Continuamos a publicar os textos divulgados pela Rádio Vaticano - Programa Brasileiro sobre a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II:
Neste nosso espaço Memória Histórica, temos refletido sobre
10 aspectos da renovação litúrgica trazida pelo Concílio Vaticano II. No
programa passado, o Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste
percurso, nos trouxe o tema “Povo sacerdotal que celebra”, destacando que “o
Concílio desloca o centro celebrativo – não é o sacerdote o foco. Há uma
descentralização eclesial, outrora acentuando demasiadamente o sacerdote que
ofertava o sacrifício. De uma Liturgia
centralizada na pessoa do ‘sacerdote celebrante’ (que na Liturgia não é único
que celebra) se volta agora a ação litúrgica para a assembleia do ‘povo
sacerdotal’”.
No programa de hoje, o sacerdote incardinado na Arquidiocese
de Porto Alegre nos fala sobre outro aspecto importante da reforma litúrgica:
“O uso da língua vernácula”:
“Mencionamos aqui nesse espaço que na reforma litúrgica do
Concilio Vaticano II, percebemos 10 aspectos de renovação, a partir da
Constituição Sacrosanctum Concilium,
que aqui enumeramos. Fizemos uma explicação detalhada do primeiro aspecto: "O valor da assembleia litúrgica".Hoje queremos entrar no segundo ponto: o uso da
língua vernácula (SC 36; 63).
Todos nós conhecemos os contos infantis mais variados. Quem
não conheceu a história do lobo mau? Mas, se eu aqui contasse a história do
lobo mau em chinês, poucos entenderiam. Da mesma forma se deu na Liturgia,
quando se rezava tão somente em latim, que já não era mais a língua fluente,
como um dia era usual no Império Romano. O Concilio Vaticano II permitiu o uso
da língua vernácula, a língua mãe de cada nação para ser utilizada na Liturgia.
Esse foi de fato um avanço singular, muito importante.
Importante aqui relembrar, sobretudo aos mais jovens, de que
a missa era celebrada em latim, de costas ao povo, e a maioria das pessoas
assistiam a missa, sem entender nada da Liturgia, não sabendo responder as
respostas do rito, cabendo esse diálogo da missa tão somente ao coroinha ou
sacristão. A maioria do povo, enquanto o padre celebrava, rezava o terço ou
suas orações particulares, prestando mais atenção tão somente quando se tocava
a campainha ou sineta litúrgica na hora da consagração. A permissão do uso da
língua vernácula pela Constituição Sacrosanctum
Concilium trouxe a possibilidade dessa participação mais ativa e
consciente, a renovação dos ritos, aclamações e cantos.
O número 36 da SC afirma assim, depois de falar da língua
oficial latina na Liturgia: “Dado, porém, que não raramente o uso da língua
vernácula pode ser muito útil para o povo, seja na Missa, seja na administração
dos sacramentos, seja em outras partes da Liturgia, dê-se-lhe um lugar mais
amplo, especialmente nas leituras e admoestações, em algumas orações e
cânticos, segundo as normas estabelecidas para cada caso nos capítulos seguintes”.
O parágrafo 03 deste número 36 diz que cabe à competente
autoridade eclesiástica territorial - os bispos das regiões limítrofes da mesma
língua - decidir acerca do uso e extensão da língua vernácula. Tais decisões
deverão ser aprovadas ou confirmadas pela Sé Apostólica. Oo número 63 da SC
afirma assim: “Estes rituais – com as adaptações da língua vernácula - serão
usados nas respectivas regiões depois de aprovados pela Sé Apostólica.
Na elaboração destes Rituais, ou nestas coleções especiais
de ritos, não se omita nenhuma das normas propostas no Ritual Romano para cada
rito, quer sejam de caráter pastoral, quer digam respeito às rubricas, quer
tenham especial importância social”.
Percebemos que a orientação da SC é bem módica,
possibilitando a língua vernácula tão somente em algumas partes. Mas, na
realidade, transcorridos os 50 anos de Concílio, todo o Rito Romano está
traduzido na língua mãe de cada país, facilitando a compreensão e participação
dos fieis leigos, que é um dos pontos também da renovação litúrgica.
Fonte: Rádio Vaticano
O próximo tema a ser refletido é a importância das duas espécies eucarísticas, pão e vinho.
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