São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Livro de Isaías 4
A Paixão
de Cristo e sua preciosa cruz são segurança e muro inacessível para quem n'Ele
crê
Cristo, apesar
de sua natureza divina e sendo por direito igual a Deus Pai, não se prevaleceu de sua divina condição,
mas humilhou-se até submeter-se à morte e morte de cruz. Realmente, sua
Paixão salutar abateu aos principados e triunfou sobre os dominadores deste
mundo e deste século, libertou a todos da tirania do diabo, e nos reconduziu a
Deus. Suas chagas nos curaram e, carregado com os nossos pecados, subiu ao
lenho; e, deste modo, enquanto Ele morre, nos sustenta na vida, e sua Paixão se
tornou a nossa segurança e muro de defesa. Aquele que nos resgatou da condenação
da Lei, nos socorre quando somos tentados. E para consagrar ao povo com seu
próprio sangue, morreu fora da cidade.
Por isso,
repito, a Paixão de Cristo, sua preciosa cruz e suas mãos perfuradas significam
segurança, em um muro inacessível e indestrutível para aqueles que creem n’Ele.
Por isso Ele diz acertadamente: Minhas
ovelhas escutam minha voz e me seguem, e Eu lhes dou a vida eterna. E
também: Ninguém pode arrebatá-las da mão
de meu Pai. E isto justamente porque vivem à sombra do Onipotente, protegidas
pelo auxílio divino como em uma torre fortificada.
Desde o momento,
portanto, em que Deus Pai nos sustenta quase com suas mãos, custodiando-nos
junto d’Ele, sem permitir que sejamos induzidos ao mal ou que sucumbamos à
malícia dos malvados, nem ser presa da violência diabólica, nada nos impede de
compreender que as muralhas de Sião designadas por suas mãos signifiquem os
peritos na arte espiritual que, possuídos pela graça, dão-se a conhecer no
testemunho da virtude.
Em consequência,
poderíamos dizer que as muralhas de Sião constituídas por Deus são os santos
Apóstolos e Evangelistas, aprovados por sua própria palavra, que nunca se
equivoca nem se desvaloriza. Seus nomes estão escritos no céu e constam no
livro da vida. Não temos que maravilhar-nos se diz que os santos são os
baluartes e as muralhas da Igreja. Ele mesmo é muro e é baluarte como uma
fortaleza.
Da mesma forma
que Ele é a luz verdadeira e, entretanto, diz que eles são a luz do mundo,
assim também, sendo Ele o muro e a segurança daqueles que creem n’Ele, conferiu
aos santos esta estupenda dignidade de serem chamados muralhas da Igreja.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 71-72. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
Confira também uma homilia de São João Crisóstomo para este domingo clicando aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário