quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Catequeses do Jubileu 2025: Infância de Jesus 3

Prosseguindo com as reflexões do Papa Francisco sobre a infância de Jesus dentro do ciclo de Catequeses do Jubileu Ordinário de 2025, “Jesus Cristo, nossa esperança”, confira nesta postagem a quinta e a sexta meditações: o nascimento de Jesus e a visita dos pastores (Lc 2,1-20) e a visita dos Magos (Mt 2,1-12).

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Jubileu 2025: Jesus Cristo, nossa esperança
1.5. A infância de Jesus: O Nascimento e a visita dos pastores (Lc 2,1-20)

Caríssimos irmãos e irmãs, bom dia!
No nosso percurso jubilar de Catequeses sobre Jesus, nossa esperança, meditemos hoje sobre o acontecimento do seu nascimento em Belém.

O Filho de Deus entra na história fazendo-se nosso companheiro de caminho, e começa a viajar quando ainda está no seio materno. O evangelista Lucas narra-nos que, assim que foi concebido, partiu de Nazaré para a casa de Zacarias e Isabel; e depois, no final da gravidez, de Nazaré a Belém, para o recenseamento. Maria e José são obrigados a ir para a cidade do rei Davi, onde também José tinha nascido. O Messias tão esperado, o Filho do Deus Altíssimo, deixa-se contabilizar, isto é, ser contado e registrado, como qualquer cidadão. Submete-se ao decreto de um imperador, César Augusto, que se julga senhor de toda a terra.

Adoração dos pastores (Murillo)

Lucas insere o nascimento de Jesus em um «tempo que se pode datar com precisão» e em um «ambiente geográfico exatamente definido», de modo que «o universal e o concreto tocam-se mutuamente» (Bento XVI, A infância de Jesus, 2012, 57). Deus que entra na história não desarticula as estruturas do mundo, mas quer iluminá-las e recriá-las desde dentro.

Belém significa «casa do pão». Foi ali que se cumpriram os dias do parto para Maria e foi ali que nasceu Jesus, pão descido do céu para saciar a fome do mundo (cf. Jo 6,51). O anjo Gabriel tinha anunciado o nascimento do Rei messiânico no sinal da grandeza: «Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim» (Lc 1,31-33).

No entanto, Jesus nasce de modo totalmente inédito para um rei. Com efeito, «enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria» (Lc 2,6-7). O Filho de Deus não nasce em um palácio real, mas na parte de trás de uma casa, no espaço onde estão os animais.

Lucas mostra-nos assim que Deus não vem ao mundo com proclamações retumbantes, não se manifesta no clamor, mas inicia o seu caminho na humildade. E quem são as primeiras testemunhas desse acontecimento? São alguns pastores: homens de pouca cultura, malcheirosos por causa do contato constante com os animais, que vivem à margem da sociedade. Contudo, eles exercem a profissão com a qual o próprio Deus se dá a conhecer ao seu povo (cf. Gn 48,15; 49,24; Sl 22,1; 79,2; Is 40,11). Deus os escolhe como destinatários da mais bela notícia que ressoou na história: «Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado em uma manjedoura» (Lc 2,10-12).

O lugar onde ir ao encontro do Messias é uma manjedoura. Com efeito, acontece que, depois de tanta espera, «para o Salvador do mundo, para Aquele para quem todas as coisas foram criadas (cf. Cl 1,16), não há lugar» (Bento XVI, op. cit., 59). Os pastores descobrem assim que, em um lugar extremamente humilde, reservado para os animais, o Messias tão esperado nasce para eles, para ser o seu Salvador, o seu Pastor. Uma notícia que abre o seu coração à admiração, ao louvor e ao anúncio jubiloso. «Ao contrário de tanta gente ocupada a fazer muitas outras coisas, os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que nos é oferecida. São os mais humildes e os mais pobres que sabem acolher o acontecimento da Encarnação» (Carta Apostólica Admirabile signum, n. 5).

Irmãos e irmãs, peçamos também nós a graça de ser, como os pastores, capazes de admiração e de louvor diante de Deus, e capazes de cuidar daquilo que Ele nos confiou: os talentos, os carismas, a nossa vocação e as pessoas que coloca ao nosso lado. Peçamos ao Senhor saber vislumbrar na fraqueza a força extraordinária do Deus Menino, que vem para renovar o mundo e transformar a nossa vida com o seu desígnio cheio de esperança para toda a humanidade.

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Jubileu 2025: Jesus Cristo, nossa esperança
1.6. A infância de Jesus: A visita dos Magos (Mt 2,1-12)

Queridos irmãos e irmãs!
Nos Evangelhos da infância de Jesus há um episódio que é próprio do relato de Mateus: a visita dos Magos. Atraídos pelo surgimento de uma estrela, que em muitas culturas é presságio do nascimento de pessoas excepcionais, alguns sábios partem do Oriente, sem saber exatamente o destino da sua peregrinação. Trata-se dos Magos, pessoas que não pertencem ao povo da aliança. Na última Catequese falamos dos pastores de Belém, marginalizados na sociedade judaica porque considerados “impuros”; hoje encontramos outra categoria, a dos estrangeiros, que chegam imediatamente para render homenagem ao Filho de Deus que entrou na história com uma realeza totalmente inédita. Por isso os Evangelhos nos dizem claramente que os pobres e os estrangeiros são os primeiros convidados para encontrar o Deus que se fez menino, o Salvador do mundo.

Os Magos foram considerados como representantes tanto das raças primordiais, geradas pelos três filhos de Noé, como dos três continentes conhecidos na Antiguidade: África, Ásia e Europa, bem como das três fases da vida humana: juventude, maturidade e velhice. Para além de qualquer interpretação possível, são homens que não ficam parados, mas que, como os grandes vocacionados da história bíblica, sentem o chamado para se moverem, para se colocarem a caminho. São homens que sabem olhar para além de si mesmos, sabem olhar para o alto.

A atração da estrela que surge no céu os põe em marcha para a terra de Judá, para Jerusalém, onde encontram o rei Herodes. A ingenuidade e a confiança com que pedem informações sobre o recém-nascido rei dos judeus contrasta com a astúcia de Herodes, que, agitado pelo medo de perder o trono, procura imediatamente ver as coisas com clareza, contatando os escribas e pedindo-lhes que investiguem.

O poder do soberano terreno mostra assim toda a sua fraqueza. Os escribas conhecem as Escrituras e referem ao rei o lugar onde, segundo a profecia de Miqueias, nasceria o chefe e pastor do povo de Israel (cf. Mq 5,1): a pequena Belém, e não a grande Jerusalém! Com efeito, como recorda Paulo aos coríntios, «Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte» (1Cor 1,27).

Os escribas, no entanto, que sabem exatamente o lugar de nascimento do Messias, mostram o caminho aos outros, mas eles mesmos não se movem! Com efeito, não basta conhecer os textos proféticos para entrar em sintonia com as frequências divinas: é preciso deixar-se escavar e permitir que a Palavra de Deus reavive o anseio de procurar, acenda o desejo de ver Deus.

Nesse momento, Herodes, em segredo, como fazem os enganadores e os violentos, pergunta aos Magos o momento exato do surgimento da estrela e os incita a prosseguir a viagem e a voltar para lhe dar notícias, para que ele também possa ir adorar o recém-nascido. Para aqueles apegados ao poder, Jesus não é uma esperança a acolher, mas uma ameaça a eliminar!

Quando os Magos partem novamente, a estrela reaparece e os conduz até Jesus, sinal de que a criação e a palavra profética representam o alfabeto com que Deus fala e se deixa encontrar. A visão da estrela suscita naqueles homens uma alegria irreprimível, porque o Espírito Santo, que move o coração de quem busca Deus com sinceridade, também o enche de alegria. Ao entrarem na casa, os Magos prostram-se, adoram Jesus e lhe oferecem dons preciosos, dignos de um rei, dignos de Deus. Por quê? O que veem? Um autor antigo escreve: veem «um humilde corpinho que o Verbo assumiu; mas não lhes é oculta a glória da divindade. Veem uma criança, mas adoram Deus» (Cromácio de Aquileia, Comentário ao Evangelho de Mateus 5, 1). Os Magos tornam-se assim os primeiros fiéis entre todos os pagãos, imagem da Igreja reunida de todas as línguas e nações.

Queridos irmãos e irmãs, coloquemo-nos também nós na escola dos Magos, desses “peregrinos de esperança” que, com grande coragem, dirigiram os seus passos, os seus corações e os seus bens para Aquele que é a esperança não só de Israel, mas de todos os povos. Aprendamos a adorar Deus na sua pequenez, na sua realeza que não esmaga, mas que nos torna livres e capazes de servir com dignidade. E ofereçamos-lhe os dons mais preciosos, para exprimir-lhe a nossa fé e o nosso amor.

Adoração dos Magos (Murillo)

Fonte: Santa Sé (12 de fevereiro e 19 de fevereiro de 2025).

Observação: A Catequese do dia 12 de fevereiro foi a última proferida pelo Papa Francisco. A partir do dia 19 até o mês de abril, devido à sua hospitalização, a Santa Sé se limitava a divulgar o texto que havia sido preparado.

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