Papa
Francisco
Regina
Coeli
Domingo, 1º de maio de 2016
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (Jo 14,23-29) reconduz-nos ao Cenáculo. Durante a Última Ceia,
antes de enfrentar a Paixão e a Morte na cruz, Jesus promete aos Apóstolos o
dom do Espírito Santo, que terá a tarefa de ensinar e de recordar as suas
palavras à comunidade dos discípulos. O próprio Jesus o diz: «O Paráclito, o
Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, Ele vos ensinará todas as coisas
e vos recordará tudo o que vos tenho dito» (v. 26). Ensinar e
recordar. É isto que o Espírito Santo faz nos nossos corações.
No momento em que se prepara para voltar para o Pai, Jesus prenuncia a
vinda do Espírito que, antes de tudo, ensinará os discípulos a compreender
sempre melhor o Evangelho, a aceitá-lo na sua existência e a torná-lo vivo e
ativo com o testemunho. Quando confia aos Apóstolos - que significa
precisamente «enviados» - a missão de levar o anúncio do Evangelho a todo o
mundo, Jesus promete que não permanecerão sozinhos: estará com eles o Espírito
Santo, o Paráclito, que se colocará ao seu lado, aliás, estará neles, para defendê-los e apoiá-los. Jesus volta para o Pai mas continua a acompanhar e a ensinar
os seus discípulos mediante o dom do Espírito Santo.
O segundo aspecto da missão do Espírito Santo consiste em ajudar os
Apóstolos a recordar as palavras de Jesus. O Espírito tem a tarefa de despertar
a memória, de recordar as palavras de Jesus. O Mestre divino já comunicou tudo
o que pretendia confiar aos Apóstolos: com Ele, Verbo encarnado, a revelação
está completa. O Espírito fará recordar os ensinamentos de Jesus nas diversas
circunstâncias concretas da vida, para poder pô-los em prática. É precisamente
o que acontece ainda hoje na Igreja, guiada pela luz e pela força do Espírito
Santo, para que possa levar a todos o dom da salvação, ou seja, o amor e a
misericórdia de Deus. Por exemplo, quando ledes todos os dias - como vos
aconselhei - um trecho, um excerto do Evangelho, pedi ao Espírito Santo: «Que
eu compreenda e recorde estas palavras de Jesus». E depois lede o trecho, todos
os dias... Mas primeiro, aquela oração ao Espírito, que está no nosso coração:
«Que eu recorde e compreenda».
Nós não estamos sozinhos: Jesus está ao nosso lado, no meio de nós, dentro
de nós! A sua nova presença na história verifica-se mediante o dom do Espírito
Santo, por meio do qual é possível instaurar uma relação viva com Ele, Crucificado e Ressuscitado. O Espírito, infundido em nós com os Sacramentos do
Batismo e da Confirmação, age na nossa vida. Ele guia o nosso modo de pensar,
agir, distinguir o que é bom e o que é mau; ajuda-nos a praticar a caridade de
Jesus, o seu doar-se aos outros, sobretudo aos mais necessitados.
Não estamos sozinhos! E o sinal da presença do Espírito Santo é também a
paz que Jesus concede aos seus discípulos: «Dou-vos a minha paz» (v. 27). Ela é
diversa da que os homens desejam ou procuram realizar. A paz de Jesus brota da
vitória sobre o pecado, sobre o egoísmo que nos impede de nos amarmos como irmãos.
É dom de Deus e sinal da sua presença. Cada discípulo, chamado hoje a seguir
Jesus carregando a cruz, recebe em si a paz do Crucificado, Morto e
Ressuscitado na certeza da sua vitória e na expectativa da sua vinda
definitiva.
A Virgem Maria nos ajude a acolher com docilidade o Espírito Santo como
Mestre interior e como Memória viva de Cristo no caminho diário.
Fonte: Santa Sé.
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