Durante a última Assembleia Geral da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), o Irmão Fernando Vieira, jesuíta, Assessor para
a Música Litúrgica da Comissão de Liturgia da CNBB, apresentou uma breve
reflexão sobre o sentido e a importância da música litúrgica:
Em que o canto
litúrgico pode colaborar para os fiéis participarem bem das celebrações?
Em níveis de atuação:
1) Quando texto e música correspondem àquilo que se está
celebrando, ou seja, ao mistério pascal que se celebra naquele dia, Domingo,
Festa ou Solenidade;
2) Quando os ministros da música favorecem a participação da
assembleia, animando-a, e fazendo com que ela cante nos momentos
correspondentes. Ex.: partes que são próprias da assembleia: respostas ao Ato
Penitencial, Hino de Louvor, Santo, Aclamações, refrões dos cantos ou hinos,
refrões dos Salmos, respostas às ladainhas ou preces e ao Cordeiro de Deus.
3) Quando o clima celebrativo permite que a assembleia se
reconheça como povo celebrante em que se percebem que diversos ministros atuam
naquela assembleia, sem que nenhum deles apareça mais do que o próprio
mistério. Que os presidentes das celebrações e os músicos e cantores não sejam
protagonistas. É necessário reconhecer que os espaços celebrativos são
ambientes orantes em que se reúne ali uma assembleia de batizados.
O que as equipes de
canto e liturgia das paróquias e comunidades precisam observar para exercerem
bem o seu ministério?
Em níveis de reconhecimento e atuação:
1) A natureza da Liturgia: participativa, em que todos
tenham plena consciência dessa participação, sendo ela ativa, frutuosa,
cointerna, externa.
2) Escolhendo bom repertório que permita até as pessoas mais
simples cantarem, mesmo que seja pelo menos nos refrões ou nas respostas
curtas. O canto e música não podem ser um elemento rebuscado na celebração ou
alheio ao alcance das assembleias. Temos vários exemplos de grandes coros
musicais e bandas ou conjuntos que não permitem que as assembleias participem
do canto e da música nas horas previstas. É preciso cautela, cuidado e formação ao se aceitar esse tipo de atuação.
3) Exige preparação remota e imediata, além de se incentivar
o bem celebrar, respeitando e conhecendo os ritos, as ações simbólico-rituais e
permitir que elas sejam acompanhadas com canto, ou, quando são o canto é o
próprio rito, permitir que a assembleia reconheça no canto o próprio rito. Uma
coisa é cantar o canto de abertura, que acompanha o rito de entrada dos
ministros; outra coisa é cantar o Hino de louvor, que é o próprio rito. Antes
de tudo, as equipes devem estudar os livros rituais, estudar a música, o texto,
a poesia e saber dosar aquilo que é essencial tanto para o grupo de cantores
como para a assembleia, mantendo-se um equilíbrio entre a coesão entre canto e
rito e uma certa sensatez ou sensibilidade entre o que se vai oferecer para a
assembleia naquela celebração. O canto deve ser capaz de ser expressado por
todos e não por uma minoria.
Como é a experiência
de animar o canto litúrgico nos momentos celebrativos da Assembleia Geral?
A palavra animar sofreu seu desgaste natural conforme o
tempo, mas procuramos, de certa forma, conduzir o canto, mantendo a afinação,
respeitando a melodia criada, os tempos de pausa e silencia, e, sobretudo,
permitindo que a assembleia, dentre ela os bispos ali presentes, cantem
conosco. Nosso papel e de condutor do que existe de mais sublime na liturgia,
que é o canto e a música. Portanto, agimos em nome da assembleia que quer seu
papel reconhecido na unidade das vozes, dando a ela vez e oportunidade para
exercer bem seu papel de batizados. Além disso, temos a responsabilidade de
escolher e sugerir antecipadamente nos momentos oportunos um dosado repertório
para as diversas celebrações, seja a Liturgia das Horas, seja a Eucaristia,
sejam outras formas de oração ou outros momentos da Liturgia da Igreja.
Fonte: CNBB
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