segunda-feira, 6 de maio de 2019

Dom Armando Bucciol fala sobre a tradução do Missal

Durante a 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que está acontecendo do dia 01 ao dia 10 de maio junto ao Santuário Nacional de Aparecida, Dom Armando Bucciol, Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e Presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, tomou a palavra durante a Coletiva de Imprensa do 2º dia da Assembleia (02 de maio).

A intervenção de Dom Armando (20min53s a 28min30s do vídeo abaixo) tratou da conclusão do processo de tradução da 3ª edição do Missal Romano realizada pela CETEL (Comissão Episcopal para a Tradução dos Textos Litúrgicos).


A 3ª edição do Missal, livro que contém as orações para a celebração da Missa, foi publicada em sua forma típica (em latim) no ano de 2002 e revista em 2008. Atualmente utilizamos no Brasil a 2ª edição, que foi publicada em 1975 e traduzida em 1991.

Segundo Dom Armando foram cerca de 12 anos de trabalho para a tradução desta 3ª edição. A última etapa de tradução, apresentada aos Bispos durante esta Assembleia Geral, foram as orações das Missas votivas e dos fiéis defuntos.

Esta tradução será ainda encaminhada a um grupo de especialistas, tanto em Liturgia quanto em linguagem, para uma revisão, antes de ser enviada à Santa Sé, especificamente à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos para ulteriores correções, até que o texto seja definitivamente aprovado.


Dom Armando recordou que a Liturgia é uma das fontes da fé da Igreja. Portanto, nesta tradução buscou-se a fidelidade à doutrina, sem interpretações ligadas à chamada “teologia da libertação” ou à “teologia da prosperidade” (ao menos assim esperamos).

“A teologia da Liturgia fundamenta, ilumina, sustenta, proclama e canta a santidade de Deus e o amor de Deus para com a humanidade, e suscita o amor fiel e o testemunho coerente dos cristãos”, sintetizou Dom Armando, assegurando que se buscou um equilíbrio entre a fidelidade ao texto original em latim e ao mesmo tempo uma linguagem mais próxima à compreensão do povo.

Com esta Assembleia, encerra-se o mandato de Dom Armando frente à Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB. Ele permaneceu durante dois mandatos de quatro anos cada, não podendo agora ser reeleito segundo os Estatutos da Conferência. Agradecemos Dom Armando por seu trabalho em prol da Liturgia e rezemos a Deus para que o novo Bispo Referencial herde dele sua fidelidade e seu equilíbrio.

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Na segunda parte da Coletiva de Imprensa, Dom Armando respondeu ainda uma pergunta de uma das jornalistas presentes (29min55s a 35min26s do vídeo abaixo) acerca dos supostos fenômenos do “repouso no Espírito” e da “oração em línguas” em “Missas de cura e libertação”.

Dom Armando, com toda sabedoria e simplicidade, recordou que a presença de Deus se dá no silêncio: “Me incomoda, me questiona, e eu questiono: é algo que vem do Espírito ou da mente humana? Porque nós confundimos às vezes. Precisa de um grande discernimento na Igreja, feito com responsabilidade (...) Até que ponto nós estamos em sintonia, de acordo com a mensagem cristã, ou se por acaso não estamos introduzindo elementos de, vamos dizer, doença mental, de problemas”.


Prudência, sobriedade e avaliação foram as três palavras-chaves usadas pelo Bispo. Além disso, Dom Darci José Nicioli, Arcebispo de Diamantina (MG) e Dom Pedro Cipollini, Bispo de Santo André (SP), que também estavam presentes na Coletiva, reforçaram que “devemos promover o Pentecostes, e não Babel. É a linguagem do amor que promove a harmonia e a comunhão, a cultura do encontro”.

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Apesar de não ter sido mencionado na Coletiva, gostaríamos de acrescentar em nome deste blog, no que se refere às assim chamadas “Missas de cura e libertação”, que existe um documento da Congregação para a Doutrina da Fé, publicado no ano 2000 e assinado por ninguém menos que o então Cardeal Joseph Ratzinger, sobre as “Orações para alcançar de Deus a cura”. Aprofundaremos este documento em uma postagem própria, uma vez que ele toca diretamente a Liturgia.


Confira o vídeo da Coletiva de Imprensa na íntegra:


Para ler sobre a intervenção de Dom Armando na Assembleia de 2018, "Ninguém na Igreja é dono da Liturgia", clique aqui.

[Atualização: No dia 08 de maio, Dom Edmar Peron foi eleito Presidente da Comissão para a Liturgia para o quadriênio 2019-2023. Saiba mais aqui.]

2 comentários:

  1. As chamadas "missas de cura e libertação" estão certas ou erradas ao serem mencionadas de tal modo ? Tratando então de como se fosse uma "missa diferente" das demais, já que toda missa como sacrifício de Cristo nos cura e liberta, assim como o foi em cruz no calvario ?

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    1. Vamos aprofundar este tema em uma postagem sobre o documento sobre "As orações para alcançar de Deus a cura". Mas adianto que o termo "Missa de cura e libertação" é completamente estranho à tradição cristã. Cito apenas o artigo 7 do documento: "Salvas as funções para os doentes previstas nos livros litúrgicos, não devem inserir-se orações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, na celebração da Santíssima Eucaristia, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas".

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