Durante a 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que
está acontecendo do dia 01 ao dia 10 de maio junto ao Santuário Nacional de
Aparecida, Dom Armando Bucciol, Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e
Presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, tomou a palavra durante a
Coletiva de Imprensa do 2º dia da Assembleia (02 de maio).
A intervenção de Dom Armando (20min53s a 28min30s do vídeo
abaixo) tratou da conclusão do processo de tradução da 3ª edição do Missal
Romano realizada pela CETEL (Comissão Episcopal para a Tradução dos Textos
Litúrgicos).
A 3ª edição do Missal, livro que contém as orações para a
celebração da Missa, foi publicada em sua forma típica (em latim) no ano de
2002 e revista em 2008. Atualmente utilizamos no Brasil a 2ª edição, que foi
publicada em 1975 e traduzida em 1991.
Segundo Dom Armando foram cerca de 12 anos de trabalho para
a tradução desta 3ª edição. A última etapa de tradução, apresentada aos Bispos
durante esta Assembleia Geral, foram as orações das Missas votivas e dos fiéis
defuntos.
Esta tradução será ainda encaminhada a um grupo de
especialistas, tanto em Liturgia quanto em linguagem, para uma revisão, antes
de ser enviada à Santa Sé, especificamente à Congregação para o Culto Divino e
a Disciplina dos Sacramentos para ulteriores correções, até que o texto seja
definitivamente aprovado.
Dom Armando recordou que a Liturgia é uma das fontes da fé
da Igreja. Portanto, nesta tradução buscou-se a fidelidade à doutrina, sem
interpretações ligadas à chamada “teologia da libertação” ou à “teologia da
prosperidade” (ao menos assim esperamos).
“A teologia da Liturgia fundamenta, ilumina, sustenta,
proclama e canta a santidade de Deus e o amor de Deus para com a humanidade, e
suscita o amor fiel e o testemunho coerente dos cristãos”, sintetizou Dom
Armando, assegurando que se buscou um equilíbrio entre a fidelidade ao texto
original em latim e ao mesmo tempo uma linguagem mais próxima à compreensão do
povo.
Com esta Assembleia, encerra-se o mandato de Dom Armando
frente à Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB. Ele permaneceu durante
dois mandatos de quatro anos cada, não podendo agora ser reeleito segundo os
Estatutos da Conferência. Agradecemos Dom Armando por seu trabalho em prol da
Liturgia e rezemos a Deus para que o novo Bispo Referencial herde dele sua
fidelidade e seu equilíbrio.
* * *
Na segunda parte da Coletiva de Imprensa, Dom Armando
respondeu ainda uma pergunta de uma das jornalistas presentes (29min55s a 35min26s
do vídeo abaixo) acerca dos supostos fenômenos do “repouso no Espírito” e da “oração
em línguas” em “Missas de cura e libertação”.
Dom Armando, com toda sabedoria e simplicidade, recordou que
a presença de Deus se dá no silêncio: “Me incomoda, me questiona, e eu questiono:
é algo que vem do Espírito ou da mente humana? Porque nós confundimos às vezes.
Precisa de um grande discernimento na Igreja, feito com responsabilidade (...)
Até que ponto nós estamos em sintonia, de acordo com a mensagem cristã, ou se
por acaso não estamos introduzindo elementos de, vamos dizer, doença mental, de
problemas”.
Prudência, sobriedade e avaliação foram as três
palavras-chaves usadas pelo Bispo. Além disso, Dom Darci José Nicioli,
Arcebispo de Diamantina (MG) e Dom Pedro Cipollini, Bispo de Santo André (SP),
que também estavam presentes na Coletiva, reforçaram que “devemos promover o
Pentecostes, e não Babel. É a linguagem do amor que promove a harmonia e a
comunhão, a cultura do encontro”.
* * *
Apesar de não ter sido mencionado na Coletiva, gostaríamos
de acrescentar em nome deste blog, no que se refere às assim chamadas “Missas
de cura e libertação”, que existe um documento da Congregação para a Doutrina
da Fé, publicado no ano 2000 e assinado por ninguém menos que o então Cardeal
Joseph Ratzinger, sobre as “Orações para alcançar de Deus a cura”. Aprofundaremos
este documento em uma postagem própria, uma vez que ele toca diretamente a
Liturgia.
Confira o vídeo da Coletiva de Imprensa na íntegra:
As chamadas "missas de cura e libertação" estão certas ou erradas ao serem mencionadas de tal modo ? Tratando então de como se fosse uma "missa diferente" das demais, já que toda missa como sacrifício de Cristo nos cura e liberta, assim como o foi em cruz no calvario ?
ResponderExcluirVamos aprofundar este tema em uma postagem sobre o documento sobre "As orações para alcançar de Deus a cura". Mas adianto que o termo "Missa de cura e libertação" é completamente estranho à tradição cristã. Cito apenas o artigo 7 do documento: "Salvas as funções para os doentes previstas nos livros litúrgicos, não devem inserir-se orações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, na celebração da Santíssima Eucaristia, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas".
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