Santo Efrém
Diatessaron 16
Nesta
cura, foi esboçado um símbolo: Jesus, Filho do Criador
Jesus foi ao
encontro de um homem cego de nascença: Os
discípulos perguntaram a Jesus: Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele
ou os seus pais? Jesus respondeu: Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve
para que as obras de Deus se manifestem nele. É necessário que realizemos as
obras d’Aquele que me enviou, enquanto é dia, enquanto Eu estou com vocês. Vem a noite, e o Filho será exaltado, e
vós, que sois a luz do mundo, desaparecerão, e não haverá mais milagres por
causa da incredulidade.
Dizendo isto, fez barro com sua saliva e a aplicou sobre os
olhos do cego. E a luz brotou da terra, como ao princípio, quando a sombra
do céu, a treva cobria tudo e Ele ordenou que a luz surgisse da escuridão.
Desta forma, Ele formou a lama com a
saliva, e curou o defeito que existia depois do nascimento, para mostrar
que Ele, cuja mão completava o que faltava à natureza, era precisamente Aquele
cuja mão deu forma à criação no princípio. E como se recusaram a crer que Ele
era anterior a Abraão, com esta obra provou que era o Filho do homem que, com a
sua mão, formou o primeiro Adão da terra. Na verdade, Ele curou a tara do cego
com os gestos do próprio corpo.
Também fez isto
para confundir aqueles que dizem que o homem é feito de quatro elementos,
porque refez os membros imperfeitos com terra e saliva, fez isso para utilidade
daqueles que buscavam milagres para crer: Os
judeus buscam milagres. Não foi a piscina de Siloé que abriu os olhos do
cego, como não são as águas do Jordão que purificam Naamã: é a ordem do Senhor
que tudo faz. Ainda mais: não é a água de nosso Batismo que nos purifica, mas
os nomes que se pronunciam sobre ela.
Ele ungiu os seus olhos com barro, para
que os fariseus limpem a cegueira de seu coração. Quando o cego partiu no meio
da multidão e perguntou: “Onde fica Siloé?”, levava à vista de todos os olhos
untados. As pessoas o interrogavam e ele lhes dava a informação; elas o seguiam
para ver se os seus olhos continuavam abertos. Aqueles que viam a luz material
estavam conduzidos por um cego que viu a luz do espírito; e, em sua noite, o
cego era conduzido por aqueles que viam exteriormente, mas que estavam
espiritualmente cegos.
O cego lavou o
barro dos seus olhos, e enxergou a si mesmo; outros lavaram a cegueira do seu
coração, e examinaram a si mesmos. Deste modo, abrindo exteriormente os olhos
de um cego, nosso Senhor abria secretamente os olhos de muitos outros cegos.
Aquele cego foi um belo e inesperado tesouro para nosso Senhor; através dele,
adquiriu numerosos cegos que desta maneira também curou da cegueira do coração.
Nestas poucas palavras do Senhor estão escondidos tesouros admiráveis, e nesta
cura foi esboçado um símbolo: Jesus, Filho do Criador.
Vai e lava o teu
rosto. Para evitar que alguém considere aquela cura mais como um estratagema do
que como um milagre, Ele o mandou lavar-se. Disse isso para mostrar que o cego
não duvidava do poder de cura do Senhor, e porque, caminhando e falando,
manifestasse o acontecimento e mostrasse sua fé.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 66-67. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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