Padre
Raniero Cantalamessa, OFMCap
III pregação de Quaresma
27 de março de 2019
“Perto da Cruz de Jesus estava Maria sua mãe”: Maria no Calvário
A palavra
de Deus que nos acompanha em nossa meditação é a de João, aquele que “viu e
que, por isso, sabe que fala a verdade” (Jo 19,35):
Perto da
cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e
Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele
amava, disse a sua mãe: ‘Mulher, este é o teu filho’. Depois disse ao
discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu
consigo (Jo
19,25-27).
Desse
texto, tão denso, vamos considerar agora só a narrativa, deixando para a
próxima vez a meditação do restante da passagem evangélica que contém as
palavras de Jesus.
Se, no
Calvário, junto da cruz de Jesus, estava Maria, sua Mãe, isso quer dizer que
ela estava em Jerusalém naqueles dias; se estava em Jerusalém, então viu tudo,
assistiu a tudo. Ouviu os gritos: “Esse não, mas Barrabás!”, assistiu ao Ecce
homo, viu a carne da sua carne açoitada, sangrante, coroada de
espinhos, seminua perante a multidão, estremecendo sacudida por arrepios de
morte na cruz. Ouviu o barulho dos golpes de martelo e os insultos: “Se és o
Filho de Deus...”. Viu os soldados dividindo entre si as vestes, a túnica que
talvez ela mesma tinha tecido.
“Perto da
cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e
Maria Madalena”. Havia, pois, um grupo de mulheres, quatro no total (como
aparece no ícone). Maria não estava, pois, sozinha; era uma das mulheres. Sim,
Maria estava ali como “sua mãe” e isto muda tudo, pondo Maria numa situação
totalmente diferente. Assisti, às vezes, ao funeral de alguns jovens; penso
particularmente no de um rapaz. Várias mulheres seguiam o féretro. Todas vestidas
de preto, todas chorando. Pareciam todas iguais. Mas entre elas havia uma
diferente, uma na qual pensavam todos os presentes, e para a qual todos olhavam
disfarçadamente: a mãe. Era viúva e tinha só aquele filho. Olhava para o
caixão, percebia-se que seus lábios repetiam sem parar o nome do filho. Quando
os fiéis, no momento do Sanctus, começaram a proclamar: “Santo,
Santo, Santo é o Senhor Deus do universo”, também ela, talvez sem o perceber,
começou a murmurar: Santo, Santo, Santo... Naquele momento pensei em Maria aos
pés da cruz. Mas a ela foi pedido algo de mais difícil: perdoar. Quando
ouviu o Filho dizendo: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (Lc
23,34), ela entendeu o que o Pai do céu esperava dela: que dissesse com o
coração as mesmas palavras: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”. E
ela as disse. Perdoou.
Se Maria
pôde ser tentada, como o foi também Jesus no deserto, isto aconteceu
particularmente junto da cruz. E foi uma tentação profundíssima e
dolorosíssima, porque tinha como causa o mesmo Jesus. Ela acreditava nas
promessas, acreditava que Jesus era o Messias, o Filho de Deus; sabia que, se
Jesus tivesse pedido, o Pai lhe teria enviado “mais de doze legiões de anjos”
(cf. Mt 26,53). Mas percebe que Jesus não faz nada. Libertando a si mesmo da
cruz, libertaria também ela de sua terrível dor, mas não o faz. Maria, porém,
não grita: “Desce da cruz; salva-te a ti mesmo e a mim!”; ou: “Salvaste muitos
outros, por que não salvas agora também a ti mesmo, ó meu filho?”, ainda que
seja fácil entender como seria natural que semelhantes pensamentos e desejos
surgissem no coração de uma mãe. Maria cala-se.
Humanamente
falando, Maria tinha todos os motivos para gritar a Deus: “Tu me enganaste!”,
ou, como um dia gritou o profeta Jeremias: “Tu me seduziste e eu me deixei
seduzir!” (cf. Jr 20,7), e fugir do Calvário. Ela, pelo contrário, não fugiu,
mas ficou “de pé”, em silêncio, tornando-se assim, de maneira toda especial,
mártir da fé e, seguindo o Filho, testemunha suprema da confiança em Deus. Esta
visão de Maria que se une ao sacrifício do Filho encontrou uma expressão sóbria
e solene num texto do Concilio Vaticano II:
“Assim a
Bem-aventurada Virgem avançou em peregrinação de fé. Manteve fielmente sua
união com o Filho até à cruz, onde esteve não sem desígnio divino.
Veementemente sofreu junto com seu Unigénito. E com ânimo materno se associou
ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma
gerada” [1].
Maria não
estava, pois, “junto da cruz de Jesus”, perto dele, só num sentido físico e
geográfico, mas também num sentido espiritual. Ela estava unida à cruz de
Jesus; estava no mesmo sofrimento; sofria com ele. Sofria no seu coração o que
o Filho sofria na carne. E quem poderia pensar diversamente, se, ao menos, sabe
o que significa ser mãe?
Jesus era
também homem; enquanto homem, diante de todos ele não é, neste momento, senão
um filho justiçado na presença de sua mãe. Jesus já não diz: Que temos
nós com isso, mulher? A minha hora ainda não chegou (Jo 2,4). Agora
que a sua “hora” chegou, há entre ele e sua mãe algo de grande em comum: o
mesmo sofrimento. Naqueles momentos extremos, quando também o Pai se escondeu
misteriosamente do seu olhar de homem, restou para Jesus somente o olhar de sua
mãe onde procurar refúgio e consolação. Por acaso vai desdenhar esta presença e
esta consolação materna aquele que, no Getsêmani, suplicou aos três
discípulos: Ficai aqui e vigiai comigo (Mt 26,38)?
Agora,
seguindo como sempre o nosso princípio-guia, conforme o qual Maria é tipo e
espelho da Igreja, suas primícias e modelo, temos que nos perguntar: o que o
Espírito Santo quis dizer à Igreja dispondo que, na Escritura, fosse registrada
essa presença de Maria e essa palavra de Jesus sobre ela?
Também
desta vez, é a mesma Palavra de Deus que, implicitamente, indica a passagem de
Maria à Igreja, dizendo o que cada fiel deve fazer para imitá-la: “Junto da
cruz de Jesus estava Maria, sua Mãe, e, junto dela, o discípulo que ele amava”.
Na notícia está contida a parênese. O que
aconteceu naquele dia indica o que deve acontecer cada dia: é preciso ficar
junto de Maria perto da cruz de Jesus, como aí ficou o discípulo que ele amava.
Há duas
coisas escondidas nesta frase: primeiro, que é preciso ficar “junto da cruz” e,
em segundo lugar, que é preciso ficar junto da cruz “de Jesus”. Veremos que
essas são duas coisas diferentes, embora inseparáveis.
Ficar
perto da cruz “de Jesus”. Estas palavras dizem-nos que a primeira coisa a ser feita, a mais
importante de todas, não é ficar perto de qualquer cruz, mas ficar perto da
cruz “de Jesus”. Não é suficiente ficar perto da cruz, no sofrimento, e aí
ficar em silêncio. Isto só já parece algo de heroico, todavia, não é o mais
importante. Pode, aliás, não ser nada. Decisivo é ficar perto da cruz “de
Jesus”. O que vale não é a própria cruz, mas a de Cristo. Não é o fato de
sofrer, mas de acreditar, apropriando-se assim do sofrimento de Cristo. A
primeira coisa é a fé. A realidade maior de Maria junto da cruz foi a sua fé, maior
ainda do que o seu sofrimento. Paulo diz que a palavra da cruz é “poder de Deus
e sabedoria de Deus para aqueles que são chamados” (cf. 1Cor 1,18.24) e diz que
o Evangelho é poder de Deus “para todos aqueles que creem” (cf. Rm 1,16). Para
todos que creem, não para todos os que sofrem, ainda que, como veremos, ambas
as coisas geralmente estejam unidas.
Aqui está
a fonte de toda a força e fecundidade da Igreja. A força da Igreja vem da
pregação da cruz de Jesus - de algo que, aos olhos do mundo, é o próprio
símbolo da loucura e da fraqueza -, renunciando a qualquer possibilidade ou
vontade de enfrentar o mundo, descrente e leviano, com seus meios que são a
sabedoria das palavras, a força da argumentação, a ironia, o ridículo, o
sarcasmo e todas as outras “coisas fortes do mundo” (cf. 1Cor 1,27). É preciso
renunciar a uma superioridade humana para que possa surgir e agir a força
divina contida na cruz de Cristo. É preciso insistir neste primeiro ponto. A
maioria dos fiéis nunca foi ajudada a entrar neste mistério que é o coração do
Novo Testamento, o centro do kerygma e que muda a vida.
“Ficar
perto da cruz”. Mas
qual é o sinal e a prova de que se acredita verdadeiramente na cruz de Cristo,
que “a palavra da cruz” não é apenas uma palavra, um princípio abstrato, uma
bela teologia ou ideologia, mas que é verdadeiramente cruz? O sinal, a prova,
é: tomar sua própria cruz e ir atrás de Jesus (cf. Mc 8,34). O sinal é a
participação nos seus sofrimentos (Fl 3,10; Rm 8,17), é estar crucificado com
ele (Gl 2,19), é completar, pelos próprios sofrimentos, o que falta à paixão de
Cristo (Cl 1,24). A vida inteira do cristão, como a de Cristo, deve ser um
sacrifício vivo (cf. Rm 12,1). Não se trata só de sofrimento aceito
passivamente, mas também de sofrimento ativo, vivido em união com Cristo: Trato
duramente o meu corpo e o subjugo (1Cor 9,27). “Toda a vida de Cristo
foi cruz e martírio; e tu procuras só descanso e gozo?”, admoesta o autor da
“Imitação de Cristo” [2].
Existiram
na Igreja duas maneiras diferentes de colocar-se diante da cruz e da paixão de
Cristo: a primeira, mais característica da teologia protestante, baseada na fé
e na apropriação, que se apoia na cruz de Cristo, que quer gloriar-se só na
cruz de Cristo; a segunda - pelo menos no passado cultivada de preferência pela
teologia católica -, que insiste no sofrer com Cristo, no partilhar de sua
paixão e, como no caso de alguns santos, até no reviver em si mesmo a paixão de
Cristo. O ecumenismo nos leva a reconstruir a síntese daquilo que na Igreja
gradualmente acabou se opondo.
Não se
trata, evidentemente, de pôr no mesmo plano a obra de Cristo e a nossa, mas de
acolher a palavra da Escritura que afirma que tanto a fé como a obra estão
mortas uma sem a outra (cf. Tg 2,14ss). Aliás, poderíamos dizer que o problema
diz respeito à própria fé. É a fé na cruz de Cristo que precisa passar pelo
sofrimento para ser autêntica. A Primeira Carta de Pedro diz que o sofrimento é
o “crisol” da fé, que a fé precisa do sofrimento para ser purificada como o
ouro no fogo (cf. 1Pd 1,6-7).
Em outras
palavras, a nossa cruz não é salvação em si mesma, não é nem poder, nem
sabedoria; por si mesma, é pura obra humana, ou até mesmo um castigo. Torna-se
poder e sabedoria de Deus enquanto – acompanhada pela fé, por disposição de
Deus mesmo – nos une à cruz de Cristo. “Sofrer significa tornar-se
particularmente receptivo, particularmente aberto à ação das forças salvíficas
de Deus, oferecidas em Cristo à humanidade” [3]. O sofrimento une à cruz de
Cristo de maneira não só intelectual, mas existencial e concreta; é uma espécie
de canal, de caminho para chegar à cruz de Cristo, não à margem da fé, mas
fazendo uma coisa só com ela.
“Esperou
contra toda a esperança”
Mas agora
devemos ampliar nosso horizonte. Para o evangelista João que relata o episódio,
a cruz de Cristo não é apenas o momento da morte de Cristo, mas também o de sua
“glorificação” e triunfo. A ressurreição já está operando no sinal do Espírito
que é derramado (cf. Jo 7, 37-39; 19,34). Portanto, no Calvário, Maria
compartilhou com o Filho não apenas a morte, mas também os primeiros frutos da
ressurreição. Não seria completa uma imagem de Maria aos pés da cruz
simplesmente como Nossa Senhora das Dores, como sugerida pelo “Stabat Mater”,
“triste, aflita e chorando”. No Calvário, ela não é só a “Mãe das Dores”, mas é
também a Mãe da esperança, “Mater Spei”, como a invoca a Igreja num de
seus hinos.
São Paulo
afirma que Abraão acreditou esperando contra toda esperança (Rm
4,18). O mesmo deve-se dizer, com maior razão, de Maria junto da cruz: ela
acreditou esperando contra toda a esperança. Esperar contra toda a esperança
significa sem ter nenhum motivo de esperança, numa situação humanamente de
total desesperança, continuar esperando unicamente por causa da palavra de
esperança pronunciada por Deus. Como Abraão, de uma maneira que não podemos
explicar (e que talvez nem ela conseguisse explicar para si mesma), também
Maria acreditou que Deus era poderoso para ressuscitar o seu Filho “até da
morte” (cf. Hb 11,19).
Um texto
do Concilio Vaticano II menciona esta esperança de Maria junto da cruz como um
elemento determinante da sua vocação materna. Diz que, junto da cruz, “de modo
inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela
cooperou na obra do Salvador” [4].
Agora,
voltemos nosso olhar para a Igreja, isto é, para nós. Das três realidades que a
Igreja comemora no tríduo pascal - escreveu Santo Agostinho - crucifixão,
sepultamento e ressurreição do Senhor, “nós, na vida presente, realizamos o que
está significado na crucifixão, enquanto afirmamos pela fé e pela esperança o
que está significado no sepultamento e na ressurreição” [5]. Também a Igreja,
como Maria, vive a ressurreição “em esperança”. Também para ela a cruz é objeto
de experiência, enquanto que a ressurreição é objeto de esperança.
Como
Maria esteve perto do Filho crucificado, assim a Igreja é chamada a ficar perto
dos crucificados de hoje: dos pobres, dos sofredores, dos humilhados e dos
ofendidos. E como vai ficar perto deles a Igreja? Em esperança, como Maria. Não
é suficiente compadecer-se das suas penas ou mesmo procurar suavizá-las. E
muito pouco. Isso todos podem fazer, também os que não conhecem a ressurreição.
A Igreja deve dar esperança, proclamando que o sofrimento não é absurdo, mas
tem um sentido porque haverá uma ressurreição da morte. Ela deve dar razão da
esperança que possui (cf. 1Pd 3,15).
Os homens
precisam da esperança para viver, como do oxigênio para respirar. A Igreja
também precisa de esperança para continuar sua jornada pela história e não se
sentir esmagada pela contrariedade. Na audiência geral de 11 de março – a
última pública antes da suspensão devido ao coronavírus –, o Papa Francisco
pediu que vivêssemos esse período de provação “com coragem, responsabilidade e
esperança”. Acima de tudo, gostaria de acolher seu apelo à esperança.
A
esperança, por muito tempo, foi e continua sendo a irmã menor e a prima pobre
dentre as virtudes teologais. O poeta Charles Péguy tem uma bela imagem a esse
respeito. Ele diz que as três virtudes teologais - fé, esperança e caridade -
são como três irmãs: duas adultas e uma ainda criança. Elas andam juntas pela
rua de mãos dadas, as duas maiores nas laterais e a garotinha no centro. A
menina, claro, é a esperança. Todo o mundo que os vê diz: “Certamente são os
dois adultos que arrastam a garota para o centro!”. Eles estão errados: é a
menininha Esperança que arrasta as duas irmãs, porque se parar a esperança,
tudo para [6].
É preciso
- como diz o poeta - que nos tornemos “cúmplices da menina esperança”. Tu
esperaste algo ardentemente, uma intervenção de Deus, e nada aconteceu?
Voltaste a esperar uma próxima vez, e ainda nada? Tudo continuou como antes,
apesar de muitas súplicas e de muitas lágrimas e, talvez, até de muitos sinais
de que serias ouvido? Continua esperando, espera ainda mais uma vez, espera
sempre, até o fim. Torna-te cúmplice da esperança.
Tornar-se
cúmplice da esperança significa permitir que Deus o iluda, que o engane aqui na
terra quantas vezes ele quiser. E mais: significa estar contente, em alguma
parte mais profunda do próprio coração, que Deus não o tenha escutado a
primeira nem a segunda vez, e que continue a não o escutar, pois assim pode
dar-lhe uma prova a mais, fazer um ato de esperança a mais, cada vez mais
difícil. Ele lhe concedeu uma graça bem maior do que a pedida: a graça de
esperar nele. Ele tem a eternidade para compensar o atraso!
Mas é
preciso prestar atenção. A esperança não é só uma bela e poética disposição
interior que, por mais difícil que seja, acaba deixando a pessoa inerte e sem
nenhuma tarefa real, sendo, por isso mesmo, estéril. Pelo contrário, esperar
significa descobrir que ainda há algo que se possa fazer, uma tarefa a ser
cumprida; que não estamos, pois, condenados à inutilidade e à inércia
paralisante.
Mesmo que
não houvesse, pois, nada mais que pudéssemos fazer para mudar uma situação
difícil, restaria sempre uma grande tarefa a se cumprir, que nos manteria
bastante empenhados e livres do desespero: a tarefa de tudo suportar com
paciência até o fim. Esta foi a grande “tarefa” que Maria levou a termo
esperando junto da cruz, e nisso ela agora está pronta para ajudar também a
nós.
Vemos na
Bíblia alguns ímpetos de esperança. Um deles se encontra na terceira
Lamentação, canto da alma na maior desolação, e que pode ser aplicada quase
completamente a Maria aos pés da cruz:
“Eu sou a
pessoa que conheceu a aflição sob a vara do seu furor. Deus me fez caminhar nas
trevas e não na claridade; cercou-me com um muro para que não possa sair. Não
obstante os meus gritos e apelos, ele rejeita a minha prece. E eu disse:
Desapareceu a minha força, a minha esperança no Senhor”.
Mas eis o
ímpeto de esperança que revira tudo. A certa altura, o orante diz para si
mesmo: “A misericórdia do Senhor não se esgotou; por isso esperarei nele!
Porque o Senhor não repele para sempre. Após haver afligido, tem compaixão.
Talvez se encontre ainda esperança” (cf. Lm 3,1-32). A partir do momento em que
profeta decide voltar à esperança, o tom muda: o lamento se transforma em uma
expectativa confiante da intervenção de Deus.
Dirijamos
nosso olhar, mais uma vez, àquela que soube permanecer junto da cruz, esperando
contra toda a esperança. Invoquemos Maria como mãe da esperança com as palavras
de um antigo hino da Igreja:
Salve
Mater misericordiae,
Mater
Dei, et mater veniae,
Mater
Spei, et mater gratiae,
Mater
plena sanctae laetitiae,
O MARIA!
Ave, Mãe
da misericórdia,
Mãe de
Deus e Mãe do perdão,
Mãe da
Esperança e Mãe da Graça,
Mãe cheia
de santa alegria,
Ó MARIA!
Notas:
[1] Lumen
gentium, 58.
[2] Imitação de Cristo, II, 12,7.
[3] S.
João Paulo II, Salvifici doloris, 23 (AAS 76, 1984, p.231).
[4] Lumen
gentium, 61.
[5] Sto.
Agostinho, Cartas, 55, 14.
[6]
Charles Péguy, Le Porche du mystère de la deuxième vertu, Œuvres
poétiques complètes, p. 655.
Fonte: Vatican News
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