sábado, 4 de julho de 2020

Homilia: XIV Domingo do Tempo Comum - Ano A

Santo Agostinho
Tratado sobre a Santíssima Trindade
Ame ao irmão e amará o amor

Nosso Senhor Jesus Cristo, ao realizar seus milagres, como querendo dar uma lição mais sublime aos que dele se admiravam e conduzir para as secretas e eternas realidades a estes espíritos atentos e como que suspenso no fascínio de seus prodígios, lhes diz: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo. Ele não disse: “Aprendei de mim a ressuscitar mortos de quatro dias”, mas aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.
A solidíssima humildade é mais poderosa e mais segura que os cumes soprados pelos ventos. Por isso segue e diz: E encontrareis descanso para as vossas almas. A caridade não se ensoberbece, e Deus é caridade; e os fiéis no amor descansarão nele, chamados do estrondoso exterior aos deleites interiores. Se Deus é caridade, para que andar correndo desatinados pelos cumes dos céus e das profundezas da terra em busca daquele que mora em nós, se nós queremos estar junto dele?
Ninguém diga: “Não sei o que amar”. Ame ao irmão e amará ao amor. Conhece melhor a dileção que lhe impulsiona ao amor que ao irmão a quem ama. Eis aqui como podes conhecer melhor a Deus que ao irmão; mais conhecido porque está mais presente; mais conhecido porque é algo mais íntimo; mais conhecido porque é algo mais correto.
Abraça ao Deus amor e abraça a Deus por amor. É o amor que nos une com vínculo de santidade a todos os anjos bons e a todos os servos de Deus; consolida-nos a eles e nos submete a Ele. Quanto mais imunizados estejamos contra o inchaço do orgulho, mais plenos estaremos de amor. E aquele que está cheio de amor, do que está preenchido a não ser de Deus? Porém tu dirás: “Vejo a caridade e a contemplo, enquanto posso, com os olhos de minha inteligência, e deposito fé à Escritura, que diz: Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus; mas quando medito no amor, não descubro a Trindade”. Vês a Trindade se vês o amor.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 169-170. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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