No dia 22 de dezembro, no contexto da preparação próxima para o Natal do Senhor, lemos no Evangelho da Missa o cântico da Virgem Maria, o Magnificat (Lc 1,46-55). Eis a reflexão que a Igreja nos propõe no Ofício das Leituras desse dia:
São Beda, o Venerável, Presbítero
Da Exposição sobre o Evangelho de São Lucas
Magnificat
E Maria disse: A
minh’alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46-47).
O Senhor, diz ela,
elevou-me por um dom tão grande e inaudito, que nenhuma palavra o pode
descrever e mesmo no íntimo do coração é difícil compreendê-lo. Por isso dedico
todas as forças de meu ser ao louvor e à ação de graças, contemplando a
grandeza daquele que é eterno, e ofereço com alegria minha vida, tudo que sinto
e penso, porque meu espírito rejubila pela divindade eterna de Jesus, o
Salvador, que concebi e é gerado em meu seio.
O Poderoso fez
em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49).
Estas palavras se
relacionam com o início do cântico que diz: A minh’alma engrandece o
Senhor. De fato, só a alma em quem o Senhor se dignou fazer maravilhas pode
engrandecê-lo e louvá-lo dignamente e dizer, exortando os que compartilham seus
desejos e aspirações: Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos
todos juntos o seu nome (Sl 33,4).
Quem conhece o
Senhor e é negligente em proclamar sua grandeza e santificar o seu nome, será
considerado o menor no Reino dos Céus (Mt 5,19). Diz-se que santo é o
seu nome porque, pelo seu poder ilimitado, transcende toda criatura e está
infinitamente separado de todas as coisas criadas.
Acolhe Israel,
seu servidor, fiel ao seu amor (Lc 1,54).
Israel é, com
razão, denominado servidor do Senhor, porque, sendo obediente e humilde, foi
por ele acolhido para ser salvo, como diz Oséias: Quando Israel era
criança, eu já o amava (Os 11,1). Aquele que recusa humilhar-se
não pode certamente ser salvo, nem dizer com o Profeta: Quem me protege
e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta a minha vida! (Sl
53,6). Mas, quem se fizer humilde como uma criança, esse é o maior no
Reino dos Céus (cf. Mt 18,4).
Como havia prometido
a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre (Lc 1,55).
Trata-se da
descendência de Abraão segundo o espírito e não segundo a carne, isto é, não
apenas dos filhos segundo a natureza, mas de todos que seguiram o exemplo da
sua fé, fossem eles circuncidados ou incircuncisos. Pois o próprio Abraão,
ainda incircunciso, acreditou e isto lhe foi imputado como justiça.
A vinda do Salvador
foi, portanto, prometida a Abraão e a seus filhos para sempre, isto é, aos
filhos da promessa, dos quais se diz: Sendo de Cristo, sois então
descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3,29).
É com razão que,
antes do nascimento do Senhor e de João, suas mães profetizam, para que, tendo
o pecado começado pela mulher, os bens comecem igualmente por ela; e se foi
pela sedução de uma só mulher que a morte foi introduzida no mundo, agora é
pela profecia de duas mulheres que se anuncia ao mundo a salvação.
São Beda, o Venerável |
Responsório (Lc 1,48-50)
As gerações hão
de chamar-me de bendita.
R. O Poderoso
fez em mim maravilhas, e Santo é o seu nome.
Seu amor para sempre
se estende sobre aqueles que o temem.
R. O Poderoso
fez em mim maravilhas, e Santo é o seu nome.
Oração
Deus de
misericórdia, vendo o homem entregue à morte, quisestes salvá-lo pela vinda do
vosso Filho; fazei que, ao proclamar humildemente o mistério da Encarnação,
entremos em comunhão com o Redentor. Que convosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo. Amém.
Fonte: Liturgia
das Horas, vol. I, pp. 325-327.
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