quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2016

No dia 14 de setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião para propor, de maneira retrospectiva, as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Francisco junto ao Coliseu romano na Sexta-feira Santa de 2016, Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

As meditações foram preparadas pelo Cardeal Gualtiero Bassetti, então Arcebispo de Perugia - Città della Pieve (desde 2022 Arcebispo Emérito), Cardeal Presbítero do Título de Santa Cecília in Trastevere.

Como ilustrações, propomos as estações realizadas pelo escultor Ubaldo Ferretti para o Santuário da Madonna dello Splendore em Giulianova (Itália).

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 25 de março de 2016

«Deus é Misericórdia»
Meditações do Cardeal Gualtiero Bassetti

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.


Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

«Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação!» (2Cor 1,3).
Neste Jubileu Extraordinário, também a Via Sacra da Sexta-feira Santa nos atrai com uma força especial, a força da misericórdia do Pai Celeste, que quer derramar sobre todos nós o seu Espírito de graça e consolação.
A misericórdia é o canal da graça que, de Deus, chega a todos os homens e mulheres de hoje. Homens e mulheres frequentemente perdidos e confusos, materialistas e idólatras, pobres e sós. Membros de uma sociedade que parece ter feito desaparecer o pecado e a verdade.
«Contemplarão aquele a quem transpassaram» (Zc 12,10): se cumpram também em nós, nesta noite, as palavras proféticas de Zacarias! Que o olhar se eleve das nossas infinitas misérias para se fixar n’Ele, Cristo Senhor, Amor Misericordioso. Então poderemos encontrar o seu rosto e ouvir as suas palavras: «Amei-te com um amor eterno» (Jr 31,3). Ele, com o seu perdão, apaga os nossos pecados e nos abre o caminho da santidade, no qual abraçaremos a nossa cruz, juntamente com Ele, por amor dos irmãos. A fonte que lavou o nosso pecado se tornará em nós «uma fonte de água que jorra para a vida eterna» (Jo 4,14).

Breve pausa de silêncio.

Oremos:
Eterno Pai, através da Paixão do vosso dileto Filho, quisestes revelar-nos o vosso coração e dar-nos a vossa misericórdia. Fazei que, unidos a Maria, sua e nossa Mãe, saibamos acolher e guardar sempre o dom do amor. Seja ela, Mãe da Misericórdia, a apresentar-vos as orações que vos elevamos por nós e por toda a humanidade, para que a graça desta Via Sacra chegue a cada coração humano e nele infunda nova esperança, aquela esperança indestrutível que irradia da Cruz de Jesus, que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,14-15)
Pilatos perguntou: “Mas que mal Ele fez?”. Eles, porém, gritaram com mais força: “Crucifica-o!”. Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.


Jesus está sozinho diante do poder deste mundo. E submete-se completamente à justiça dos homens.
Pilatos depara-se com um mistério que é incapaz de compreender. Questiona-se e pede explicações. Procura uma solução e chega, talvez, ao limiar da verdade. Mas opta por não o atravessar. Entre a vida e a verdade, escolhe a própria vida. Entre o hoje e a eternidade, escolhe o hoje.
A multidão escolhe Barrabás e abandona Jesus. A multidão quer a justiça na terra e escolhe o justiceiro: aquele que poderia libertá-los da opressão e do jugo da escravidão. Mas a justiça de Jesus não se realiza com uma revolução: passa através do escândalo da cruz. Jesus subverte qualquer plano de libertação, porque toma sobre si o mal do mundo e não responde ao mal com o mal. E isto... os homens não o compreendem. Não compreendem que de uma derrota do homem possa derivar a justiça de Deus.
Hoje, cada um de nós é parte integrante desta multidão que grita: «Crucifica-o». Ninguém pode sentir-se excluído. Com efeito, a multidão e Pilatos estão dominados por um sentimento interior que associa todos os homens: o medo. O medo de perder as próprias seguranças, os próprios bens, a própria vida. Mas Jesus indica outra estrada.

Senhor Jesus, como nos sentimos parecidos com estes personagens! Há tanto medo na nossa vida! Temos medo do diferente, do estrangeiro, do migrante. Sentimos temor do futuro, dos imprevistos, da miséria. Tanto medo nas nossas famílias, nos locais de trabalho, nas nossas cidades... E talvez tenhamos medo também de Deus: aquele medo do juízo divino que nasce da pouca fé, da falta de conhecimento do seu coração, da incerteza a respeito da sua misericórdia.
Senhor Jesus, condenado pelo medo dos homens, livrai-nos do temor do vosso juízo. Fazei que o grito das nossas angústias não nos impeça de sentir a força suave do vosso convite: «Não tenhais medo!».

Pai nosso...


II Estação: Jesus é carregado com a cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,20)
Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.


O medo proferiu a sentença, mas não pode dar-se a conhecer e esconde-se por trás dos comportamentos do mundo: escárnio, humilhação, violência e zombaria. Agora Jesus é revestido com as suas roupas, com a sua simples humanidade, dolorosa e sanguinolenta, já sem qualquer «púrpura», nem qualquer sinal da sua divindade. E assim o apresenta Pilatos: «Ecce homo!», «Eis o homem!» (Jo 19,5).
Esta é a condição de quem segue Cristo. O cristão não procura o aplauso do mundo, nem o consenso das praças. O cristão não adula nem diz mentiras para conquistar o poder. O cristão aceita o escárnio e as humilhações que derivam do amor à verdade.
«O que é a verdade?» (Jo 18,38), perguntara Pilatos a Jesus. Esta é a pergunta de todos os tempos. É a pergunta de hoje. Eis a verdade: a verdade do Filho do homem predito pelos Profetas (cf. Is 52,13–53,12), um rosto humano desfigurado que revela a fidelidade de Deus.
Muitas vezes, porém, andamos à procura de uma verdade barata, que torne nossa vida cômoda, que dê resposta às nossas inseguranças ou mesmo satisfaça os nossos interesses mais baixos. Desta forma, acabamos por nos contentar com verdades parciais e aparentes, deixando-nos enganar pelos «profetas da desgraça, que sempre anunciam o pior» (São João XXIII), ou por encantadores de serpentes que anestesiam o nosso coração com músicas aduladoras que nos afastam do amor de Cristo.
O Verbo de Deus se fez homem, veio contar-nos toda a verdade sobre Deus e o homem. Deus é aquele que toma a cruz sobre os seus ombros (cf. Jo 19,17) e segue pelo caminho do dom misericordioso de si mesmo. E o homem, que se realiza na verdade, é aquele que o segue neste mesmo caminho.

Senhor Jesus, concedei-nos a graça de vos contemplar na teofania da cruz, o ponto mais alto da vossa revelação, e de reconhecer, no esplendor misterioso do vosso rosto, também os traços do nosso rosto.

Pai nosso...

Cuius animam gementem, contristatam et dolentem, pertransivit gladius.

III Estação: Jesus cai pela primeira vez

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,4.7)
A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! (...) Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca.


Jesus é o Cordeiro, anunciado pelo profeta, que tomou sobre os ombros o pecado da humanidade inteira. Tomou sobre si a fraqueza do amado, as suas dores e crimes, as suas iniquidades e maldições. Chegamos ao ponto extremo da Encarnação do Verbo. Mas há um ponto ainda mais baixo: Jesus cai sob o peso desta cruz. Um Deus que cai!
Nesta queda, temos Jesus que dá sentido ao sofrimento dos seres humanos. Para o homem, o sofrimento é, às vezes, um absurdo, é incompreensível para a mente, um prenúncio de morte. Há situações de sofrimento que parecem negar o amor de Deus. Onde estava Deus nos campos de extermínio? Onde está Deus nas minas e nas fábricas onde trabalham as crianças como escravas? Onde está Deus nas balsas que afundam no Mediterrâneo?
Jesus cai sob o peso da cruz, mas não fica esmagado. Ali está Cristo. Escória entre as escórias. Último com os últimos. Náufrago entre os náufragos.
Deus tomou tudo isto sobre si. Um Deus que, por amor, renuncia a mostrar a sua onipotência. Mas mesmo assim, precisamente assim, caído na terra como um grão de trigo, Deus é fiel a si mesmo: fiel no amor.

Nós vos pedimos, Senhor, por todas as situações de sofrimento que parecem não ter sentido, pelos judeus mortos nos campos de extermínio, pelos cristãos mortos por ódio à fé, pelas vítimas de toda a perseguição, pelas crianças que são escravizadas no trabalho, pelos inocentes que morrem nas guerras.
Fazei-nos compreender, Senhor, quão grande liberdade e força interior existem nesta revelação inédita da vossa divindade, tão humana que cai sob a cruz dos pecados do homem, tão divinamente misericordiosa que derrota o mal que nos oprimia.

Pai nosso...

O quam tristis et afflicta fuit illa benedicta Mater Unigeniti!

IV Estação: Jesus encontra sua Mãe

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 2,34-35.51)
Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. (...) Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.


Deus quis que a vida viesse ao mundo através das dores do parto: através dos sofrimentos de uma mãe que dá a vida ao mundo. Todos precisam de uma Mãe, inclusive Deus. «O Verbo se fez carne» (Jo 1,14) no ventre de uma Virgem. Maria o acolheu, o deu à luz em Belém, o envolveu em panos, o defendeu e ajudou a crescer com o calor do seu amor, e chegou juntamente com Ele à sua «hora».
Agora, no Calvário, cumpre-se a profecia de Simeão: uma espada transpassa-lhe a alma. Maria revê o Filho, desfigurado e exausto sob o peso da cruz. Olhos lacrimosos, aqueles da Mãe, que participa completamente no sofrimento do Filho, mas olhos também cheios de esperança, que, desde o dia do seu «sim» ao anúncio do anjo (cf. Lc 1,26-38), não deixaram jamais de refletir aquela luz divina que resplandece mesmo neste dia de sofrimento.
Maria é esposa de José e mãe de Jesus. Ontem, como hoje, a família é o coração pulsante da sociedade, célula inalienável da vida comum; arquitrave insubstituível das relações humanas; amor para sempre, que salvará o mundo.
Maria é mulher e mãe. Gênio feminino e ternura. Sabedoria e caridade. Como Mãe de todos, Maria é «sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto», é «a missionária que se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida» e, «como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus» (Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 286).

Ó Maria, Mãe do Senhor, tu foste, para o teu divino Filho, o primeiro reflexo da misericórdia do seu Pai, aquela misericórdia que lhe pediste para manifestar em Caná. Agora que o teu Filho nos revela o Rosto do Pai até às extremas consequências do amor, segues, em silêncio, os seus passos, primeira discípula da cruz.
Ó Maria, Virgem fiel, cuida de todos os órfãos da Terra, protege todas as mulheres, objeto de exploração e violência. Suscita mulheres corajosas em prol do bem da Igreja. Inspira cada mãe a educar os seus filhos na ternura do amor de Deus, e, na hora da provação, a acompanhar o seu caminho com a força silenciosa da sua fé.

Pai nosso...

Quae maerebat et dolebat, pia Mater, dum videbat Nati poenas incliti.

V Estação: Jesus é ajudado por Simão de Cirene a levar a Cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,21-22)
Os soldados obrigaram certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”.


Na história da salvação aparece um homem desconhecido. Simão de Cirene, um trabalhador que voltava dos campos, é forçado a levar a cruz. Mas é precisamente nele que, em primeiro lugar, atua a graça do amor de Cristo que passa através daquela cruz. E Simão, forçado a levar um peso contra vontade, se tornará um discípulo do Senhor.
O sofrimento, quando bate à nossa porta, nunca é esperado. Aparece sempre como uma constrição, às vezes até como uma injustiça. E pode encontrar-nos dramaticamente despreparados. Uma doença poderia arruinar os nossos planos de vida. Um filho com deficiência poderia turbar os sonhos de uma maternidade tão desejada. Mas aquela tribulação não desejada bate, prepotentemente, ao coração do ser humano. Como nos comportamos perante o sofrimento de uma pessoa amada? Quanta atenção prestamos ao grito de quem sofre, mas vive longe de nós?
O Cireneu ajuda-nos a entrar na fragilidade da alma humana e põe em evidência outro aspecto da humanidade de Jesus: até o Filho de Deus precisou de alguém que o ajudasse a levar a cruz. Quem é, então, o Cireneu? É a misericórdia de Deus, que se torna presente na história dos seres humanos. Deus suja as mãos conosco, com os nossos pecados e as nossas fraquezas. Não se envergonha. E não nos abandona.

Senhor Jesus, nós vos damos graças por este dom que excede todas as expectativas e nos revela a vossa misericórdia. Amastes-nos não só até ao ponto de nos dar a salvação, mas até nos tornar instrumento de salvação. Enquanto a vossa cruz dá sentido a cada uma das nossas cruzes, nos é dada a graça suprema da vida: participar ativamente no mistério da redenção, ser instrumento de salvação para os nossos irmãos.

Pai nosso...

Quis est homo qui non fleret, Matrem Christi si videret in tanto supplicio?

VI Estação: A Verônica limpa o rosto de Jesus

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,2-3)
Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.


No meio do alvoroço da multidão que assiste à subida de Jesus para o Calvário, aparece Verônica, uma mulher sem rosto, sem história. Todavia, uma mulher corajosa, pronta a escutar o Espírito e seguir as suas inspirações, capaz de reconhecer a glória do Filho de Deus no rosto desfigurado de Jesus, e perceber o seu convite: «Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor igual à dor que me atormenta» (Lm 1,12).
O amor, que esta mulher encarna, nos deixa sem palavras. O amor a torna forte para desafiar os guardas, superar a multidão, aproximar-se do Senhor e realizar um gesto de compaixão e de fé: deter o sangue das feridas, limpar as lágrimas do sofrimento, contemplando aquele rosto desfigurado, por trás do qual está escondido o rosto de Deus.
Instintivamente somos levados a fugir do sofrimento, porque o sofrimento nos causa repulsa. Quantos rostos desfigurados pelas aflições da vida se cruzam conosco e, com muita frequência, viramos o olhar para o outro lado. Como é possível não ver o rosto do Senhor no rosto dos milhões de deslocados, refugiados, desterrados que fogem desesperadamente do horror das guerras, perseguições e ditaduras? Para cada um deles, com o seu rosto irrepetível, Deus sempre se manifesta como um socorrista corajoso. Como Verônica, a mulher sem rosto, que limpou amorosamente o rosto de Jesus.

«Senhor, é o vosso rosto que eu procuro» (Sl 26,8). Ajudai-me a encontrá-lo nos irmãos que percorrem a estrada do sofrimento e da humilhação. Fazei que eu saiba limpar as lágrimas e o sangue dos vencidos de cada tempo, de quantos a sociedade rica e leviana descarta sem escrúpulo. Fazei que por detrás de cada rosto, mesmo o do homem mais abandonado, eu possa vislumbrar o vosso rosto de beleza infinita.

Pai nosso...

Quis non posset contristari, Christi Matrem contemplari, dolentem cum Filio?

VII Estação: Jesus cai pela segunda vez

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,5)
Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura.


Jesus cai novamente. Esmagado, mas não morto pelo peso da cruz. Mais uma vez põe a descoberto a sua humanidade. É uma experiência no limite da impotência, de vergonha diante de quem zomba d’Ele, de humilhação perante quem esperara n’Ele. Ninguém gostaria jamais de cair por terra e experimentar o fracasso. Especialmente na frente de outras pessoas.
Muitas vezes os homens rebelam-se contra a ideia de não ter poder, de não ser capazes de levar a vida por diante. Jesus, ao contrário, encarna o «poder dos sem poder». Experimenta o tormento da cruz e a força salvífica da fé. Só Deus pode nos salvar. Só Ele pode transformar um sinal de morte em uma cruz gloriosa.
Se Jesus caiu segunda vez por terra, pelo peso do nosso pecado, então aceitemos também cair, ter caído e poder ainda cair pelos nossos pecados. Reconheçamos que não podemos salvar-nos sozinhos com as nossas forças.

Senhor Jesus, que aceitastes a humilhação de cair novamente à vista de todos, queremos não só contemplar-vos enquanto estais no pó, mas fixar em Vós o nosso olhar, da mesma posição, também nós no chão, caídos pelas nossas fraquezas. Dai-nos a consciência do nosso pecado, aquela vontade de nos levantarmos que nasce da contrição. Dai à vossa Igreja a consciência do sofrimento. De modo particular dai aos ministros da Reconciliação o dom das lágrimas pelo seu pecado. Como poderiam invocar sobre si e sobre os outros a vossa misericórdia se antes não soubessem chorar as suas próprias culpas?

Pai nosso...

Pro peccatis suae gentis, vidit Iesum in tormentis, et flagellis subditum.

VIII Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-28)
Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se e disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!”.


Embora esteja destroçado pela dor e busque refúgio no Pai, Jesus sente compaixão pelo povo que o segue e fala diretamente às mulheres que o acompanham no caminho do Calvário. E as suas palavras são um forte apelo à conversão.
Não choreis por mim - diz o Nazareno - porque Eu estou fazendo a vontade do Pai, mas chorai por vós, por todas as vezes que não fazeis a vontade de Deus.
É o Cordeiro de Deus que fala e que, carregando aos ombros o pecado do mundo, purifica o olhar destas mulheres, já voltado para Ele, mas ainda de modo imperfeito. «Que devemos fazer?»: parece gritar o pranto destas mulheres diante do Inocente. É a mesma pergunta que as multidões puseram ao Batista (cf. Lc 3,10) e que hão de repetir, em seguida, os ouvintes de Pedro depois do Pentecostes, emocionadas até ao fundo do coração: «Que devemos fazer» (At 2,37).
A resposta é simples e clara: «Convertei-vos». Uma conversão pessoal e comunitária: «Orai uns pelos outros para serdes curados» (Tg 5,16). Não há conversão sem a caridade. E a caridade é a maneira de ser Igreja.

Senhor Jesus, a vossa graça sustente o nosso caminho de conversão para retornar a Vós, em comunhão com os nossos irmãos, pelo bem dos quais vos pedimos: dai-nos as vossas próprias entranhas de misericórdia, entranhas maternas, que nos tornem capazes de sentir ternura e compaixão uns pelos outros, e de chegar também ao dom de nós mesmos pela salvação do próximo.

Pai nosso...

Eia, Mater, fons amoris, me sentire vim doloris fac, ut tecum lugeam.

IX Estação: Jesus cai pela terceira vez

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Da Carta aos Filipenses (Fl 2,6-7)
Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens.


Jesus cai pela terceira vez. O Filho de Deus experimenta em profundidade a condição humana. Com esta queda, Ele entra de forma ainda mais estável na história da humanidade. E acompanha, a todo o momento, a humanidade sofredora. «Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo» (Mt 28,20).
Quantas vezes os homens e as mulheres caem por terra! Quantas vezes os homens, as mulheres e as crianças sofrem por uma família desfeita! Quanta vezes os homens e as mulheres veem a sua dignidade posta em questão, porque não têm trabalho! Quantas vezes os jovens são forçados a levar uma vida precária e perdem a esperança no futuro!
O homem que cai, e que contempla Deus que cai, é um homem que finalmente pode, já sem medo nem desespero, admitir a sua fraqueza e impotência, precisamente porque também Deus a provou em seu Filho. É por misericórdia que Deus se abaixou até este ponto, até jazer no pó da estrada. Pó banhado pelo suor de Adão e pelo sangue de Jesus e de todos os mártires da história; pó abençoado pelas lágrimas de tantos irmãos caídos vítimas da violência e da exploração do homem sobre o homem. Foi a este pó abençoado, ultrajado, violado e roubado pelo egoísmo humano, que o Senhor reservou o seu último abraço.

Senhor Jesus, prostrado nesta terra árida, estais perto de todos os homens que sofrem e infundis nos seus corações a força para se levantarem. Peço-vos, Deus de misericórdia, por todos aqueles que estão por terra, por muitas razões: pecados pessoais, matrimônios fracassados, solidão, perda do emprego, dramas familiares, angústia pelo futuro. Fazei sentir que não estais longe de cada um deles, porque o mais próximo de Vós, que sois a misericórdia encarnada, é o homem que mais sente a necessidade do perdão e continua a esperar contra toda a esperança!

Pai nosso...

Fac ut ardeat cor meum in amando Christum Deum, ut sibi complaceam.

X Estação: Jesus é despojado das suas vestes

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,24)
Então o crucificaram e repartiram as suas vestes, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.


Junto da cruz, sob o olhar do Crucificado e dos ladrões que sofrem, estão os soldados que disputam as vestes de Jesus. É a banalidade do mal.
O olhar dos soldados está longe daquele sofrimento e distante da história que os circunda. Aquilo que está acontecendo parece que não lhes diz respeito. Enquanto o Filho de Deus sofre os suplícios da cruz, eles continuam impavidamente a levar uma vida em que as paixões predominam sobre tudo. É este o grande paradoxo da liberdade que Deus concedeu aos seus filhos. Confrontado com a morte de Jesus, cada homem pode escolher: contemplar Cristo ou «tirar à sorte».
É enorme a distância que separa o Crucificado dos seus carrascos. O interesse mesquinho pelas vestes não lhes permite captar o sentido daquele corpo inerme e desprezado, escarnecido e atormentado, em que se realiza a vontade divina da salvação da humanidade inteira.
Aquele corpo que o Pai «preparou» para o Filho (cf. Sl 39,7; Hb 10,5) agora exprime o amor do Filho pelo Pai e o dom total de Jesus aos homens. Aquele corpo despojado de tudo, exceto do amor, encerra em si o sofrimento imenso da humanidade e descreve todas as suas chagas; sobretudo as mais dolorosas: as chagas das crianças profanadas na sua intimidade.
Aquele corpo mudo e ensanguentado, flagelado e humilhado, indica a estrada da justiça. A justiça de Deus que transforma o sofrimento mais atroz na luz da ressurreição.

Senhor Jesus, quero apresentar-vos toda a humanidade sofredora. Os corpos de homens e mulheres, de crianças e idosos, de doentes e deficientes não respeitados na sua dignidade. Quanta violência, ao longo da história desta humanidade, feriu o que o homem tem de mais seu, algo de sacro e abençoado porque vem de Deus. Nós vos pedimos, Senhor, por quem foi violado no seu íntimo. Por quem não capta o mistério do seu corpo, por quem não o aceita ou deturpa a sua beleza, por quem não respeita a fragilidade e a sacralidade do corpo que envelhece e morre. E que um dia ressuscitará!

Pai nosso...

Sancta Mater, istud agas, crucifixi fige plagas, cordi meo valide.

XI Estação: Jesus é pregado na cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,39-43)
Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”. Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.


Jesus está na cruz, «árvore fecunda e gloriosa», «tálamo, trono e altar» (Hino Vexilla Regis). E, do alto deste trono, ponto de atração do universo inteiro (cf. Jo 12,32), perdoa aos que o crucificam, «porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). Na cruz de Cristo, «balança do grande resgate» (Vexilla Regis), brilha uma onipotência que se despoja, uma sabedoria que se abaixa até à loucura, um amor que se oferece em sacrifício.
À direita e à esquerda de Jesus estão dois malfeitores, provavelmente dois homicidas. Aqueles dois malfeitores falam ao coração de cada ser humano, porque indicam dois modos diferentes de estar na cruz: o primeiro amaldiçoa Deus; o segundo reconhece Deus naquela cruz. O primeiro malfeitor propõe a solução mais cômoda para todos: propõe uma salvação humana e tem um olhar voltado para baixo. Para ele, a salvação significa escapar da cruz e eliminar o sofrimento. É a lógica da cultura do descarte. Pede a Deus que elimine tudo o que não é útil nem digno de ser vivido.
Ao contrário, o segundo malfeitor não mercantiliza uma solução. Propõe uma salvação divina e tem um olhar todo voltado para o céu. Para ele, a salvação significa aceitar a vontade de Deus, mesmo nas piores condições. É o triunfo da cultura do amor e do perdão. É a loucura da cruz, perante a qual toda a sabedoria humana só pode desaparecer e emudecer no silêncio.

Dai-me, ó Crucificado por amor, aquele vosso perdão que esquece e aquela vossa misericórdia que recria. Fazei-me experimentar, em cada Confissão, a graça que me criou à vossa imagem e semelhança e que me recria sempre que coloco a minha vida, com todas as suas misérias, nas mãos compassivas do Pai. Que o vosso perdão ressoe para mim como certeza do amor que me salva, me faz novo e me faz estar convosco para sempre. Então eu serei verdadeiramente um malfeitor perdoado e cada perdão vosso será como um vislumbre do Paraíso, já desde hoje.

Pai nosso...

Tui Nati vulnerati, tam dignati pro me pati poenas mecum divide.

XII Estação: Jesus morre na cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,33-39)
Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte: “Eloi, Eloi, lama sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram: “Vejam, ele está chamando Elias!”. Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, e lhe deu de beber, dizendo: “Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”. Então Jesus deu um forte grito e expirou. Nesse momento a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”.


Escuro ao meio-dia: está acontecendo algo de absolutamente inaudito e imprevisível na terra, mas que não pertence apenas à terra. O homem mata Deus! O Filho de Deus foi crucificado como um malfeitor.
Jesus dirige-se ao Pai gritando as primeiras palavras do Salmo 21. É o grito do sofrimento e da desolação, mas é também o grito da plena «confiança na vitória divina» e da «certeza da glória» (Bento XVI, Catequese, 14 de setembro de 2011).
O grito de Jesus é o grito de cada crucificado da história, do abandonado e do humilhado, do mártir e do profeta, de quem é caluniado e injustamente condenado, de quem está no exílio ou na prisão. É o grito do desespero humano que, no entanto, abre para a vitória da fé que transforma a morte na vida eterna. «Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos, e no meio da assembleia hei de louvar-vos» (Sl 21,23).
Jesus morre na cruz. É a morte de Deus? Não, é a celebração mais alta do testemunho da fé.
O século XX foi chamado o século dos mártires. Exemplos como os de Maximiliano Kolbe e Edith Stein exprimem uma luz imensa. Mas ainda hoje o corpo de Cristo é crucificado em muitas regiões da terra. Os mártires do século XXI são os verdadeiros apóstolos do mundo contemporâneo.
Na grande escuridão, acende-se a fé: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus», porque quem morre assim, transformando em esperança de vida o desespero da morte, não pode ser simplesmente um homem.

O Crucificado é oferta plena. Não reservou nada, nem uma fímbria da veste, nem uma gota de sangue, nem a Mãe. Deu tudo: «Consummatum est», «Tudo está consumado». Quando já não se tem nada para dar, porque se deu tudo, então uma pessoa torna-se capaz de verdadeiros dons. Despojado, nu, devorado pelas feridas, pela sede do abandono, pelos impropérios: já não tem figura de homem. Dar tudo: eis a caridade. Onde acaba o meu, começa o paraíso (Padre Primo Mazzolari).

Pai nosso...

Vidit suum dulcem Natum moriendo desolatum dum emisit spiritum.

XIII Estação: O corpo de Jesus é descido da cruz

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,42-43.46a)
Era o dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado, e já caíra a tarde. José de Arimateia, membro respeitável do Conselho, que também esperava o Reino de Deus, cheio de coragem, foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. (...) José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol.


José de Arimateia acolhe Jesus antes ainda de ter visto a sua glória. Acolhe-o como derrotado. Como malfeitor. Como rejeitado. Pede o corpo a Pilatos, para impedir que fosse lançado na vala comum. José põe em risco a sua reputação e talvez, como Tobit, também a sua vida (cf. Tb 1,15-20). Mas a coragem de José não é a audácia dos heróis em batalha. A coragem de José é a força da fé. Uma fé que se torna acolhimento, gratuidade e amor. Em uma palavra: caridade.
O silêncio, a simplicidade e a sobriedade com que José se aproxima do corpo de Jesus contrasta com a ostentação, a banalização e a magnificência dos funerais dos poderosos deste mundo. Pelo contrário, o testemunho de José lembra todos os cristãos que também hoje, por um funeral, põem em risco a sua vida.
Quem podia acolher o corpo sem vida de Jesus senão aquela que lhe dera a vida? Podemos imaginar os sentimentos de Maria, que o acolhera nos seus braços, ela que acreditou nas palavras do Anjo e guardou tudo no seu coração.
Ao mesmo tempo que abraça o seu Filho sem vida, Maria repete uma vez mais o seu «fiat». É o drama e a provação da fé. Nenhuma criatura a sofreu como Maria, a Mãe que a todos nos gerou para a fé ao pé da cruz.

Repetia a prece do mundo: «Abbá, Pai, se é possível...». Apenas um ramo de oliveira balançava sobre a sua cabeça a um vento silencioso... Mas nem um espinho Tu lhe tiraste da coroa. Transpassado o próprio pensamento não pode, não pode lá em cima o pensamento deixar de sangrar! E nem uma mão lhe descravaste do madeiro: que se afastasse dos olhos o sangue e lhe fosse concedido ver pelo menos a Mãe lá, sozinha... Até poderosos e mestres de ferocidade e gente, ao vê-lo cobriam o rosto e Ele a flutuar dentro de uma nuvem: dentro da nuvem do abandono divino. E depois, só depois. Tu e nós a devolver-lhe a vida (Padre Turoldo).

Pai nosso...

Fac me vere tecum flere, Crucifixo condolere, donec ego vixero.

XIV Estação: O corpo de Jesus é depositado no sepulcro

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Mateus (Mt 27,59-60)
José, tomando o corpo de Jesus, envolveu-o em um lençol limpo, e o colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se.


Enquanto José fecha o túmulo de Jesus, Ele desce à mansão dos mortos e escancara as suas portas.
O que a Igreja Ocidental chama «descida à mansão dos mortos», a Igreja Oriental celebra-o já como Anástasis, isto é, «Ressurreição». Deste modo, as Igrejas irmãs comunicam ao homem a Verdade completa deste Mistério único: «Ó meu povo, eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas. (...) Porei em vós o meu espírito e vivereis» (Ez 37,12.14).
A vossa Igreja, Senhor, canta cada manhã: «Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte» (Lc 1,78-79).
O homem, deslumbrado por luzes que têm a cor das trevas, impelido pelas forças do mal, rolou uma grande pedra e fechou-vos no sepulcro. Mas nós sabemos que Vós, Deus humilde, no silêncio onde a nossa liberdade vos colocou, estais mais do que nunca em ação para gerar nova graça no homem que amais. Entrai, então, nos nossos sepulcros: reavivai a centelha do vosso amor no coração de cada homem, no seio de cada família, no caminho de cada povo.

Ó Cristo Jesus! Todos caminhamos para a nossa morte e o nosso túmulo. Permiti que nos detenhamos em espírito junto do vosso sepulcro. Que a força de Vida, que nele se manifestou, transpasse os nossos corações. Que esta vida se torne a luz da nossa peregrinação na terra. Amém (São João Paulo II).

Pai nosso...

Quando corpus morietur, fac ut animae donetur paradisi gloria. Amen.

Oração do Papa Francisco: Ó Cruz de Cristo

Bênção Apostólica / Canto final: Crux fidelis

Cardeal Gualtiero Bassetti com o Papa Francisco

Fonte: Santa Sé. Imagens: Santuario della Madonna dello Splendore - Giulianova (Itália).

Para acessar outros modelos de meditações, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Confira também algumas imagens e o vídeo da Via Sacra no Coliseu 2016 clicando aqui.

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