quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

12ª Catequese do Papa Francisco sobre São José

Na quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022, o Papa Francisco concluiu seu ciclo de Catequeses sobre São José, iniciado em novembro de 2021, proferindo a 12ª meditação, dedicada a São José como “padroeiro da Igreja Católica” (confira no final da postagem os links para todas as Catequeses desse ciclo):

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022
São José (12): São José, Padroeiro da Igreja Católica

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje concluímos o ciclo de Catequeses sobre a figura de São José. Estas catequeses são complementares à Carta Apostólica Patris corde, escrita por ocasião dos 150 anos da proclamação de São José como Padroeiro da Igreja Católica pelo Beato Pio IX. Mas o que significa este título? O que significa que São José é “padroeiro da Igreja”? Sobre isto gostaria de refletir convosco hoje.
Também neste caso, os Evangelhos nos fornecem a interpretação mais correta. De fato, no final de cada história em que José é o protagonista, o Evangelho observa que ele toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1,24; 2,14.21). Evidencia-se assim o fato de que a tarefa de José é proteger Jesus e Maria. Ele é o seu principal guardião: «De fato, Jesus e Maria, sua Mãe, são o tesouro mais precioso da nossa fé» (Carta Apostólica Patris corde, n. 5), e este tesouro é guardado por São José.
No plano da salvação, o Filho não pode ser separado da Mãe, daquela que «avançou pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz» (Lumen gentium, 58), como nos recorda o Concílio Vaticano II.
De certa forma, Jesus, Maria e José são o núcleo primordial da Igreja.  Jesus é Homem e Deus; Maria, a primeira discípula, é a Mãe; e José, o guardião. E também nós «sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda» (Patris corde, n. 5). E aqui há um traço muito bonito da vocação cristã: guardar. Guardar a vida, guardar o desenvolvimento humano, guardar a mente humana, guardar o coração humano, guardar o trabalho humano. O cristão é - podemos dizer - como São José: deve guardar. Ser cristão não é apenas receber a fé, confessar a fé, mas guardar a vida, a própria vida, a vida dos outros, a vida da Igreja. O Filho do Altíssimo veio ao mundo numa condição de grande fragilidade. Jesus nasceu tão frágil, débil. Ele quis precisar ser defendido, protegido, cuidado. Deus confiou em José, como fez Maria, que encontrou nele o esposo que a amava e respeitava e sempre cuidou dela e do Menino.  «Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe (ibid.).
Este Menino é Aquele que dirá: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40). Portanto, cada pessoa que tem fome e sede, cada estrangeiro, cada migrante, cada pessoa sem vestuário, cada doente, cada preso é o “Menino” que José guarda. E nós somos convidados a guardar estas pessoas, estes nossos irmãos e irmãs, como fez José. É por isso que é invocado como protetor de todos os necessitados, dos exilados, dos aflitos, e também dos moribundos - falamos sobre isto na última quarta-feira. E também nós devemos aprender com José a “guardar” estes bens: amar o Menino e a sua mãe; amar os sacramentos e o povo de Deus; amar os pobres e a nossa paróquia. Cada uma destas realidades é sempre o Menino e a sua mãe (cf. Patris corde, n. 5). Devemos guardar, pois assim guardamos Jesus, como fez José.
Hoje é comum, é de todos os dias, criticar a Igreja, apontando as suas incoerências - há muitas - apontando os seus pecados, que na realidade são as nossas incoerências, os nossos pecados, pois a Igreja sempre foi um povo de pecadores que encontra a misericórdia de Deus. Perguntemo-nos se, no fundo do coração, amamos a Igreja tal como é. Povo de Deus a caminho, com muitos limites, mas com tanta vontade de servir e amar a Deus. De fato, só o amor nos torna capazes de falar plenamente a verdade de uma forma não partidária; de dizer o que está errado, mas também de reconhecer toda a bondade e santidade que estão presentes na Igreja, começando precisamente por Jesus e Maria. Amar a Igreja, guardar a Igreja e caminhar com a Igreja. Mas a Igreja não é aquele grupinho que está próximo do sacerdote e manda em todos, não. A Igreja somos todos, todos. A caminho. Guardar-nos uns aos outros, guardar-nos reciprocamente. É uma boa pergunta esta: eu, quando tenho um problema com alguém, procuro guardá-lo ou condeno-o imediatamente, falo mal dele, destruo-o? Devemos guardar, guardar sempre!
Estimados irmãos e irmãs, encorajo-vos a pedir a intercessão de São José precisamente nos momentos mais difíceis da vossa vida e das vossas comunidades. Onde os nossos erros se tornam um escândalo, peçamos a São José que nos dê coragem para dizer a verdade, para pedir perdão e recomeçar humildemente. Onde a perseguição impede que o Evangelho seja proclamado, peçamos a São José a força e a paciência para suportar abusos e sofrimentos por amor ao Evangelho. Onde quer que os meios materiais e humanos sejam escassos e nos façam experimentar a pobreza, especialmente quando somos chamados a servir os últimos, os indefesos, os órfãos, os doentes, os descartados da sociedade, rezemos a São José para que seja Providência para nós. Quantos santos se dirigiram a ele! Quantas pessoas na história da Igreja encontraram nele um padroeiro, um guardião, um pai!
Imitemos o seu exemplo e por esta razão, todos juntos, rezemos hoje; rezemos a São José com a oração com a qual conclui a Carta Patris corde, confiando-lhe as nossas intenções e, de uma forma especial, a Igreja que sofre e está na provação. E assim, juntos, podemos rezar a São José:

Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem.
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém.


Fonte: Santa Sé.

Links para as Catequeses anteriores do ciclo sobre São José:

1 - São José e o ambiente em que viveu (17 de novembro de 2021)
4 - São José, homem do silêncio (15 de dezembro)
6 - São José, pai putativo de Jesus (05 de janeiro de 2022)
7 - São José, o carpinteiro (12 de janeiro)
8 - São José, pai na ternura (19 de janeiro)
9 - São José, homem que sonha (26 de janeiro)
11 - São José, padroeiro da boa morte (09 de fevereiro)

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