São Basílio Magno
Sobre o Espírito Santo
Ele é designado por nomes que designam como
nos comunica a graça
Ao confessar a
graça que por Ele (Cristo) se realizou em nós, acaso lhe rebaixamos a glória?
Ou seria mais verdadeiro dizer que narrar seus benefícios é o argumento
apropriado ao louvor? Por este motivo descobrimos que a Escritura não
apresenta-nos o Senhor com um só nome, nem escolheu somente os que denotam sua
divindade e grandeza, mas que utiliza as características da natureza; porque
sabe que o nome do Filho é o que está acima de todo nome, e o chama Filho
verdadeiro, Deus unigênito, Poder, Sabedoria e Verbo de Deus.
E também, pela
múltipla maneira de como nos comunica a graça, que por sua bondade distribui
àqueles que a necessitam segundo a riqueza de sua sabedoria, Ele é designado
com outras inumeráveis expressões: algumas vezes é chamado pastor, outras de
rei, médico, esposo, caminho, porta, fonte, pão, machado e pedra.
Como disse
antes, estas denominações não determinam a natureza, mas a variedade de sua
obra; porque, com suas entranhas de bondade por sua própria criatura, a
distribui àqueles que a pedem, conforme a particular necessidade de cada um.
Para quem se refugiou sob a sua guarda, e tem orientado sua generosidade
mediante a paciência, Ele os chama ovelhas; e confessa ser Ele mesmo o pastor
dos que escutam a sua voz, e não prestam atenção a doutrinas estranhas. Pois diz:
Minhas ovelhas ouvem a minha voz. É
rei dos que já se elevaram, e que necessitam de uma lei que os guarde. Também é
porta, enquanto conduz às ações virtuosas mediante a retidão de seus mandatos,
e também porque acolhe quem a Ele se refugia pela fé, para dar-lhes a segurança
no dom do conhecimento. Daí que, se
alguém entra por mim, entrará e sairá e encontrará pastagem. É pedra,
porque é para os fiéis proteção vigorosa que não esmorece, e mais resistente
que qualquer fortaleza.
Em torno a estas
expressões se usa “por meio dele” de modo mais apropriado e claro quando se
fala dele como porta e como caminho. Mas enquanto Deus e Filho tem a mesma
glória que o Pai, porque ao nome de Jesus
todo joelho se dobre nos céus, sobre a terra e embaixo da terra, e toda língua
reconheça que Jesus Cristo é Senhor para a glória do Pai. Por este motivo
usamos as duas expressões: com uma proclamamos sua própria dignidade, com a
outra sua graça em nosso favor.
Porque por meio
dele provém todo o auxílio às almas, e para cada tipo de apoio se concebe
alguma denominação apropriada. Quando une a si a alma incontaminada, que não
tem mancha nem ruga, como a uma casta virgem, é chamado esposo; quando a acolhe
maltratada pelos malvados golpes do diabo, e a cura da grave debilidade de seus
pecados, é nomeado médico. Acaso estes cuidados que tem de nós nos levam a
senti-lo inferior? Ou terão efeito contrário, ou seja, fazer-nos admirar o
grande poder e o amor de nosso Salvador pelos homens, já que Ele quis partilhar
nossas debilidades e abaixar-se à nossa fraqueza?
Porque o céu e a
terra, a imensidão dos mares, os animais que habitam nas águas ou na terra, as
plantas, os astros, o ar, as estações, e todo o ornato do universo não podem
todos juntos provar a excelência de seu poder, como o fato de que Deus, o
imenso, de modo impassível tenha capacidade de deixar-se atar da morte por meio
da carne, para conceder-nos como dom a impassibilidade através de sua própria
Paixão. Pois o Apóstolo disse: Em todas
estas coisas vencemos por Aquele que nos amou.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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