sábado, 1 de abril de 2017

Homilia: IV Domingo da Quaresma - Ano A

Santo Efrém
Diatessaron 16
Nesta cura, foi esboçado um símbolo: Jesus, Filho do Criador

Jesus foi ao encontro de um homem cego de nascença: Os discípulos perguntaram a Jesus: Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais? Jesus respondeu: Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele. É necessário que realizemos as obras d’Aquele que me enviou, enquanto é dia, enquanto Eu estou com vocês. Vem a noite, e o Filho será exaltado, e vós, que sois a luz do mundo, desaparecerão, e não haverá mais milagres por causa da incredulidade.
Dizendo isto, fez barro com sua saliva e a aplicou sobre os olhos do cego. E a luz brotou da terra, como ao princípio, quando a sombra do céu, a treva cobria tudo e Ele ordenou que a luz surgisse da escuridão. Desta forma, Ele formou a lama com a saliva, e curou o defeito que existia depois do nascimento, para mostrar que Ele, cuja mão completava o que faltava à natureza, era precisamente Aquele cuja mão deu forma à criação no princípio. E como se recusaram a crer que Ele era anterior a Abraão, com esta obra provou que era o Filho do homem que, com a sua mão, formou o primeiro Adão da terra. Na verdade, Ele curou a tara do cego com os gestos do próprio corpo.
Também fez isto para confundir aqueles que dizem que o homem é feito de quatro elementos, porque refez os membros imperfeitos com terra e saliva, fez isso para utilidade daqueles que buscavam milagres para crer: Os judeus buscam milagres. Não foi a piscina de Siloé que abriu os olhos do cego, como não são as águas do Jordão que purificam Naamã: é a ordem do Senhor que tudo faz. Ainda mais: não é a água de nosso Batismo que nos purifica, mas os nomes que se pronunciam sobre ela.
Ele ungiu os seus olhos com barro, para que os fariseus limpem a cegueira de seu coração. Quando o cego partiu no meio da multidão e perguntou: “Onde fica Siloé?”, levava à vista de todos os olhos untados. As pessoas o interrogavam e ele lhes dava a informação; elas o seguiam para ver se os seus olhos continuavam abertos. Aqueles que viam a luz material estavam conduzidos por um cego que viu a luz do espírito; e, em sua noite, o cego era conduzido por aqueles que viam exteriormente, mas que estavam espiritualmente cegos.
O cego lavou o barro dos seus olhos, e enxergou a si mesmo; outros lavaram a cegueira do seu coração, e examinaram a si mesmos. Deste modo, abrindo exteriormente os olhos de um cego, nosso Senhor abria secretamente os olhos de muitos outros cegos. Aquele cego foi um belo e inesperado tesouro para nosso Senhor; através dele, adquiriu numerosos cegos que desta maneira também curou da cegueira do coração. Nestas poucas palavras do Senhor estão escondidos tesouros admiráveis, e nesta cura foi esboçado um símbolo: Jesus, Filho do Criador.
Vai e lava o teu rosto. Para evitar que alguém considere aquela cura mais como um estratagema do que como um milagre, Ele o mandou lavar-se. Disse isso para mostrar que o cego não duvidava do poder de cura do Senhor, e porque, caminhando e falando, manifestasse o acontecimento e mostrasse sua fé.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 66-67. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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