quarta-feira, 19 de abril de 2017

XVIII Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 12 de abril de 2017
A esperança (18): A esperança da cruz - Jo 12,24-25

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No domingo passado recordamos a entrada de Jesus em Jerusalém, entre as aclamações jubilosas dos discípulos e de uma grande multidão. Aquelas pessoas depositavam muitas esperanças em Jesus: tantos esperavam dele milagres e sinais importantes, manifestações de poder e até a libertação dos inimigos ocupantes. Quem deles teria imaginado que dali a pouco, pelo contrário, Jesus teria sido humilhado, condenado e morto na cruz? As esperanças terrenas daquele povo desmoronaram diante da cruz. Mas nós cremos que precisamente no Crucificado a nossa esperança renasceu. As esperanças terrenas desmoronam diante da cruz, mas renascem esperanças novas, que duram para sempre. A esperança que nasce da cruz é diversa. É uma esperança diferente daquela que desmorona, daquela do mundo. Mas de qual esperança se trata? Que esperança nasce da cruz?

O que diz Jesus precisamente depois de ter entrado em Jerusalém pode ajudar-nos a entender melhor: «Se um grão de trigo, caído na terra, não morrer, permanece sozinho; mas se morrer, produz muito fruto» (Jo 12,24). Pensemos num grão de trigo ou numa semente pequena, que cai no terreno. Se permanecer fechada em si mesma, não acontece nada; mas se se quebrar, se se abrir, então dá vida a uma espiga, a um broto, depois a uma planta que dará fruto.

Jesus trouxe ao mundo uma esperança nova e o fez como a semente: fez-se pequeno, como um grão de trigo; deixou a sua glória celeste para vir entre nós: «caiu na terra». Mas ainda não era suficiente. Para produzir fruto Jesus viveu o amor até ao fim, deixando-se despedaçar pela morte como uma semente se deixa romper embaixo da terra. Precisamente ali, no ponto extremo do seu abaixamento - que é também o ponto mais elevado do amor - brotou a esperança. Se algum de vós perguntar: «Como nasce a esperança?». «Da cruz. Olha para a cruz, para Cristo Crucificado e dali chegar-te-á a esperança que nunca acaba, que dura até à vida eterna». E esta esperança brota precisamente pela força do amor: porque o amor que «tudo espera, tudo suporta» (1Cor 13,7), o amor que é a vida de Deus renovou tudo o que alcançou. Assim, na Páscoa, Jesus transformou, assumindo sobre si mesmo, o nosso pecado em perdão. Mas, ouvi bem como é a transformação que a Páscoa realiza: Jesus transformou o nosso pecado em perdão, a nossa morte em ressurreição, o nosso medo em confiança. Eis porque na cruz nasceu e renasce sempre a nossa esperança; eis porque com Jesus toda a escuridão pode ser transformada em luz, as derrotas em vitórias, as desilusões em esperanças. Todas: sim, todas. A esperança supera tudo, porque nasce do amor de Jesus que se fez grão de trigo na terra e morreu para dar vida e daquela vida plena de amor vem a esperança.

Quando escolhemos a esperança de Jesus, aos poucos descobrimos que o modo vencedor de viver é o da semente, do amor humilde. Não há outro caminho para vencer o mal e dar esperança ao mundo. Podeis dizer-me: «Não, é uma lógica perdedora!». Pareceria uma lógica perdedora, porque quem ama perde poder. Pensastes nisto? Quem ama perde poder, quem doa deixa a posse de algo e amar é um dom. Na realidade a lógica da semente que morre, do amor humilde, é o caminho de Deus, e só ele dá fruto. Vemos isto também em nós: possuir impele sempre a desejar mais: obtive algo e imediatamente desejo mais, e assim por diante, nunca me sinto satisfeito. É uma sede terrível! Quanto mais tenho, mais quero. Quem é voraz nunca se sacia. E Jesus diz isto de maneira direta: «Quem ama a própria vida perde-a» (Jo 12,25). És voraz, procuras obter muitas coisas mas... perderás tudo, inclusive a tua vida, isto é: quem ama a si próprio e vive pelos seus interesses só se enche de si mesmo e perde. Ao contrário, quem aceita, é disponível e serve, vive da maneira de Deus: então é vencedor, salva-se a si mesmo e aos outros; torna-se semente de esperança para o mundo. É bom ajudar os outros, servir os outros... Talvez cansemo-nos! Mas a vida é assim e o coração enche-se de alegria e esperança. Isto é amor e esperança juntos: servir e doar.

Certamente, este amor verdadeiro passa através da cruz, do sacrifício, como para Jesus. A cruz é a passagem obrigatória, mas não é a meta, é uma passagem: a meta é a glória, como nos mostra a Páscoa. E aqui ajuda-nos outra imagem muito bonita, que Jesus deixou aos discípulos durante a Última Ceia. Diz: «Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de ter nascido um homem no mundo» (Jo 16,21). Eis então: doar a vida, não possuí-la. Assim fazem as mães: dão a vida, sofrem, mas depois alegram-se, se sentem felizes porque deram à luz outra vida. Dá alegria; o amor dá à luz a vida e até um sentido à dor. O amor é o motor que impele a nossa esperança. Repito: o amor é o motor que impele a nossa esperança. E cada um de nós pode perguntar-se: «Amo? Aprendi a amar? Aprendo todos os dias a amar mais?», porque o amor é o motor que impele a nossa esperança.

Queridos irmãos e irmãs, nestes dias, dias de amor, deixemo-nos envolver pelo mistério de Jesus que, como grão de trigo, morrendo doou-nos a vida. Ele é a semente da nossa esperança. Contemplemos o Crucificado, fonte de esperança. Aos poucos compreenderemos que esperar com Jesus é aprender a ver desde já a planta na semente, a Páscoa na cruz, a vida na morte. Gostaria de vos dar uma tarefa para fazer em casa. A todos fará bem parar diante do Crucifixo - todos vós tendes um em casa - olhar para ele e dizer-lhe: «Contigo nada está perdido. Contigo posso esperar sempre. Tu és a minha esperança». Imaginemos agora o Crucifixo e todos juntos digamos a Jesus Crucificado três vezes: «Tu és a minha esperança». Todos: «Tu és a minha esperança». Mais alto! «Tu és a minha esperança». Obrigado.


Fonte: Santa Sé.

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