terça-feira, 29 de outubro de 2019

Ângelus do Papa: XXX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 27 de  outubro de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A Missa celebrada esta manhã em São Pedro encerrou a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica. A primeira leitura, do Livro do Eclesiástico, recordou-nos o ponto de partida deste caminho: a invocação do pobre, que «penetrará as nuvens», porque «o Senhor ouvirá a oração do oprimido» (Eclo 35,21.16). O grito do pobre, juntamente com o grito da terra, veio até nós da Amazônia. Depois destas três semanas, não podemos fingir que não o ouvimos. As vozes dos pobres, juntamente com as de muitos outros dentro e fora da Assembleia sinodal - pastores, jovens, cientistas - impelem-nos a não ficar indiferentes. Ouvimos muitas vezes a frase «mais tarde é tarde demais»: esta frase não pode continuar a ser um slogan.
O que foi o Sínodo? Foi, como diz a palavra, um caminhar juntos, confortados pela coragem e pelas consolações que vêm do Senhor. Caminhamos fitando-nos nos olhos e ouvindo-nos com sinceridade, sem esconder dificuldades, experimentando a beleza de ir adiante juntos, para servir. O Apóstolo Paulo estimula-nos  a isto na segunda leitura de hoje: num momento dramático para ele, quando sabe que «está pronto para o sacrifício - isto é, justiçado - e que o tempo da sua partida já se aproxima» (cf. 2Tm 4,6), escreve, naquele momento: «O Senhor assistiu-me e deu-me forças, a fim de que a Palavra fosse anunciada por mim e os gentios a ouvissem» (v. 17). Este é o último desejo de Paulo: não algo para si mesmo ou para um dos seus, mas para o Evangelho, para que seja anunciado a todas as nações. Isto vem antes de tudo e conta acima de tudo. Cada um de nós deve ter-se perguntado muitas vezes o que fazer de bom pela própria vida; hoje é o momento; perguntemo-nos: «Que posso eu fazer de bom pelo Evangelho?».
No Sínodo fizemos esta pergunta, desejando abrir novos caminhos ao anúncio do Evangelho. Só se anuncia aquilo que se vive. E para viver de Jesus, para viver do Evangelho, é preciso sair de si mesmo. Sentimo-nos estimulados fazer-nos ao largo, a deixar as margens confortáveis dos nossos portos seguros para entrar em águas profundas: não nas águas pantanosas das ideologias, mas no mar aberto onde o Espírito nos convida a lançar as nossas redes.
Para o caminho futuro, invoquemos a Virgem Maria, venerada e amada como Rainha da Amazônia. Tornou-se tal não conquistando, mas “inculturando-se”: com a humilde coragem da mãe, tornou-se protetora dos seus filhos, defensora dos oprimidos. Indo sempre ao encontro da cultura dos povos. Não há uma cultura padrão, não há uma cultura pura, que purifique as outras; há o Evangelho, puro, que é inculturado. A ela, que na casa pobre de Nazaré cuidava de Jesus, confiemos os filhos mais pobres e a nossa casa comum.


Fonte: Santa Sé

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