quinta-feira, 31 de outubro de 2019

XIV Catequese do Papa sobre os Atos dos Apóstolos

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Atos dos Apóstolos (14)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Lendo os Atos dos Apóstolos se vê como o Espírito Santo é protagonista da missão da Igreja: é Ele que guia o caminho dos evangelizadores, mostrando-lhes a estrada a seguir.
Vemos isso claramente quando o apóstolo Paulo, tendo alcançado Trôade, recebe uma visão. Um macedônio implora: “Venha para a Macedônia e ajude-nos” (At 16,9). O povo da Macedônia do Norte é orgulhoso disso, tão orgulhoso de ter chamado Paulo para que fosse ele a anunciar Jesus Cristo. Lembro-me tanto daquele belo povo que me acolheu de modo caloroso: que conservem esta fé que Paulo lhes pregou! O apóstolo não hesitou e partiu para a Macedônia, certo de que foi o próprio Deus quem o enviou, e chega a Filipos, “colônia romana” (At 16,12) pela via Egnatia, para pregar o Evangelho. Paulo permanece ali por vários dias.
Três acontecimentos caracterizam sua estadia em Filipos, durante esses três dias: três eventos importantes. 1) Evangelização e batismo de Lídia e sua família; 2) a prisão que ele sofre, juntamente com Silas, depois de ter exorcizado uma escrava explorada por seus senhores; 3) a conversão e o Batismo de seu carcereiro e sua família. Vejamos esses três episódios na vida de Paulo.
A potência do Evangelho se dirige, antes de tudo, às mulheres de Filipos, em particular a Lídia, uma mercadora de púrpura, da cidade de Tiatira, crente em Deus a quem o Senhor abre seu coração “para aderir às palavras de Paulo” (At 16,14). Lídia, de fato, acolhe Cristo, recebe o Batismo junto com sua família e acolhe aqueles que são de Cristo, recebendo Paulo e Silas em sua casa. Aqui temos o testemunho do desembarque do cristianismo na Europa: o início de um processo de inculturação que dura até hoje. Este processo entrou pela Macedônia.
Depois do calor experimentado na casa de Lídia, Paulo e Silas se veem lidando com a dureza da prisão: eles passam do consolo dessa conversão de Lídia e sua família para a desolação da prisão, onde são jogados por terem libertado em nome de Jesus, “uma escrava que tinha um espírito de adivinhação” e “proporcionava grande lucro a seus senhores” com a adivinhação (At 16,16).
Seus senhores lucravam tanto e esta pobre escrava fazia isso que fazem os adivinhos: adivinhava-te o futuro, lia tuas mãos - como a música diz: “pegue esta mão, cigana” -, e as pessoas pagavam. Ainda hoje, queridos irmãos e irmãs, há pessoas que pagam por isso. Eu me recordo na minha diocese, em um parque muito grande, havia mais de 60 mesas onde havia adivinhos e adivinhas, que liam sua mão e as pessoas acreditavam nessas coisas! E pagavam. E isso também acontecia na época de São Paulo. Seus patrões, em retaliação, denunciam Paulo e levam os apóstolos a magistrados por acusações de desordem pública.
Mas o que acontece? Paulo está no cárcere e durante sua prisão, no entanto, ocorre um evento surpreendente. Está em desolação, mas em vez de lamentar, Paulo e Silas cantam um louvor a Deus e esse louvor libera um poder que os liberta: durante a oração, um terremoto sacode os alicerces da prisão, as portas se abrem e as correntes de todos caem (At 16,25-26). Como a oração de Pentecostes, mesmo a que é feita na prisão causa efeitos prodigiosos.
O carcereiro, acreditando que os prisioneiros haviam fugido, estava prestes a cometer suicídio, porque os carcereiros pagavam com sua própria vida se fugisse um prisioneiro; mas Paulo grita para ele: “Estamos todos aqui!” (At 16,27-28). Então ele pergunta: “O que devo fazer para ser salvo?” (v. 30). A resposta é: “Crê no Senhor Jesus e você e sua família serão salvos” (v. 31). Nesse ponto, a mudança ocorre: no coração da noite, o carcereiro ouve a palavra do Senhor com sua família, acolhe os apóstolos, lava suas feridas - porque foram espancadas - e junto com os seus recebe o Batismo; então, “cheio de alegria com toda a sua família por ter crido em Deus” (v. 34), ele prepara a mesa e convida Paulo e Silas para ficar com eles: o momento de consolo! No coração da noite desse carcereiro anônimo, a luz de Cristo brilha e derrota as trevas: as correntes do coração caem sobre ele e sua família uma alegria nunca sentida. Assim, o Espírito Santo está cumprindo a missão: desde o início, a partir de Pentecostes, Ele é o protagonista da missão. E nos leva adiante, precisamos ser fiéis à vocação que o Espírito nos move a fazer. Para levar o Evangelho.
Peçamos também nós hoje ao Espírito Santo um coração aberto, sensível a Deus e hospitaleiro para com os irmãos, como o de Lídia, e uma fé ousada, como a de Paulo e Silas, e também uma abertura de coração, como a do carcereiro que se deixa tocar pelo Espírito Santo.


Fonte: Canção Nova

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