sábado, 2 de dezembro de 2017

Homilia: I Domingo do Advento - Ano B

Santo Agostinho
Carta 199, I a Hesíquio
Não queria que dessem crédito aos que achavam que estava próximo o dia do Senhor

Uma coisa é ignorar os tempos, e outra coisa é a torpeza dos costumes e o amor dos vícios. O Apóstolo Paulo dizia: Não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por palavras nem por cartas tidas como enviadas por nós, dando a entender que o dia do Senhor está próximo. Não queria que dessem crédito aos que achavam que estava próximo o dia do Senhor, mas também não queria que dissessem como aquele servo: Tarda meu Senhor, e se entregassem à perdição da soberba e da luxúria. Não queria que escutassem os rumores da iminência do último juízo, porém queria que estivessem preparados para a vinda do Senhor, com os rins cingidos e as lâmpadas acesas. E lhes diz: Vós, irmãos, não estais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Por isso aquele que diz: O meu Senhor tarda em vir, para poder maltratar aos seus companheiros e banquetear com os ébrios, não é filho da luz, mas sim das trevas, e por isso aquele dia o surpreenderá como um ladrão; e isto todos devem temê-lo em relação ao último dia desta vida. Quando alguém chega ao seu último dia nesta vida, encontra-se com o último dia do mundo para ele, porque, tal como se encontrar no dia de sua morte, assim será julgado.

Aqui cabe bem o que se encontra no Evangelho segundo Marcos: Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: se à tarde ou à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer, para que não suceda que, vindo de repente, o encontre dormindo. O que vos digo, digo também a todos: Vigiai! Por que ele diz a todos, a não ser pelos seus eleitos e amados, que pertencem ao seu corpo que é a Igreja? Ele não se dirigia apenas aos que o escutavam, mas também aos que logo viriam, a nós mesmos, e aos que depois de nós chegarão até a sua última vinda. Acaso aquele dia encontrará a todos nesta vida? Ou por acaso alguém dirá que ele faz referência aos mortos, quando disse: Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo? Porque ele se dirige a todos, se diz respeito apenas aos que neste último dia ainda estarão vivos, a não ser no sentido que acabo de expor também a todos?

Este dia virá para cada um, no dia que cada um estiver partindo desta vida, e tal como se encontrar será julgado. Por isso todo cristão deve vigiar, para que a vinda do Senhor não lhe encontre desprevenido. E esse dia final o encontrará desprevenido, se lhe encontrar desprevenido o último dia de sua vida. Os apóstolos ao menos sabiam que o Senhor não viria em seu tempo, enquanto viviam na carne. Mas quem duvida que eles se distinguiram vigiando e observando o que o Senhor disse a todos, para que, se o Senhor viesse repentinamente, não lhes encontrassem desprevenidos?


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 275-276. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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