No dia 14 de
setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião
para propor, de maneira retrospectiva, as meditações da Via Sacra presidida
pelo Papa Francisco junto ao Coliseu romano na Sexta-feira Santa de 2016,
Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
Para saber mais, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
As meditações
foram preparadas pelo Cardeal Gualtiero Bassetti, então Arcebispo de Perugia -
Città della Pieve (desde 2022 Arcebispo Emérito), Cardeal Presbítero do Título
de Santa Cecília in Trastevere.
Como
ilustrações, propomos as estações realizadas pelo escultor Ubaldo Ferretti para
o Santuário da Madonna dello Splendore em Giulianova (Itália).
Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 25 de março de 2016
«Deus é Misericórdia»
Meditações do Cardeal Gualtiero Bassetti
Adoramus te, Christe,
et benedicimus tibi,
quia per sanctam
crucem tuam redemisti mundum.
Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.
«Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação!» (2Cor 1,3).
Neste Jubileu Extraordinário, também a Via Sacra da Sexta-feira Santa nos atrai com uma força especial, a força da misericórdia do Pai Celeste, que quer derramar sobre todos nós o seu Espírito de graça e consolação.
A misericórdia é o canal da graça que, de Deus, chega a todos os homens e mulheres de hoje. Homens e mulheres frequentemente perdidos e confusos, materialistas e idólatras, pobres e sós. Membros de uma sociedade que parece ter feito desaparecer o pecado e a verdade.
«Contemplarão aquele a quem transpassaram» (Zc 12,10): se cumpram também em nós, nesta noite, as palavras proféticas de Zacarias! Que o olhar se eleve das nossas infinitas misérias para se fixar n’Ele, Cristo Senhor, Amor Misericordioso. Então poderemos encontrar o seu rosto e ouvir as suas palavras: «Amei-te com um amor eterno» (Jr 31,3). Ele, com o seu perdão, apaga os nossos pecados e nos abre o caminho da santidade, no qual abraçaremos a nossa cruz, juntamente com Ele, por amor dos irmãos. A fonte que lavou o nosso pecado se tornará em nós «uma fonte de água que jorra para a vida eterna» (Jo 4,14).
Breve pausa de silêncio.
Oremos:
Eterno Pai, através da Paixão do vosso dileto Filho, quisestes
revelar-nos o vosso coração e dar-nos a vossa misericórdia. Fazei que, unidos a
Maria, sua e nossa Mãe, saibamos acolher e guardar sempre o dom do amor. Seja ela,
Mãe da Misericórdia, a apresentar-vos as orações que vos elevamos por nós e por
toda a humanidade, para que a graça desta Via Sacra chegue a cada coração
humano e nele infunda nova esperança, aquela esperança indestrutível que
irradia da Cruz de Jesus, que vive e reina convosco na unidade do Espírito
Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.
I Estação: Jesus é condenado à morte
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos
bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o
mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,14-15)
Pilatos perguntou: “Mas que mal Ele fez?”. Eles, porém, gritaram com
mais força: “Crucifica-o!”. Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou
Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.
Jesus está sozinho diante do poder deste mundo. E submete-se
completamente à justiça dos homens.
Pilatos depara-se com um mistério que é incapaz de compreender.
Questiona-se e pede explicações. Procura uma solução e chega, talvez, ao limiar
da verdade. Mas opta por não o atravessar. Entre a vida e a verdade, escolhe a própria
vida. Entre o hoje e a eternidade, escolhe o hoje.
A multidão escolhe Barrabás e abandona Jesus. A multidão quer a justiça
na terra e escolhe o justiceiro: aquele que poderia libertá-los da opressão e
do jugo da escravidão. Mas a justiça de Jesus não se realiza com uma revolução:
passa através do escândalo da cruz. Jesus subverte qualquer plano de libertação,
porque toma sobre si o mal do mundo e não responde ao mal com o mal. E isto...
os homens não o compreendem. Não compreendem que de uma derrota do homem possa
derivar a justiça de Deus.
Hoje, cada um de nós é parte integrante desta multidão que grita: «Crucifica-o».
Ninguém pode sentir-se excluído. Com efeito, a multidão e Pilatos estão
dominados por um sentimento interior que associa todos os homens: o medo. O
medo de perder as próprias seguranças, os próprios bens, a própria vida. Mas
Jesus indica outra estrada.
Senhor Jesus, como nos sentimos parecidos com estes personagens! Há
tanto medo na nossa vida! Temos medo do diferente, do estrangeiro, do migrante.
Sentimos temor do futuro, dos imprevistos, da miséria. Tanto medo nas nossas
famílias, nos locais de trabalho, nas nossas cidades... E talvez tenhamos medo
também de Deus: aquele medo do juízo divino que nasce da pouca fé, da falta de
conhecimento do seu coração, da incerteza a respeito da sua misericórdia.
Senhor Jesus, condenado pelo medo dos homens, livrai-nos do temor do
vosso juízo. Fazei que o grito das nossas angústias não nos impeça de sentir a
força suave do vosso convite: «Não tenhais medo!».
Pai nosso...
II Estação: Jesus é carregado com a cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos
bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o
mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,20)
Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no
de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.
O medo proferiu a sentença, mas não pode dar-se a conhecer e esconde-se
por trás dos comportamentos do mundo: escárnio, humilhação, violência e
zombaria. Agora Jesus é revestido com as suas roupas, com a sua simples
humanidade, dolorosa e sanguinolenta, já sem qualquer «púrpura», nem qualquer
sinal da sua divindade. E assim o apresenta Pilatos: «Ecce homo!», «Eis
o homem!» (Jo 19,5).
Esta é a condição de quem segue Cristo. O cristão não procura o aplauso
do mundo, nem o consenso das praças. O cristão não adula nem diz mentiras para
conquistar o poder. O cristão aceita o escárnio e as humilhações que derivam do
amor à verdade.
«O que é a verdade?» (Jo 18,38), perguntara Pilatos a Jesus.
Esta é a pergunta de todos os tempos. É a pergunta de hoje. Eis a verdade: a
verdade do Filho do homem predito pelos Profetas (cf. Is 52,13–53,12),
um rosto humano desfigurado que revela a fidelidade de Deus.
Muitas vezes, porém, andamos à procura de uma verdade barata, que torne
nossa vida cômoda, que dê resposta às nossas inseguranças ou mesmo satisfaça os
nossos interesses mais baixos. Desta forma, acabamos por nos contentar com
verdades parciais e aparentes, deixando-nos enganar pelos «profetas da
desgraça, que sempre anunciam o pior» (São João XXIII), ou por encantadores de
serpentes que anestesiam o nosso coração com músicas aduladoras que nos afastam
do amor de Cristo.
O Verbo de Deus se fez homem, veio contar-nos toda a verdade sobre Deus
e o homem. Deus é aquele que toma a cruz sobre os seus ombros (cf. Jo 19,17)
e segue pelo caminho do dom misericordioso de si mesmo. E o homem, que se
realiza na verdade, é aquele que o segue neste mesmo caminho.
Senhor Jesus, concedei-nos a graça de vos contemplar na teofania da cruz,
o ponto mais alto da vossa revelação, e de reconhecer, no esplendor misterioso
do vosso rosto, também os traços do nosso rosto.
Pai nosso...
Cuius animam gementem, contristatam et dolentem, pertransivit
gladius.
III Estação: Jesus cai pela primeira vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,4.7)
A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele
mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e
humilhado! (...) Foi maltratado, e
submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha
diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca.
Jesus é o Cordeiro, anunciado pelo profeta, que tomou sobre os ombros o
pecado da humanidade inteira. Tomou sobre si a fraqueza do amado, as suas dores
e crimes, as suas iniquidades e maldições. Chegamos ao ponto extremo da Encarnação
do Verbo. Mas há um ponto ainda mais baixo: Jesus cai sob o peso desta cruz. Um
Deus que cai!
Nesta queda, temos Jesus que dá sentido ao sofrimento dos seres humanos.
Para o homem, o sofrimento é, às vezes, um absurdo, é incompreensível para a
mente, um prenúncio de morte. Há situações de sofrimento que parecem negar o
amor de Deus. Onde estava Deus nos campos de extermínio? Onde está Deus nas
minas e nas fábricas onde trabalham as crianças como escravas? Onde está Deus
nas balsas que afundam no Mediterrâneo?
Jesus cai sob o peso da cruz, mas não fica esmagado. Ali está Cristo.
Escória entre as escórias. Último com os últimos. Náufrago entre os náufragos.
Deus tomou tudo isto sobre si. Um Deus que, por amor, renuncia a mostrar
a sua onipotência. Mas mesmo assim, precisamente assim, caído na terra como um
grão de trigo, Deus é fiel a si mesmo: fiel no amor.
Nós vos pedimos, Senhor, por todas as situações de sofrimento que
parecem não ter sentido, pelos judeus mortos nos campos de extermínio, pelos
cristãos mortos por ódio à fé, pelas vítimas de toda a perseguição, pelas
crianças que são escravizadas no trabalho, pelos inocentes que morrem nas
guerras.
Fazei-nos compreender, Senhor, quão grande liberdade e força interior
existem nesta revelação inédita da vossa divindade, tão humana que cai sob a
cruz dos pecados do homem, tão divinamente misericordiosa que derrota o mal que
nos oprimia.
Pai nosso...
O quam tristis et afflicta fuit illa benedicta Mater Unigeniti!
IV Estação: Jesus encontra sua Mãe
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 2,34-35.51)
Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser
causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um
sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações.
Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. (...) Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.
Deus quis que a vida viesse ao mundo através das dores do parto: através
dos sofrimentos de uma mãe que dá a vida ao mundo. Todos precisam de uma Mãe,
inclusive Deus. «O Verbo se fez carne» (Jo 1,14) no ventre de uma
Virgem. Maria o acolheu, o deu à luz em Belém, o envolveu em panos, o defendeu
e ajudou a crescer com o calor do seu amor, e chegou juntamente com Ele à sua
«hora».
Agora, no Calvário, cumpre-se a profecia de Simeão: uma espada transpassa-lhe
a alma. Maria revê o Filho, desfigurado e exausto sob o peso da cruz. Olhos
lacrimosos, aqueles da Mãe, que participa completamente no sofrimento do Filho,
mas olhos também cheios de esperança, que, desde o dia do seu «sim» ao anúncio
do anjo (cf. Lc 1,26-38), não deixaram jamais de refletir
aquela luz divina que resplandece mesmo neste dia de sofrimento.
Maria é esposa de José e mãe de Jesus. Ontem, como hoje, a família é o
coração pulsante da sociedade, célula inalienável da vida comum; arquitrave
insubstituível das relações humanas; amor para sempre, que salvará o mundo.
Maria é mulher e mãe. Gênio feminino e ternura. Sabedoria e caridade.
Como Mãe de todos, Maria é «sinal de esperança para os povos que sofrem as
dores do parto», é «a missionária que se aproxima de nós, para nos acompanhar
ao longo da vida» e, «como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e
aproxima-nos incessantemente do amor de Deus» (Exortação Apostólica Evangelii
gaudium, n. 286).
Ó Maria, Mãe do Senhor, tu foste, para o teu divino Filho, o primeiro
reflexo da misericórdia do seu Pai, aquela misericórdia que lhe pediste para
manifestar em Caná. Agora que o teu Filho nos revela o Rosto do Pai até às extremas
consequências do amor, segues, em silêncio, os seus passos, primeira discípula
da cruz.
Ó Maria, Virgem fiel, cuida de todos os órfãos da Terra, protege todas
as mulheres, objeto de exploração e violência. Suscita mulheres corajosas em
prol do bem da Igreja. Inspira cada mãe a educar os seus filhos na ternura do
amor de Deus, e, na hora da provação, a acompanhar o seu caminho com a força
silenciosa da sua fé.
Pai nosso...
Quae maerebat et dolebat, pia Mater, dum videbat Nati poenas
incliti.
V Estação: Jesus é ajudado por Simão de Cirene a levar a Cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,21-22)
Os soldados obrigaram certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo,
que voltava do campo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado
Gólgota, que quer dizer “Calvário”.
Na história da salvação aparece um homem desconhecido. Simão de Cirene,
um trabalhador que voltava dos campos, é forçado a levar a cruz. Mas é
precisamente nele que, em primeiro lugar, atua a graça do amor de Cristo que
passa através daquela cruz. E Simão, forçado a levar um peso contra vontade, se
tornará um discípulo do Senhor.
O sofrimento, quando bate à nossa porta, nunca é esperado. Aparece
sempre como uma constrição, às vezes até como uma injustiça. E pode
encontrar-nos dramaticamente despreparados. Uma doença poderia arruinar os
nossos planos de vida. Um filho com deficiência poderia turbar os sonhos de uma
maternidade tão desejada. Mas aquela tribulação não desejada bate,
prepotentemente, ao coração do ser humano. Como nos comportamos perante o
sofrimento de uma pessoa amada? Quanta atenção prestamos ao grito de quem
sofre, mas vive longe de nós?
O Cireneu ajuda-nos a entrar na fragilidade da alma humana e põe em
evidência outro aspecto da humanidade de Jesus: até o Filho de Deus precisou de
alguém que o ajudasse a levar a cruz. Quem é, então, o Cireneu? É a misericórdia
de Deus, que se torna presente na história dos seres humanos. Deus suja as mãos
conosco, com os nossos pecados e as nossas fraquezas. Não se envergonha. E não
nos abandona.
Senhor Jesus, nós vos damos graças por este dom que excede todas as
expectativas e nos revela a vossa misericórdia. Amastes-nos não só até ao ponto
de nos dar a salvação, mas até nos tornar instrumento de salvação. Enquanto a
vossa cruz dá sentido a cada uma das nossas cruzes, nos é dada a graça suprema
da vida: participar ativamente no mistério da redenção, ser instrumento de salvação
para os nossos irmãos.
Pai nosso...
Quis est homo qui non fleret, Matrem Christi si videret in tanto
supplicio?
VI Estação: A Verônica limpa o rosto de Jesus
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,2-3)
Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra
seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que
nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de
dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão
desprezível era, não fazíamos caso dele.
No meio do alvoroço da multidão que assiste à subida de Jesus para o
Calvário, aparece Verônica, uma mulher sem rosto, sem história. Todavia, uma
mulher corajosa, pronta a escutar o Espírito e seguir as suas inspirações,
capaz de reconhecer a glória do Filho de Deus no rosto desfigurado de Jesus, e
perceber o seu convite: «Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há
dor igual à dor que me atormenta» (Lm 1,12).
O amor, que esta mulher encarna, nos deixa sem palavras. O amor a torna
forte para desafiar os guardas, superar a multidão, aproximar-se do Senhor e
realizar um gesto de compaixão e de fé: deter o sangue das feridas, limpar as
lágrimas do sofrimento, contemplando aquele rosto desfigurado, por trás do qual
está escondido o rosto de Deus.
Instintivamente somos levados a fugir do sofrimento, porque o sofrimento
nos causa repulsa. Quantos rostos desfigurados pelas aflições da vida se cruzam
conosco e, com muita frequência, viramos o olhar para o outro lado. Como é
possível não ver o rosto do Senhor no rosto dos milhões de deslocados,
refugiados, desterrados que fogem desesperadamente do horror das guerras,
perseguições e ditaduras? Para cada um deles, com o seu rosto irrepetível, Deus
sempre se manifesta como um socorrista corajoso. Como Verônica, a mulher sem
rosto, que limpou amorosamente o rosto de Jesus.
«Senhor, é o vosso rosto que eu procuro» (Sl 26,8). Ajudai-me
a encontrá-lo nos irmãos que percorrem a estrada do sofrimento e da humilhação.
Fazei que eu saiba limpar as lágrimas e o sangue dos vencidos de cada tempo, de
quantos a sociedade rica e leviana descarta sem escrúpulo. Fazei que por detrás
de cada rosto, mesmo o do homem mais abandonado, eu possa vislumbrar o vosso
rosto de beleza infinita.
Pai nosso...
Quis non posset contristari, Christi Matrem
contemplari, dolentem cum Filio?
VII Estação: Jesus cai pela segunda vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos
bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o
mundo.
Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,5)
Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de
nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas
feridas, o preço da nossa cura.
Jesus cai novamente. Esmagado, mas não morto pelo peso da cruz. Mais uma
vez põe a descoberto a sua humanidade. É uma experiência no limite da
impotência, de vergonha diante de quem zomba d’Ele, de humilhação perante quem
esperara n’Ele. Ninguém gostaria jamais de cair por terra e experimentar o
fracasso. Especialmente na frente de outras pessoas.
Muitas vezes os homens rebelam-se contra a ideia de não ter poder, de não
ser capazes de levar a vida por diante. Jesus, ao contrário, encarna o «poder
dos sem poder». Experimenta o tormento da cruz e a força salvífica da fé. Só
Deus pode nos salvar. Só Ele pode transformar um sinal de morte em uma cruz
gloriosa.
Se Jesus caiu segunda vez por terra, pelo peso do nosso pecado, então
aceitemos também cair, ter caído e poder ainda cair pelos nossos pecados.
Reconheçamos que não podemos salvar-nos sozinhos com as nossas forças.
Senhor Jesus, que aceitastes a humilhação de cair novamente à vista de
todos, queremos não só contemplar-vos enquanto estais no pó, mas fixar em Vós o
nosso olhar, da mesma posição, também nós no chão, caídos pelas nossas fraquezas.
Dai-nos a consciência do nosso pecado, aquela vontade de nos levantarmos que
nasce da contrição. Dai à vossa Igreja a consciência do sofrimento. De modo
particular dai aos ministros da Reconciliação o dom das lágrimas pelo seu
pecado. Como poderiam invocar sobre si e sobre os outros a vossa misericórdia se
antes não soubessem chorar as suas próprias culpas?
Pai nosso...
Pro peccatis suae gentis, vidit Iesum in
tormentis, et flagellis subditum.
VIII Estação: Jesus encontra as mulheres de
Jerusalém
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos
bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o
mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-28)
Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e
choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se e disse: “Filhas de Jerusalém, não
choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!”.
Embora esteja destroçado pela dor e busque refúgio no Pai, Jesus sente
compaixão pelo povo que o segue e fala diretamente às mulheres que o acompanham
no caminho do Calvário. E as suas palavras são um forte apelo à conversão.
Não choreis por mim - diz o Nazareno - porque Eu estou fazendo a vontade
do Pai, mas chorai por vós, por todas as vezes que não fazeis a vontade de
Deus.
É o Cordeiro de Deus que fala e que, carregando aos ombros o pecado do
mundo, purifica o olhar destas mulheres, já voltado para Ele, mas ainda de modo
imperfeito. «Que devemos fazer?»: parece gritar o pranto destas mulheres diante
do Inocente. É a mesma pergunta que as multidões puseram ao Batista (cf. Lc 3,10)
e que hão de repetir, em seguida, os ouvintes de Pedro depois do Pentecostes,
emocionadas até ao fundo do coração: «Que devemos fazer» (At 2,37).
A resposta é simples e clara: «Convertei-vos». Uma conversão pessoal e
comunitária: «Orai uns pelos outros para serdes curados» (Tg 5,16).
Não há conversão sem a caridade. E a caridade é a maneira de ser Igreja.
Senhor Jesus, a vossa graça sustente o nosso caminho de conversão para
retornar a Vós, em comunhão com os nossos irmãos, pelo bem dos quais vos
pedimos: dai-nos as vossas próprias entranhas de misericórdia, entranhas
maternas, que nos tornem capazes de sentir ternura e compaixão uns pelos outros,
e de chegar também ao dom de nós mesmos pela salvação do próximo.
Pai nosso...
Eia, Mater, fons amoris, me sentire vim doloris fac, ut tecum
lugeam.
IX Estação: Jesus cai pela terceira vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Da Carta aos Filipenses (Fl 2,6-7)
Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus
uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e
tornando-se igual aos homens.
Jesus cai pela terceira vez. O Filho de Deus experimenta em profundidade
a condição humana. Com esta queda, Ele entra de forma ainda mais estável na
história da humanidade. E acompanha, a todo o momento, a humanidade sofredora.
«Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo» (Mt 28,20).
Quantas vezes os homens e as mulheres caem por terra! Quantas vezes os
homens, as mulheres e as crianças sofrem por uma família desfeita! Quanta vezes
os homens e as mulheres veem a sua dignidade posta em questão, porque não têm
trabalho! Quantas vezes os jovens são forçados a levar uma vida precária e
perdem a esperança no futuro!
O homem que cai, e que contempla Deus que cai, é um homem que finalmente
pode, já sem medo nem desespero, admitir a sua fraqueza e impotência,
precisamente porque também Deus a provou em seu Filho. É por misericórdia que
Deus se abaixou até este ponto, até jazer no pó da estrada. Pó banhado pelo
suor de Adão e pelo sangue de Jesus e de todos os mártires da história; pó
abençoado pelas lágrimas de tantos irmãos caídos vítimas da violência e da
exploração do homem sobre o homem. Foi a este pó abençoado, ultrajado, violado
e roubado pelo egoísmo humano, que o Senhor reservou o seu último abraço.
Senhor Jesus, prostrado nesta terra árida, estais perto de todos os
homens que sofrem e infundis nos seus corações a força para se levantarem. Peço-vos,
Deus de misericórdia, por todos aqueles que estão por terra, por muitas razões:
pecados pessoais, matrimônios fracassados, solidão, perda do emprego, dramas familiares,
angústia pelo futuro. Fazei sentir que não estais longe de cada um deles, porque
o mais próximo de Vós, que sois a misericórdia encarnada, é o homem que mais
sente a necessidade do perdão e continua a esperar contra toda a esperança!
Pai nosso...
Fac ut ardeat cor meum in amando Christum Deum, ut sibi complaceam.
X Estação: Jesus é despojado das suas vestes
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,24)
Então o crucificaram e repartiram as suas vestes, tirando a sorte, para
ver que parte caberia a cada um.
Junto da cruz, sob o olhar do Crucificado e dos ladrões que sofrem,
estão os soldados que disputam as vestes de Jesus. É a banalidade do mal.
O olhar dos soldados está longe daquele sofrimento e distante da
história que os circunda. Aquilo que está acontecendo parece que não lhes diz
respeito. Enquanto o Filho de Deus sofre os suplícios da cruz, eles continuam
impavidamente a levar uma vida em que as paixões predominam sobre tudo. É este
o grande paradoxo da liberdade que Deus concedeu aos seus filhos. Confrontado com
a morte de Jesus, cada homem pode escolher: contemplar Cristo ou «tirar à
sorte».
É enorme a distância que separa o Crucificado dos seus carrascos. O
interesse mesquinho pelas vestes não lhes permite captar o sentido daquele
corpo inerme e desprezado, escarnecido e atormentado, em que se realiza a
vontade divina da salvação da humanidade inteira.
Aquele corpo que o Pai «preparou» para o Filho (cf. Sl 39,7; Hb 10,5)
agora exprime o amor do Filho pelo Pai e o dom total de Jesus aos homens. Aquele
corpo despojado de tudo, exceto do amor, encerra em si o sofrimento imenso da
humanidade e descreve todas as suas chagas; sobretudo as mais dolorosas: as
chagas das crianças profanadas na sua intimidade.
Aquele corpo mudo e ensanguentado, flagelado e humilhado, indica a
estrada da justiça. A justiça de Deus que transforma o sofrimento mais atroz na
luz da ressurreição.
Senhor Jesus, quero apresentar-vos toda a humanidade sofredora. Os
corpos de homens e mulheres, de crianças e idosos, de doentes e deficientes não
respeitados na sua dignidade. Quanta violência, ao longo da história desta
humanidade, feriu o que o homem tem de mais seu, algo de sacro e abençoado
porque vem de Deus. Nós vos pedimos, Senhor, por quem foi violado no seu
íntimo. Por quem não capta o mistério do seu corpo, por quem não o aceita ou
deturpa a sua beleza, por quem não respeita a fragilidade e a sacralidade do
corpo que envelhece e morre. E que um dia ressuscitará!
Pai nosso...
Sancta Mater, istud agas, crucifixi fige
plagas, cordi meo valide.
XI Estação: Jesus é pregado na cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,39-43)
Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o
Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”. Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem
sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo,
porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E
acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus
lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
Jesus está na cruz, «árvore fecunda e gloriosa», «tálamo, trono e altar»
(Hino Vexilla Regis). E, do alto
deste trono, ponto de atração do universo inteiro (cf. Jo 12,32),
perdoa aos que o crucificam, «porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34).
Na cruz de Cristo, «balança do grande resgate» (Vexilla Regis), brilha uma onipotência que se despoja, uma
sabedoria que se abaixa até à loucura, um amor que se oferece em sacrifício.
À direita e à esquerda de Jesus estão dois malfeitores, provavelmente
dois homicidas. Aqueles dois malfeitores falam ao coração de cada ser humano,
porque indicam dois modos diferentes de estar na cruz: o primeiro amaldiçoa
Deus; o segundo reconhece Deus naquela cruz. O primeiro malfeitor propõe a
solução mais cômoda para todos: propõe uma salvação humana e tem um olhar
voltado para baixo. Para ele, a salvação significa escapar da cruz e eliminar o
sofrimento. É a lógica da cultura do descarte. Pede a Deus que elimine tudo o
que não é útil nem digno de ser vivido.
Ao contrário, o segundo malfeitor não mercantiliza uma solução. Propõe
uma salvação divina e tem um olhar todo voltado para o céu. Para ele, a
salvação significa aceitar a vontade de Deus, mesmo nas piores condições. É o
triunfo da cultura do amor e do perdão. É a loucura da cruz, perante a qual
toda a sabedoria humana só pode desaparecer e emudecer no silêncio.
Dai-me, ó Crucificado por amor, aquele vosso perdão que esquece e aquela
vossa misericórdia que recria. Fazei-me experimentar, em cada Confissão, a
graça que me criou à vossa imagem e semelhança e que me recria sempre que coloco
a minha vida, com todas as suas misérias, nas mãos compassivas do Pai. Que o vosso
perdão ressoe para mim como certeza do amor que me salva, me faz novo e me faz
estar convosco para sempre. Então eu serei verdadeiramente um malfeitor
perdoado e cada perdão vosso será como um vislumbre do Paraíso, já desde hoje.
Pai nosso...
Tui Nati vulnerati, tam dignati pro me pati poenas mecum divide.
XII Estação: Jesus morre na cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,33-39)
Quando chegou o
meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. Pelas
três da tarde, Jesus gritou com voz forte: “Eloi, Eloi, lama sabactâni?”,
que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Alguns dos que
estavam ali perto, ouvindo-o, disseram: “Vejam, ele está chamando Elias!”. Alguém
correu e embebeu uma esponja em vinagre, e lhe deu de beber, dizendo: “Deixai!
Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”. Então Jesus deu um forte grito e
expirou. Nesse momento a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em
duas partes. Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu
como Jesus havia expirado, disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de
Deus!”.
Escuro ao meio-dia: está acontecendo algo de absolutamente inaudito e
imprevisível na terra, mas que não pertence apenas à terra. O homem mata Deus!
O Filho de Deus foi crucificado como um malfeitor.
Jesus dirige-se ao Pai gritando as primeiras palavras do Salmo 21. É o
grito do sofrimento e da desolação, mas é também o grito da plena «confiança na
vitória divina» e da «certeza da glória» (Bento XVI, Catequese, 14
de setembro de 2011).
O grito de Jesus é o grito de cada crucificado da história, do
abandonado e do humilhado, do mártir e do profeta, de quem é caluniado e
injustamente condenado, de quem está no exílio ou na prisão. É o grito do
desespero humano que, no entanto, abre para a vitória da fé que transforma a
morte na vida eterna. «Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos, e no meio da
assembleia hei de louvar-vos» (Sl 21,23).
Jesus morre na cruz. É a morte de Deus? Não, é a celebração mais alta do
testemunho da fé.
O século XX foi chamado o século dos mártires. Exemplos como os de
Maximiliano Kolbe e Edith Stein exprimem uma luz imensa. Mas ainda hoje o corpo
de Cristo é crucificado em muitas regiões da terra. Os mártires do século XXI
são os verdadeiros apóstolos do mundo contemporâneo.
Na grande escuridão, acende-se a fé: «Verdadeiramente este homem era
Filho de Deus», porque quem morre assim, transformando em esperança de vida o
desespero da morte, não pode ser simplesmente um homem.
O Crucificado é oferta plena. Não reservou nada, nem uma fímbria da
veste, nem uma gota de sangue, nem a Mãe. Deu tudo: «Consummatum est», «Tudo
está consumado». Quando já não se tem nada para dar, porque se deu tudo, então
uma pessoa torna-se capaz de verdadeiros dons. Despojado, nu, devorado pelas
feridas, pela sede do abandono, pelos impropérios: já não tem figura de homem. Dar
tudo: eis a caridade. Onde acaba o meu, começa o paraíso (Padre Primo
Mazzolari).
Pai nosso...
Vidit suum dulcem Natum moriendo desolatum dum emisit spiritum.
XIII Estação: O corpo de Jesus é descido da cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,42-43.46a)
Era o dia da Preparação,
isto é, a véspera do sábado, e já caíra a tarde. José de Arimateia, membro
respeitável do Conselho, que também esperava o Reino de Deus, cheio de coragem,
foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. (...) José comprou um lençol de linho,
desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol.
José de Arimateia acolhe Jesus antes ainda de ter visto a sua glória.
Acolhe-o como derrotado. Como malfeitor. Como rejeitado. Pede o corpo a
Pilatos, para impedir que fosse lançado na vala comum. José põe em risco a sua
reputação e talvez, como Tobit, também a sua vida (cf. Tb 1,15-20).
Mas a coragem de José não é a audácia dos heróis em batalha. A coragem de José
é a força da fé. Uma fé que se torna acolhimento, gratuidade e amor. Em uma
palavra: caridade.
O silêncio, a simplicidade e a sobriedade com que José se aproxima do
corpo de Jesus contrasta com a ostentação, a banalização e a magnificência dos
funerais dos poderosos deste mundo. Pelo contrário, o testemunho de José lembra
todos os cristãos que também hoje, por um funeral, põem em risco a sua vida.
Quem podia acolher o corpo sem vida de Jesus senão aquela que lhe dera a
vida? Podemos imaginar os sentimentos de Maria, que o acolhera nos seus braços,
ela que acreditou nas palavras do Anjo e guardou tudo no seu coração.
Ao mesmo tempo que abraça o seu Filho sem vida, Maria repete uma vez
mais o seu «fiat». É o drama e a provação da fé. Nenhuma criatura a
sofreu como Maria, a Mãe que a todos nos gerou para a fé ao pé da cruz.
Repetia a prece do mundo: «Abbá,
Pai, se é possível...». Apenas um ramo de oliveira balançava sobre a sua cabeça
a um vento silencioso... Mas nem um espinho Tu lhe tiraste da coroa. Transpassado
o próprio pensamento não pode, não pode lá em cima o pensamento deixar de
sangrar! E nem uma mão lhe descravaste do madeiro: que se afastasse dos olhos o
sangue e lhe fosse concedido ver pelo menos a Mãe lá, sozinha... Até poderosos e
mestres de ferocidade e gente, ao vê-lo cobriam o rosto e Ele a flutuar dentro de
uma nuvem: dentro da nuvem do abandono divino. E depois, só depois. Tu e nós a
devolver-lhe a vida (Padre Turoldo).
Pai nosso...
Fac me vere tecum flere, Crucifixo condolere, donec ego vixero.
XIV Estação: O corpo de Jesus é depositado no sepulcro
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Mateus (Mt 27,59-60)
José, tomando o corpo de Jesus, envolveu-o em um lençol limpo, e o
colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em seguida,
rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se.
Enquanto José fecha o túmulo de Jesus, Ele desce à mansão dos mortos e
escancara as suas portas.
O que a Igreja Ocidental chama «descida à mansão dos mortos», a Igreja
Oriental celebra-o já como Anástasis, isto é, «Ressurreição». Deste
modo, as Igrejas irmãs comunicam ao homem a Verdade completa deste Mistério
único: «Ó meu povo, eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas.
(...) Porei em vós o meu espírito e vivereis» (Ez 37,12.14).
A vossa Igreja, Senhor, canta cada manhã: «Graças ao coração
misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente,
para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte» (Lc 1,78-79).
O homem, deslumbrado por luzes que têm a cor das trevas, impelido pelas
forças do mal, rolou uma grande pedra e fechou-vos no sepulcro. Mas nós sabemos
que Vós, Deus humilde, no silêncio onde a nossa liberdade vos colocou, estais
mais do que nunca em ação para gerar nova graça no homem que amais. Entrai,
então, nos nossos sepulcros: reavivai a centelha do vosso amor no coração de
cada homem, no seio de cada família, no caminho de cada povo.
Ó Cristo Jesus! Todos caminhamos para a nossa morte e o nosso túmulo. Permiti
que nos detenhamos em espírito junto do vosso sepulcro. Que a força de Vida, que
nele se manifestou, transpasse os nossos corações. Que esta vida se torne a luz
da nossa peregrinação na terra. Amém (São João Paulo II).
Pai nosso...
Quando corpus morietur, fac ut animae donetur paradisi gloria. Amen.
Oração do Papa Francisco: Ó Cruz de Cristo
Bênção Apostólica / Canto final: Crux fidelis
Cardeal Gualtiero Bassetti com o Papa Francisco |
Fonte: Santa Sé. Imagens: Santuario della Madonna dello Splendore - Giulianova (Itália).
Para acessar outros modelos de meditações, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
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