terça-feira, 9 de abril de 2019

Angelus do Papa: V Domingo da Quaresma - Ano C

Papa Francisco
Angelus
V Domingo da Quaresma, 07 de abril de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste Quinto Domingo da Quaresma, a Liturgia nos apresenta o episódio da mulher adúltera (cf. Jo 8,1-11). Nele se contrapõem duas atitudes: a dos escribas e fariseus de um lado e a de Jesus do outro. Os primeiros querem condenar a mulher, porque se sentem tutores da Lei e da sua fiel aplicação. Jesus, ao contrário, quer salvá-la, poque Ele personifica a misericórdia de Deus que perdoando redime e reconciliando renova.
Vejamos o acontecimento. Enquanto Jesus está ensinando no templo, os escribas e fariseus lhe trazem uma mulher surpreendida em adultério; a colocam no meio e perguntam a Jesus se vem apedrejá-la, como prescrevia a Lei de Moisés. O Evangelista precisa que eles apresentaram esta questão «para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar.» (v. 6). Pode-se supor que o seu propósito era - vede a maldade desta gente -: o “não” ao apedrejamento seria um motivo para acusar Jesus de desobediência à Lei; o “sim”, ao contrário, para denunciá-lo à autoridade romana, que havia reservado a si as sentenças e não admitiam o linchamento popular. E Jesus deve responder.
Os interlocutores de Jesus estão fechados na estreiteza do legalismo e querem encerrar o Filho de Deus na sua perspectiva de juízo e condenação. Mas Ele não veio ao mundo para julgar e condenar, mas para salvar e oferecer às pessoas uma vida nova. E como reage Jesus diante desta prova? Antes de tudo permanece um pouco em silêncio, e se inclina para escrever com o dedo na terra, quase a recordar que o único Legislador e Juiz é Deus, que havia escrito a Lei na pedra. E depois diz: «Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra» (v. 7). Deste modo Jesus faz um apelo à consciência daqueles homens: eles se sentiam “paladinos da justiça”, mas Ele lhes recorda a consciência da sua condição de homens pecadores, pela qual não podem arrogar-se o direito de vida ou morte sobre um semelhante. Neste ponto, um depois do outro, começando pelos mais velhos - isto é, os mais expertos nas próprias misérias – saíram todos, renunciando a apedrejar a mulher. Esta cena convida também cada um de nós a tomar consciência de que somos pecadores, e a deixar cair das nossas mãos as pedras da difamação e da condenação, da fofoca, que às vezes queremos lançar contra os outros. Quando falamos mal dos outros, lançamos pedras, somos como eles.
Por fim permanecem apenas Jesus e a mulher, lá no meio: «a mísera e a misericórdia», diz Santo Agostinho (In Joh 33,5). Jesus é o único sem culpa, o único que poderia atirar uma pedra contra ela, mas Ele não o faz, porque Deus “não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (cf. Ez 33,11). E Jesus despede a mulher com estas palavras estupendas: «Podes ir, e de agora em diante não peques mais» (v. 11). E assim Jesus abre diante dela uma estrada nova, criada pela misericórdia, uma estrada que requer o seu empenho de não pecar mais. É um convite que vale para cada um de nós: Jesus quando nos perdoa nos abre sempre uma estrada nova para andar avante. Neste tempo da Quaresma somos chamados a reconhecermo-nos pecadores e a pedir perdão a Deus. E o perdão, por sua vez, enquanto nos reconcilia e nos dá a paz, nos faz recomeçar uma história renovada. Toda conversão verdadeira é destinada a um futuro novo, a uma vida nova, uma vida bela, uma vida livre do pecado, uma vida generosa. Não tenhamos medo de pedir perdão a Jesus, porque Ele nos abre a porta a esta vida nova. A Virgem Maria nos ajude a testemunhar a todos o amor misericordioso de Deus que, em Jesus, nos perdoa e torna nova a nossa existência, oferecendo-nos sempre novas possibilidades.


Tradução livre a partir do original italiano.

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