terça-feira, 2 de junho de 2020

Regina Coeli do Papa: Domingo de Pentecostes 2020

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 31 de maio de 2020

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Agora que a praça está aberta, podemos voltar. É um prazer!
Hoje celebramos a grande festa de Pentecostes, em memória da efusão do Espírito Santo sobre a primeira comunidade cristã. O Evangelho de hoje (Jo 20,19-23) reconduz-nos à noite de Páscoa e mostra-nos Jesus ressuscitado que aparece no Cenáculo, onde os discípulos se refugiaram. Eles tinham medo. «Pôs-se no meio deles e disse-lhes: “A paz seja convosco!”» (v. 19). Estas primeiras palavras pronunciadas pelo Ressuscitado: «A paz seja convosco» devem ser consideradas mais do que uma saudação: exprimem o perdão, o perdão concedido aos discípulos que, para dizer a verdade, o tinham abandonado. São palavras de reconciliação e de perdão. E também nós, quando desejamos a paz aos outros, estamos a perdoar e a pedir perdão. Jesus oferece a sua paz precisamente a estes discípulos que têm medo, que sentem dificuldade em acreditar no que viram, ou seja, no túmulo vazio, e que subestimam o testemunho de Maria Madalena e das outras mulheres. Jesus perdoa, perdoa sempre, e oferece a paz aos seus amigos. Não vos esqueçais: Jesus nunca se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão.

Ao perdoar e reunir os discípulos à sua volta, Jesus faz deles uma Igreja, a sua Igreja: que é uma comunidade reconciliada e pronta para a missão. Reconciliada e pronta para a missão. Quando uma comunidade não está reconciliada, não está pronta para a missão: está pronta para discutir consigo mesma, está pronta para [discussões] internas. O encontro com o Senhor ressuscitado inverte a existência dos Apóstolos e transforma-os em testemunhas corajosas. Na verdade, imediatamente a seguir diz: «Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós» (v. 21). Estas palavras deixam claro que os Apóstolos são enviados para prolongar a mesma missão que o Pai confiou a Jesus. «Eu envio-te»: não é tempo de ficar preso, nem de se lamentar: de lamentar os “bons tempos”, aqueles tempos passados com o Mestre. A alegria da Ressurreição é grande, mas é uma alegria expansiva, que não deve ser guardada para si mesmo, mas deve ser doada. Nos domingos do Tempo pascal, ouvimos primeiro este mesmo episódio, em seguida o encontro com os discípulos de Emaús, depois o Bom Pastor, os discursos de despedida e a promessa do Espírito Santo: tudo isto com o objetivo de fortalecer a fé dos discípulos - e também a nossa - tendo em vista a missão.

E precisamente para animar a missão, Jesus dá aos Apóstolos o seu Espírito. O Evangelho diz: «soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”» (v. 22). O Espírito Santo é fogo que queima os pecados e cria novos homens e mulheres; é fogo de amor com o qual os discípulos poderão “incendiar o mundo”, esse amor de ternura que prefere os pequeninos, os pobres, os excluídos... Nos sacramentos do Batismo e da Confirmação recebemos o Espírito Santo com os seus dons: sabedoria, intelecto, conselho, força, conhecimento, piedade, temor a Deus. Este último dom - o temor a Deus - é precisamente o oposto do temor que antes paralisava os discípulos: é o amor ao Senhor, é a certeza da sua misericórdia e bondade, é a confiança de que podemos avançar no rumo por Ele indicado, sem nunca perder a sua presença e apoio.

A festa de Pentecostes renova a consciência de que a presença vivificante do Espírito Santo habita em nós. Também nos dá a coragem de sair das paredes protetoras dos nossos “cenáculos”, pequenos grupos, sem nos acomodarmos numa vida tranquila nem nos fecharmos em hábitos estéreis. Elevemos agora o nosso pensamento a Maria. Ela estava lá, com os Apóstolos, quando o Espírito Santo veio, foi protagonista da primeira Comunidade da admirável experiência do Pentecostes, e oremos a Ela para que obtenha para a Igreja um espírito missionário fervoroso.


Fonte: Santa Sé.

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