Estamos nos aproximando do Tempo da Quaresma, que tem início
com a Quarta-feira de Cinzas. Desde o ano de
1964, acontece no Brasil neste período a chamada “Campanha da Fraternidade”
(CF), promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Cartaz da Campanha da Fraternidade 2024 |
A Campanha da Fraternidade não toca diretamente a Liturgia,
sendo uma proposta para a Pastoral e para a Catequese. Nesta Campanha reflete-se
sobre algum tema que afeta a sociedade, geralmente à luz da Palavra de Deus e
da Doutrina Social da Igreja.
Para cada Campanha é composto um hino, inspirado no tema a
ser refletido, que muitas vezes é entoado nas celebrações litúrgicas. Diante
disso, surge a pergunta: em que momento da
Missa (ou da Celebração da Palavra) se deve cantar o hino da Campanha da Fraternidade?
Primeiramente não se “deve”
cantar e sim se “pode” cantar. Como
afirmamos acima, a CF não tem relação direta com a Liturgia, portanto seu hino
não é obrigatório nas celebrações. A prioridade será sempre dos cantos
litúrgicos próprios do Tempo Quaresmal, sobretudo aqueles que refletem os
textos bíblicos proclamados.
A própria CNBB nos indica em que momentos da celebração este
hino pode ser cantado em seu Guia Litúrgico Pastoral (p. 106):
“O hino da Campanha da Fraternidade de cada ano explicita o
compromisso dos fiéis na vivência concreta da Quaresma. Ele pode ser entoado em algum momento da homilia - o que
facilitaria a vinculação da Liturgia da Palavra com o ‘chão’ da vida (tema da
CF) - ou nos ritos finais, no momento do
‘envio’” [1].
Com esta afirmação, feita pela própria CNBB, fica claro que
o hino da Campanha da Fraternidade não é um canto litúrgico, pois é proposto para dois momentos em
que não há canto litúrgico previsto: a homilia e a procissão de saída.
Mas então o hino da Campanha não pode ser entoado como canto de entrada?
Não. O hino da Campanha não
pode ser entoado como canto de entrada. Vejamos na Introdução Geral do
Missal Romano (n. 47) as características deste canto:
“A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a
união da assembleia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e
acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros” [2].
O canto de entrada deve ser, pois, adequado à índole do
tempo litúrgico. Ora, o tempo litúrgico é a Quaresma, e não a “Campanha da Fraternidade”. Assim, o canto de entrada deve estar em sintonia com a
espiritualidade quaresmal. Há muitos cantos excelentes para este tempo, muitos
deles profundamente inspirados na Palavra de Deus.
Resumindo: hino da Campanha da Fraternidade nas
celebrações litúrgicas apenas dentro da homilia ou como canto final. Ou poderia
simplesmente nem aparecer...
Notas:
[1] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Guia
Litúrgico-Pastoral. 3ª edição. Brasília: Edições CNBB, 2017, p. 106.
[2] INSTRUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO. Tradução
brasileira da 3ª edição típica com comentários de José Aldazábal. São Paulo:
Paulinas, 2007, pp. 69-70.
Olá meu irmão André, quanto tempo não te vejo na Catedral! Muito obrigado por partilhar esse conhecimento conosco
ResponderExcluirBem esclarecido!
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirExcelente!!!! Parabéns!
ResponderExcluirA Cf está se tornando desprezível devido a conotação política que está existindo em nossa igreja. A Cnbb é tida como de esquerda. Acabemos com isto meus irmãos. Vivamos somente a espiritualidade baseada em Jesus Cristo. Cuidemos de nosso espírito. A carne voltará ao pó. Paz e bem. ARI PONTES
ResponderExcluirInfelizmente percebo isso também. Pra quê tanta divisão? O que nos resta é orar pra que entendam que Jesus é Luz e não trevas.
ExcluirBoa tarde! Sou animadora de canto nas missas. Penso que deveria sim casar o canto da campanha, com a liturgia. Não vejo o porquê, separa -lo da litrugia, se as letras são inspiradas na palavra de Deus e relacionadas a situação presente e mais carente no mundo.
ResponderExcluirA própria CNBB nos indica em seu Guia Litúrgico Pastoral (p. 106) que o lugar do hino da Campanha da Fraternidade é na homilia ou como "canto final".
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