segunda-feira, 8 de maio de 2017

Homilia: IV Domingo de Páscoa - Ano A

São Clemente de Alexandria
O Pedagogo
 O rebanho necessita do Pastor

As pessoas em bom estado de saúde não necessitam de médico, ao menos enquanto estão bem; os enfermos, ao contrário, necessitam de sua arte. Da mesma forma, nós que nesta vida estamos enfermos, oprimidos pelos desejos vergonhosos de intemperança condenável, de todas as outras desordens de nossas paixões, necessitamos do Salvador. Ele nos aplica doces medicamentos, mas também remédios amargos: as raízes amargas do temor detêm as úlceras do pecado. Eis porque o temor, embora seja amargo, é saudável.
Por isso nós, os enfermos, necessitamos do Salvador; extraviados, daquele que nos guie; cegos, daquele que nos ilumine; sedentos, da fonte de água viva; e aqueles que bebem dela nunca mais terão sede; mortos, necessitamos da vida; o rebanho, do Pastor; as crianças, do Pedagogo; e toda a humanidade necessita de Jesus: por receio que, sem guia e sendo pecadores, caiamos na condenação final. É necessário, ao contrário, que sejamos separados da palha e empilhados no celeiro do Pai. A pá está na mão do Senhor, e com ela separa o trigo do joio destinado ao fogo.
Se quisermos, podemos compreender a profunda sabedoria do santo Pastor e Pedagogo, o onipotente Verbo do Pai, quando, servindo-se da alegoria, proclama-se pastor do rebanho; Ele é também o pedagogo dos pequeninos.
É assim que Ele aborda amplamente, através de Ezequiel, aos anciãos, e que lhes dá o exemplo salutar de uma solicitude esmerada: Cuidarei do que está ferido, e curarei o que está fraco, trarei de volta os que se extraviaram, e os apascentarei eu mesmo no meu santo nome. Tal é a promessa de um bom pastor. Apascenta as tuas criaturas como a um rebanho!
Sim, Senhor, sacia-nos; dá-nos com abundância o pasto de tua justiça; sim, Pedagogo, conduz-nos até o teu santo monte, até a tua Igreja, a que está colocada no alto, acima das nuvens, que toca os céus! E eu serei, diz Ele, seu Pastor, e estarei perto deles, como a túnica de sua pele. Ele quer salvar a minha carne, revestindo-a com a túnica da incorruptibilidade, e ungiu a minha pele.
Eles me chamarão, diz o Senhor, e Eu lhes direi: Aqui estou. Me escutas muito antes do que eu esperava, Senhor. Se cruzarem as águas, não resvalarão, diz o Senhor. De fato, não cairemos na corrupção, os que cruzamos até a incorruptibilidade, porque Ele nos sustentará. Ele disse e quis.
Assim é nosso Pedagogo: realmente bom. Não vim, disse Ele, para ser servido, mas para servir. Por isso o Evangelho o revela fatigado: se fadiga por nós e prometeu dar sua vida como resgate por muitos.
Somente o bom pastor – acrescenta – se comporta assim. Que grande benfeitor; entrega por nós o que tem de melhor: sua vida! Que grande benfeitor e amigo do homem, aquele que, sendo Senhor, quis ser seu irmão! E sua bondade chegou a tal extremo, que morreu por nós.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 99-100. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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