quarta-feira, 22 de maio de 2019

Regina Coeli do Papa: V Domingo da Páscoa - Ano C

Papa Francisco
Regina Coeli
V Domingo da Páscoa, 19 de maio de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje nos conduz ao Cenáculo para nos fazer escutar algumas das palavras que Jesus dirigiu aos discípulos no “discurso de despedida” antes da sua Paixão. Depois de ter lavado os pés dos Doze, Ele lhes diz: «Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13,34). Mas em que sentido Jesus chama “novo” esse mandamento? Porque sabemos que já no Antigo Testamento Deus havia ordenado aos membros do seu povo a amar o próximo como a si mesmos (cf. Lv 19,18). O próprio Jesus, a quem que lhe perguntava qual era o maior mandamento da Lei, respondia que o primeiro é amar a Deus com todo o coração e o segundo amar o próximo como a si mesmo (cf. Mt 22, 38-39).
Então, qual é a novidade deste mandamento que Jesus confia aos seus discípulos? Por que o chama “mandamento novo”? O antigo mandamento do amor tornou-se novo porque foi completado com este acréscimo: «Como eu vos amei». A novidade está toda no amor de Jesus Cristo, com o qual Ele deu a vida por nós. Trata-se do amor de Deus, universal, sem condições e sem limites, que encontra o ápice sobre a cruz. Naquele momento de extremo rebaixamento, naquele momento de abandono ao Pai, o Filho de Deus mostrou e deu ao mundo a plenitude do amor. Repensando a Paixão e a agonia de Cristo, os discípulos compreenderam o significado daquelas suas palavras: «Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros».
Jesus nos amou por primeiro, nos amou apesar de nossas fragilidades, de nossas limitações e de nossas fraquezas humanas. Ele fez com que nos tornássemos dignos do seu amor que não conhece limites e não acaba nunca. Dando-nos o mandamento novo, Ele nos pede para amarmo-nos não apenas com o nosso amor, mas com o seu, que o Espírito Santo infunde em nossos corações se o invocamos com fé. Deste modo - e somente assim – nós podemos amarmo-nos não apenas como amamos a nós mesmos, mas como Ele nos amou, isto é, imensamente mais. Deus, de fato, nos ama muito mais do que amamos a nós mesmos. E assim podemos difundir por toda parte a semente do amor que renova as relações entre as pessoas e abre horizontes de esperança. Jesus sempre abre horizontes de esperança, o seu amor abre horizontes de esperança. Este amor nos torna homens novos, irmãos e irmãs no Senhor, e faz de nós o novo Povo de Deus, isto é, a Igreja, na qual todos são chamados a amar a Cristo e n’Ele a amar uns aos outros.
O amor que se manifestou na cruz de Cristo e com o qual Ele nos chama a viver é a única força que transforma nosso coração de pedra em um coração de carne; a única força capaz de transformar nosso coração é o amor de Jesus, se nós também amarmos com este amor. E este amor nos torna capazes de amar os inimigos e perdoar quem nos ofendeu. Eu vos faço uma pergunta, cada um responda no seu coração. Eu sou capaz de amar os meus inimigos? Todos temos pessoas, não sei se são inimigos, mas que não se dão bem conosco, que estão “do outro lado”; ou alguém tem pessoas que os fizeram mal… Eu sou capaz de amar essas pessoas? Aquele homem, aquela mulher que me fez mal, que me ofendeu? Sou capaz de perdoá-lo? Cada um responda no seu coração. O amor de Jesus nos faz ver o outro como membro atual ou futuro da comunidade dos amigos de Jesus; nos estimula ao diálogo e nos ajuda a ouvir e nos conhecer reciprocamente. O amor nos abre para o outro, tornando-se a base das relações humanas. Nos torna capazes de superar as barreiras de nossas próprias fraquezas e preconceitos. O amor de Jesus em nós cria pontes, ensina novos caminhos, desencadeia o dinamismo da fraternidade. A Virgem Maria nos ajude, com sua materna intercessão, a acolher de seu Filho Jesus o dom do seu mandamento, e do Espírito Santo a força de praticá-lo na vida de cada dia.


Tradução livre do original italiano.

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