Orígenes
Exortação ao martírio
“Os
que são companheiros de Cristo no sofrimento, também o são no bom consolo”
Se passamos da morte para a vida, ao
passar da infidelidade à fé, não estranhemos que o mundo nos odeie. Pois quem
não passou ainda da morte para a vida, mas permanece na morte, não pode amar
aos que saíram das trevas e entraram, por assim dizer, nesta mansão da luz
edificada com pedras vivas.
Jesus deu a sua vida por nós; demos também
nossa vida, não digo por ele, mas por nós mesmos e, me atreveria a dizê-lo, por
aqueles que vão sentir-se encorajados por nosso martírio.
Chegou, ó
cristãos, o tempo de gloriar-nos. Pois a Escritura disse: Nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a
constância, a constância a virtude provada, a virtude a esperança e a esperança
não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações com o
Espírito Santo que nos foi dado.
Se os sofrimentos de Cristo crescem em nós,
graças a Cristo cresce também nosso consolo; aceitemos, pois, com grande
alegria os padecimentos de Cristo, e que se multipliquem em nós, se realmente
almejamos um consolo abundante, como o obterão todos aqueles que choram. Porém,
este consolo tranquilamente irá superar os sofrimentos, já que, se houvesse uma
exata proporção, não estaria escrito: Se
os sofrimentos de Cristo crescem em nós, graças a Cristo cresce também nosso
consolo.
Os que são
solidários partícipes nos sofrimentos de Cristo participarão também, de acordo
com o seu grau de participação, em sua consolação. Este é o pensamento de
Paulo, que afirma com toda a confiança: Se
sois companheiros no sofrimento, também o sois na boa consolação.
Deus também
disse pelo profeta: No tempo da graça lhe
respondi, lhe auxiliei no dia da salvação. Que tempo pode ser mais
favorável do que o momento no qual, por nossa fé em Deus por Cristo, somos
escoltados solenemente ao martírio, mas como triunfadores e não como vencidos?
Os mártires de
Cristo, com seu poder, derrotam aos principados e potestades e triunfam sobre
eles, para que, ao serem participantes de seus sofrimentos, tenham também parte
no que ele alcançou por meio de sua fortaleza nos sofrimentos.
Portanto, o dia
da salvação não é outro que aquele em que desta forma partis deste mundo.
Porém, eu vos
rogo: Para não ridicularizar nosso
ministério, nunca deis a ninguém motivo de escândalo; ao contrário, dai
continuamente prova de que sois ministros de Deus com o muito que passais: E
agora, Senhor, que esperança me resta? Tu és a minha confiança.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 597-598. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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