Viagem Apostólica do Papa Francisco à Tailândia e Japão
Santa
Missa com os Jovens
Homilia
do Santo Padre
Catedral
da Assunção em Bangkok
Sexta-feira,
22 de novembro de 2019
Vamos ao encontro de Cristo Senhor, que
vem! O Evangelho, que acabamos de ouvir (Mt 25,1-13), convida
a pormo-nos em movimento com o olhar fixo no futuro, para nos encontrarmos com
o mais belo dom que nos reserva: a vinda definitiva de Cristo à nossa vida e ao
nosso mundo. Demos-Lhe as boas-vindas ao nosso meio, com imensa alegria e amor
como só vós, jovens, sabeis fazer! Sabemos que, antes de sairmos à sua procura,
já o Senhor nos procurava; vem ao nosso encontro e chama-nos a partir da
história que é necessário construir, criar, inventar. Vamos com alegria, porque
sabemos que Ele nos espera lá.
O Senhor sabe que através de vós,
jovens, entra o futuro nestas terras e no mundo, e conta convosco para
continuar hoje a sua missão (cf. Christus vivit, 174). Assim como Deus tinha
um plano para o povo escolhido, também tem um plano para cada um de vós. Ele é
o primeiro a sonhar em convidar-nos a todos para um banquete que devemos
preparar juntos, Ele e nós, como comunidade: o banquete do seu Reino, do qual
ninguém deveria ser excluído.
O Evangelho de hoje fala-nos de dez
jovens convidadas a olhar para o futuro e participar na festa do Senhor. O
problema é que algumas delas não estavam preparadas para O receber; não porque
adormeceram, mas porque lhes faltou o azeite necessário, o combustível interno
para manter aceso o fogo do amor. Com grande entusiasmo e motivação, queriam
tomar parte na chamada e convocação do Mestre, mas, com o tempo, as forças e os
anseios foram-se amortecendo, apagando, e chegaram tarde. É uma parábola
daquilo que pode acontecer connosco, os cristãos, quando ouvimos, cheios de
entusiasmo e decisão, a chamada do Senhor para tomar parte no seu Reino e
partilhar a sua alegria com os outros. Mas com frequência, perante os problemas
e obstáculos que muitas vezes são tantos (como cada um de vós bem sabe, no seu
coração), perante o sofrimento de pessoas queridas ou a impotência sentida face
a situações que parecem impossíveis de ser alteradas, então a desconfiança e a
amargura podem ganhar espaço e infiltrar-se silenciosamente nos nossos sonhos,
fazendo com que se resfrie o coração, percamos a alegria, e cheguemos tarde.
Por isso, gostaria de vos perguntar:
Quereis manter vivo o fogo que vos pode iluminar no meio da noite e no meio das
dificuldades? Quereis preparar-vos para responder à chamada do Senhor? Quereis
estar prontos para cumprir a sua vontade?
Como obter o azeite que possa
manter-vos em movimento e encorajar-vos a buscar o Senhor em todas as
situações?
Sois herdeiros duma magnífica história
de evangelização, que vos foi transmitida como um tesouro sagrado. Esta bela
Catedral é testemunha da fé em Jesus Cristo que tiveram os vossos antepassados:
a sua fidelidade, profundamente arraigada, impeliu-os a cumprir boas obras, a
construir o outro templo ainda mais esplêndido, composto de pedras vivas para
poder levar o amor misericordioso de Deus às a todas as
pessoas do seu tempo. E conseguiram fazê-lo, porque estavam convencidos daquilo
que o profeta Oseias diz na primeira Leitura de hoje: Deus falara-lhes com
ternura, abraçara-os com um amor forte, para sempre (cf. Os 2,16.21-22).
Queridos amigos, para que o fogo do
Espírito Santo não se apague e possais manter despertos o olhar e o coração, é
necessário estar arraigados na fé dos mais velhos: pais, avós, professores. Não
para ficar prisioneiros do passado, mas para aprender a ter a mesma coragem,
capaz de nos ajudar a responder às novas situações históricas. A vida deles
resistiu a muitas provações e sofrimentos. Mas descobriram, ao longo do
caminho, que o segredo dum coração feliz é a segurança que encontramos quando
estamos ancorados, enraizados em Jesus: na sua vida, nas suas palavras, na sua
morte e ressurreição.
«Já me aconteceu ver árvores jovens,
belas, que elevavam seus ramos sempre mais alto para o céu; pareciam uma canção
de esperança. Mais tarde, depois duma tempestade, encontrei-as caídas, sem
vida. Estenderam os seus ramos sem se enraizar bem na terra e, por ter poucas
raízes, sucumbiram aos assaltos da natureza. Por isso, custa-me ver que alguns
propõem aos jovens construir um futuro sem raízes, como se o mundo começasse
agora. Com efeito, é impossível uma pessoa crescer, se não possui raízes fortes
que a ajudem a estar firme de pé e agarrada à terra. [Moços e moças, é muito] fácil
extraviar-se, quando não temos onde agarrar-nos, onde firmar-nos» (Christus vivit, 179).
Sem este sentido forte de enraizamento,
podemos ficar perplexos com as «vozes» deste mundo que reclamam a nossa
atenção. Muitas delas são atraentes, propostas bem confecionadas, que
inicialmente parecem bonitas e intensas, mas, com o passar do tempo, acabam por
deixar apenas o vazio, o cansaço, a solidão e a frustração (cf. ibid., 277), e vão
apagando aquela centelha de vida que um dia o Senhor acendeu em cada um de nós.
Queridos jovens, sois uma nova geração,
com novas esperanças, sonhos e interrogativos; seguramente também com algumas
dúvidas, mas, enraizados em Cristo, convido-vos a manter viva a alegria e a não
ter medo de olhar para o futuro com confiança. Arraigados em Cristo, olhai com
alegria, olhai com e confiança. Esta condição nasce da certeza
de se saber procurado, encontrado e amado infinitamente pelo Senhor. A amizade
cultivada com Jesus é o azeite necessário para iluminar o caminho; não só o
vosso caminho, mas também o de todas as pessoas que vos rodeiam: amigos,
vizinhos, colegas de estudo e trabalho, mesmo o caminho de quantos estão em
total desacordo convosco.
Vamos ao encontro de Cristo Senhor, que
vem! Não tenhais medo do futuro nem vos
deixeis aviltar; pelo contrário, sabei que lá no futuro está à vossa espera o
Senhor para preparar e celebrar a festa do seu Reino.
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