No início deste ano de 2023 destacamos aqui em nosso blog cinco
trabalhos acadêmicos sobre Liturgia - três Dissertações de Mestrado e duas
Teses de Doutorado - defendidos entre 2021 e 2022 no Programa de Pós-Graduação
em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta apresentando
outros quatro trabalhos: duas Teses (2022) e duas Dissertações
(primeiro semestre de 2023), refletindo particularmente sobre os
sacramentos e a Palavra de Deus.
Brasão da PUC-Rio |
Seguem os resumos dos trabalhos, que podem ser acessados na
íntegra nos links a seguir:
Os
sacramentos como forças que saem do corpo de Cristo: Um contributo ao conceito
de sacramento à luz da teologia do Concílio Vaticano II
Anderson
Batista Monteiro
Orientador:
Luiz Fernando Ribeiro Santana
Tese
de Doutorado (2022), 221 páginas
A
presente tese tem como objetivo principal contribuir para um renovado conceito
dos sacramentos da Igreja, a partir da teologia litúrgica das ações simbólicas
dos profetas de Israel e de Jesus. Com o avanço das pesquisas na área bíblica,
patrística e dogmática, tem sido possível explorar um conceito mais bíblico e
eclesial dos sacramentos celebrados pela Igreja. À luz do Concílio Vaticano II
é traçada a natureza litúrgica dos atos proféticos realizados pelos profetas e
por Jesus. Como sinais do poder Deus, inseridos na história da salvação, estes
atos hoje são prolongados no mundo por meio da Liturgia da Igreja. Inseridos na
última etapa da historia salutis, os sacramentos são atos divinos que
revelam a presença salvífica de Cristo no mundo e antecipam o cumprimento
escatológico do reino de Deus. Sendo assim, os sacramentos como atos proféticos
da Igreja querem provocar uma expressão renovada dos atos litúrgicos da Igreja.
As ações simbólicas provocam uma reposta, fazendo com que o cristão participe
ativamente do mistério e compreenda que os sacramentos são atos que possuem uma
força transformadora na própria vida, na Igreja e em todo o mundo.
Capítulos:
1.
As ações simbólicas na economia salvífica como sinais de salvação
2.
A teologia litúrgica das ações simbólicas
3.
Para uma renovada expressão dos atos proféticos-sacramentais da Igreja
A
relação entre Eucaristia e Igreja no pensamento de Joseph Ratzinger
Mauro
Francisco dos Santos
Orientador:
Dom Antônio Luiz Catelan Ferreira
Tese
de Doutorado (2022), 216 páginas
Esta
tese expõe, a partir do pensamento de Joseph Ratzinger, a relação entre a
Eucaristia e a Igreja, com o intuito de mergulhar na totalidade e unidade da produção
teológica deste autor. Verifica-se, nessa relação, que a Eucaristia edifica a
Igreja e que a celebração da Ceia na comunidade eclesial é o elemento nuclear deste
mistério. A eclesiologia, compreendida a partir de sua relação com a Eucaristia,
foi um referencial ímpar no entendimento de J. Ratzinger. Para ele, a Igreja
pode ser definida como o povo que vive do Corpo de Cristo e que, na Eucaristia,
se torna ela mesma Corpo de Cristo. A Igreja é, fundamentalmente, communio
sanctorum, no duplo sentido de comunhão dos bens da salvação (sancta)
e comunhão daqueles que recebem esse bem (sancti). Desse modo, a exposição
analítica da produção de J. Ratzinger conduz à junção das tese - synthesis
- influenciadas sobretudo nas aplicações das decisões do Concílio Vaticano II,
como também de grandes pensadores como De Lubac, Congar, Tillard, Forte,
Kasper, Zizioulas, grandes fautores de uma eclesiologia eucarística ou de
comunhão.
Capítulos:
1.
O caráter eucarístico-eclesiológico no Vaticano II
2.
Elementos da história da eclesiologia eucarística
3.
A relação entre Eucaristia e Igreja no pensamento de Joseph Ratzinger
A
unidade dos sacramentos da Iniciação: Caminho de renovação pastoral a
partir do conceito de mysterion
Elza
Ferreira da Cruz
Orientador:
Abimar Oliveira de Moraes
Dissertação
de Mestrado (2023), 129 páginas
O
objetivo desta dissertação é discutir a necessidade da recuperação teológico-pastoral
do sentido unitário dos três sacramentos da Iniciação à Vida Cristã como
caminho de renovação pastoral, a partir da compreensão dos sacramentos como mysterion.
Diante de um mundo que vive uma “crise de sentido”, com as relações
fragmentadas e uma consciência predominantemente autorreferencial e
individualizante, e ao mesmo tempo busca um retorno ao sagrado, através de
espiritualidades sensibilizantes, o cristianismo tem muito o que oferecer à
humanidade: o senso de comunhão, de unidade na diversidade. Atendendo à
convocação do Magistério de Francisco, que convida a pastoral a uma conversão
em estado permanente de missão, os pastoralistas apontam que a inspiração
catecumenal é um caminho renovador para iniciar na vida cristã. Iniciar é
formar o cristão na sua integralidade, o que requer novos processos de
transmissão da fé com um itinerário mistagógico que una Palavra, celebração e
se desdobre em atos na comunidade eclesial e na existência mundana. Como passo
fundamental, é necessária uma nova relação entre catequese e sacramentos, a
partir da recuperação do sentido pleno dos sacramentos como espaço de
realização da história salvífica. Fizemos um percurso em três capítulos,
começando com uma análise das reflexões apresentadas pela Igreja sobre a Iniciação
à Vida Cristã no Magistério de Francisco, no Documento 107 da CNNB e no novo
Diretório para a Catequese de 2020. A ótica presente nesse primeiro capítulo nos
conduziu à necessidade de realizar, no segundo capítulo, um discernimento
através de uma abordagem histórica do sentido unitário dos sacramentos de
Iniciação Cristã a partir do conceito de mysterion. Os primeiros
cristãos testemunhavam que Cristo visibiliza o mistério e compreendiam as ações
de Cristo, da Igreja e suas ações celebrativas como mistérios. Nessa relação, Batismo,
Unção e Eucaristia formam um conjunto unitário; iniciar-se era celebrar porque
o celebrar era mergulhar na ação de Deus, na história para salvação dos homens,
e na nova vida cristã em uma dinâmica triunitária. Ao longo da história essa
relação sacramentos-mistério, unidade dos três sacramentos, foi se fragmentando
com consequências no campo pastoral, na imagem de Deus, na forma de se
vivenciar os atos celebrativos como “coisas” separadas da vida. O Movimento
Litúrgico e a teologia sacramental do século XX desembocam no Concílio Vaticano
II, que recupera o conceito de Igreja Mistério, iluminando o ser sacramental da
Igreja e ressignificando o sentido dos sete sacramentos. O Concílio pede também
a recuperação do catecumenato, a revisão da Crisma, em vista da unidade entre
os sacramentos, além de expressar a centralidade da eucaristia. Esse caminho
iniciado no Concílio continua sendo construído e, assim, no terceiro capítulo
buscamos evidenciar a importância da recuperação pastoral e teológica da
unidade dos três sacramentos e, dentro dessa ótica, apontar um caminhar juntos,
para renovação pastoral que leve a efetivas mudanças na vida eclesial, na
construção de uma cultura eucarística a fim de contribuir para desenvolver uma
sociedade fraterna, na qual o cristão possa viver do que celebra.
Capítulos:
1.
Desafios e perspectivas à Iniciação à Vida Cristã hoje
2.
Mysterion / Mysterium, a recuperação da face perdida dos
sacramentos
3.
Do Batismo à Eucaristia: Uma proposta de itinerário mistagógico para a
atualidade
Liturgia
e Palavra: A sacramentalidade da Palavra de Deus na Celebração Eucarística
Leonardo
Gonçalves da Costa
Orientador:
Luiz Fernando Ribeiro Santana
Dissertação
de Mestrado (2023), 152 páginas
A
realização do Concílio Vaticano II foi um momento privilegiado em que o
Espírito de Deus repousou sobre a Igreja Católica. Este dado carrega em si um
relevo fundamental para nosso estudo, pois compreende a Palavra de Deus na Celebração
Eucarística como um elemento essencialmente sacramental. A proclamação da
Palavra na Celebração Eucarística não é uma simples leitura edificante da
Palavra de Deus, mas sacramento da presença do Ressuscitado em diálogo vivo e
dinâmico com todos aqueles que o escutam e o acolhem na fé. No primeiro
capítulo nossa pesquisa percorreu um itinerário bíblico. Para tanto, este
caminho percorreu o dinamismo da Palavra no Antigo e Novo Testamentos. Neles,
foram considerados os principais marcos da dinâmica da Palavra de Deus na
história da revelação. No segundo capítulo abordamos a Palavra de Deus na Celebração
Eucarística como um elemento essencialmente sacramental a partir da ação do
Cristo e do Espírito na Palavra. No terceiro capítulo apresentamos a intuição
dinâmico-celebrativa em torno da Palavra a partir da assembleia litúrgica, da
estrutura da Liturgia da Palavra e da ministerialidade que brota da celebração.
Com isso, queremos proporcionar uma reflexão sobre esta temática para
apresentar uma discreta contribuição à vida litúrgica que se estabelece ao
redor da Celebração Eucarística, tendo como fundamento a Palavra de Deus como
momento de máximo relevo sacramental.
Capítulos:
1.
Deus se revela e dá a sua Palavra
2.
A sacramentalidade da Palavra de Deus na Celebração Eucarística
3.
A dinâmica litúrgico-pastoral da Palavra de Deus na Celebração Eucarística
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