos e um coração para pensar; encheu-o de inteligência e instrução. Deu-lhe ainda o conhecimento do espírito, encheu o seu coração de bom senso e mostrou-lhe o bem e o mal. Infundiu o seu temor em seu coração, mostrando-lhe a grandeza de suas obras. (...) Concedeu-lhe ainda a instrução e entregou-lhe por herança a Lei da vida” (Eclo 17,1-2.5-7.9).

6. Dotado de tal “equipamento existencial”, o homem parte para sua viagem no mundo, começa a escrever a própria história. A Providência Divina o acompanha por todo o caminho. Lemos também no Livro do Sirácida: “o caminho dos mortais estão sempre diante d’Ele, e não podem ficar ocultos a seus olhos. (...) Todas as obras humanas estão como o sol à sua vista, e seus olhos investigam sem cessar os seus caminhos” (Eclo 17,13.16).
O salmista refere-se a esta mesma verdade com uma tocante expressão: “Se eu tomar as asas da aurora, para habitar nas extremidades do mar, também ali me alcançará tua mão, e a tua direita me segurará. (...) Conhecias plenamente a minha alma. Não ficaram escondidos de ti os meus ossos...” (Sl 138,9-10.14c-15a).

7. A Providência Divina se faz presente, portanto, na história do homem, na história do seu pensamento e da sua liberdade, na história dos corações e das consciências. No homem e com o homem a ação da Providência alcança uma dimensão “histórica”, no sentido de que segue o ritmo e se adapta às leis do desenvolvimento da natureza humana, ainda que permanecendo imutável na soberana transcendência do seu ser independente. A Providência é uma eterna Presença na história do homem: dos indivíduos e das comunidades. A história das nações e de todo o gênero humano se desenvolve sob o “olho” de Deus e sob a sua ação onipotente. Se todo o criado é “custodiado” e governado pela Providência, a autoridade de Deus, plena de solicitude paternal, comporta, em relação aos seres racionais e livres, o pleno respeito à liberdade, que é, no mundo criado, expressão da imagem e da semelhança com o mesmo Ser divino, com a mesma Liberdade divina.

8. O respeito à liberdade criada é tão essencial que Deus permite na sua Providência inclusive o pecado do homem (e dos anjos). A criatura racional, excelsa entre todas embora sempre limitada e imperfeita, pode fazer mal uso da própria liberdade, pode usá-la contra Deus, seu Criador. É um tema perturbador para a mente humana, sobre o qual o Livro do Sirácida já refletia com palavras muito profundas:
“Desde o princípio, Deus criou o homem e o entregou às mãos do seu arbítrio. Se quiseres guardar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu viverás. Diante de ti Ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. A sabedoria do Senhor é imensa, Ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem; Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou ninguém agir como ímpio, e a ninguém deu licença para pecar” (Eclo 15,14-20).

9. “Quem pode discernir os próprios erros?”, pergunta-se o salmista (Sl 18,13). Também sobre esta inaudita rejeição do homem a Providência de Deus porta a sua luz, para que aprendamos a não cometê-la.
No mundo no qual o homem foi criado como ser racional e livre, o pecado não só era uma possibilidade, mas se demonstrou também como um fato “desde o princípio”. O pecado é oposição radical a Deus, é aquilo que Deus decidida e absolutamente não quer. No entanto, Ele o permitiu criando seres livres, criando o homem; permitiu o pecado, que é consequência do mal uso da liberdade criada. A partir deste fato, conhecido pela Revelação e experimentado em suas consequências, podemos deduzir que, aos olhos da transcendente sabedoria de Deus, na perspectiva da finalidade de toda a criação, era mais importante que no mundo criado houvesse liberdade, mesmo com o risco do seu mal uso, que privar dela o mundo para excluir na raiz a possibilidade do pecado.
Se por uma parte o Deus providente permitiu o pecado, por outra, com amorosa solicitude de Pai, previu desde sempre o caminho da reparação, da redenção, da justificação, da salvação mediante o Amor. A liberdade, com efeito, está ordenada ao amor: sem liberdade não pode haver amor. E na luta entre o bem e o mal, entre o pecado e a redenção, a última palavra será do amor.

37. A Divina Providência e o destino do homem: O mistério da predestinação em Cristo
João Paulo II - 28 de maio de 1986

1. A pergunta sobre o próprio destino é muito viva no coração do homem. É uma pergunta grande, difícil, embora decisiva: “Que será de mim amanhã?”. Existe o risco de que respostas equivocadas conduzam a formas de fatalismo, de desesperação, ou também de segurança orgulhosa e cega: “Insensato! Ainda nesta noite vão tomar a tua vida”, adverte o Senhor (cf. Lc 12,20).
Precisamente aqui se manifesta a inesgotável graça da Providência Divina. É Jesus quem aporta uma luz essencial: falando da Providência Divina no Sermão da Montanha, Ele conclui com a seguinte exortação: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33; cf. também Lc 12,31). Na última catequese refletimos sobre a profunda relação que existe entre a Providência de Deus e a liberdade do homem. É precisamente ao homem, antes de tudo ao homem, criado à imagem de Deus, que se dirigem as palavras sobre o reino de Deus e sobre a necessidade de buscá-lo sobre todas as coisas.
Este vínculo entre a Providência e o mistério do reino de Deus, que deve realizar-se no mundo criado, orienta nosso pensamento sobre a verdade do destino do homem: a sua predestinação em Cristo. A predestinação do homem e do mundo em Cristo, Filho eterno do Pai, confere à doutrina sobre a Providência Divina uma decisiva característica soteriológica e escatológica. O mesmo Divino Mestre o indica em seu colóquio com Nicodemos: “De tal modo Deus amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

2. Estas palavras de Jesus constituem o núcleo da doutrina sobre a predestinação, que encontramos no ensinamento dos Apóstolos e especialmente nas Cartas de São Paulo. Lemos na Carta aos Efésios: “N’Ele [em Cristo], Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante d’Ele, no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, Ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor e glória de sua graça, com a qual nos agraciou no seu Bem-Amado” (Ef 1,4-6).
Estas luminosas afirmações explicam, de modo autêntico e autorizado, que consiste aquilo que na linguagem cristã chamamos “predestinação” (em latim, “praedestinatio”). É importante, com efeito, liberar este termo dos significados errôneos e mesmo impróprios e não essenciais introduzidos no uso comum: predestinação como sinônimo de “destino cego” (“fatum”) ou de “ira” caprichosa de qualquer divindade invejosa. Na Revelação divina a palavra “predestinação” significa a eterna eleição por parte Deus, uma eleição paternal, inteligente e positiva, uma eleição de amor.

3. Esta eleição, com a decisão na qual se traduz - isto é, o plano da criação e da redenção -, pertence à vida íntima da Santíssima Trindade: é realizada eternamente pelo Pai junto com o Filho no Espírito Santo. É uma eleição que, segundo São Paulo, precede a criação do mundo (Ef 1,4) e do homem no mundo. O homem, antes ainda de ser criado, é “eleito”, “escolhido” por Deus. Esta eleição se cumpre no Filho eterno (ibid.), isto é, no Verbo da eterna Mente. O homem é, pois, eleito no Filho à participação na sua mesma filiação por adoção divina. Esta é a essência do mistério da predestinação, que manifesta o eterno amor do Pai (vv. 4-5). Na predestinação está contida, portanto, a eterna vocação do homem à participação na própria natureza de Deus. É vocação à santidade, mediante a graça da adoção filial: “para sermos santos e íntegros diante d’Ele” (v. 4).

4. Neste sentido a predestinação precede a “fundação do mundo”, isto é, a criação, já que esta se realiza na perspectiva da predestinação do homem. Aplicando à vida divina as analogias temporais da linguagem humana, podemos dizer que Deus quer “antes” comunicar-se na sua divindade ao homem, chamado a ser sua imagem e semelhança no mundo criado; “antes” o escolhe, em seu Filho eterno e consubstancial, a participar em sua filiação (mediante a graça) e só “depois” quer a criação, quere o mundo, ao qual pertence o homem. Deste modo o mistério da predestinação entra em certo sentido “organicamente” em todo o plano da Divina Providência. A revelação deste desígnio desvela diante de nós a perspectiva do reino de Deus e nos conduz ao próprio coração deste reino, onde descobrimos a finalidade última da criação.

5. Lemos, com efeito, na Carta aos Colossenses: “Dai graças ao Pai que vos tornou dignos de participar da herança dos santos, na luz. Foi Ele que nos livrou do poder das trevas, transferindo-nos para o reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção e o perdão dos pecados” (Cl 1,12-14). O reino de Deus é, no plano eterno do Deus Uno e Trino, o reino do “Filho amado”, particularmente porque por obra sua se cumpriu “a redenção” e “o perdão dos pecados”. As palavras do Apóstolo aludem também ao “pecado” do homem. A predestinação, isto é, a adoção como ser filhos no Filho eterno, se opera, portanto, não só em relação à criação do mundo e do homem no mundo, mas em relação à redenção levada a cabo pelo Filho, Jesus Cristo. A redenção se torna expressão da Providência, isto é, do solícito governo que Deus exerce particularmente em relação às criaturas dotadas de liberdade.

6. Na Carta aos Colossenses descobrimos que a verdade da “predestinação” em Cristo está estreitamente ligada com a verdade da “criação em Cristo”. “Ele - escreve o Apóstolo - é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois é n’Ele que foram criadas todas as coisas...” (Cl 1,15-16). Assim, pois, o mundo criado em Cristo, Filho eterno, desde o princípio porta em si, como primeiro dom da Providência, o chamado, mais ainda, o dom da predestinação em Cristo, ao qual está unido, como cumprimento da salvação escatológica definitiva, e antes de tudo do homem, finalidade do mundo. “Pois Deus quis fazer habitar n’Ele toda a plenitude” (Cl 1,19). O cumprimento da finalidade do mundo, e particularmente do homem, tem lugar precisamente por obra desta plenitude que há em Cristo. Cristo é a plenitude. N’Ele se cumpre em certo sentido aquela finalidade do mundo segundo a qual a Providência Divina guarda e governa as coisas do mundo e em particular o homem no mundo, a sua vida, a sua história.

7. Compreendemos assim outro aspecto fundamental da Divina Providência: a sua finalidade salvífica. Deus, com efeito, “quere que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Nesta perspectiva, é necessário ampliar certa concepção naturalística da Providência, limitada ao bom governo da natureza física ou mesmo do comportamento moral natural. Na realidade, a Providência Divina se exprime na “conquista” das finalidades que correspondem ao plano eterno da salvação. Neste processo, graças à “plenitude” de Cristo, n’Ele e por meio d’Ele é vencido também o pecado, que se opõe essencialmente à finalidade salvífica do mundo, ao cumprimento definitivo que o mundo e o homem encontram em Deus. Falando da plenitude que habita em Cristo, o Apóstolo proclama: “Pois Deus quis fazer habitar n’Ele toda a plenitude e, por Ele, reconciliar consigo todas as coisas, estabelecendo a paz por seu sangue derramado na cruz, tanto na terra como no céu” (Cl 1,19-20).

8. No contexto destas reflexões, tomadas das Cartas de São Paulo, resulta mais compreensível a exortação de Cristo a respeito da Providência do Pai celestial que abrange todas as coisas (cf. Mt 6,23-34; Lc 12,22-31), quando diz: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33; cf. também Lc 12,31). Com este “primeiro”, Jesus pretende indicar aquilo que Deus mesmo quer “primeiro”, sua primeira intenção na criação do mundo e ao mesmo tempo o fim último do próprio mundo: “o Reino de Deus e sua justiça” (a justiça de Deus). O mundo inteiro foi criado em vista desse reino, a fim de que se realize no homem e na sua história; para que por meio desse “reino” e dessa “justiça” se cumpra aquela eterna predestinação do mundo e do homem em Cristo.

9. A esta visão paulina da predestinação corresponde o que escreve São Pedro: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, Ele nos fez nascer de novo para uma esperança viva, para uma herança que não se desfaz, não se estraga nem se altera, e que é reservada para vós nos céus. Graças à fé, e pelo poder de Deus, estais guardados para a salvação que deve revelar-se no último tempo” (1Pd 1,3-5).
Verdadeiramente “seja bendito Deus” que nos revela como a sua Providência é sua incansável e solícita intervenção para nossa salvação. Ela está infatigavelmente em ação até que alcancemos “o último tempo”, quando a “predestinação em Cristo” dos inícios se realizará definitivamente mediante “a ressurreição em Jesus Cristo”, que é “o Alfa e o Ômega” do nosso destino humano (Ap 1,8).

Ícone da Divina Providência (séc. XIX)
Além do simbolismo dos círculos, note-se a centralidade de Cristo

Nota:
[1] O olho dentro de um triângulo é o tradicional símbolo da Providência Divina (sendo o triângulo uma alusão à Trindade), com profundas raízes bíblicas e teológicas. O uso desse símbolo por outras tradições não anula o seu significado cristão.

Tradução nossa a partir do texto italiano divulgado no site da Santa Sé (21 de maio e 28 de maio de 1986).

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