Há 20 anos, no dia 21 de dezembro de 2005, o Papa Bento XVI (†2022) proferiu uma Catequese sobre o Natal do Senhor, centrando-se no simbolismo da luz ligado a esse mistério:
Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 21 de dezembro 2005
A luz do Natal
A Audiência Geral
de hoje tem lugar no clima de jubilosa e trepidante expectativa pelas
festividades natalinas já iminentes. Vem, Senhor Jesus! Assim repetimos na
oração destes dias, preparando o coração para saborear a alegria do nascimento
do Redentor. Em particular, nesta última semana do Advento, a Liturgia
acompanha e sustenta o nosso caminho interior com repetidos convites a acolher o Salvador, reconhecendo-o no humilde Menino que jaz em uma manjedoura.
Este é o
mistério do Natal, que tantos símbolos nos ajudam a compreender melhor. Entre esses
encontra-se o da luz, que é um dos mais ricos de significado espiritual, e
sobre o qual gostaria de me deter brevemente. A festa do Natal coincide, no
nosso hemisfério [norte], com os dias do ano nos quais o sol termina a sua
parábola descendente e começa a aumentar gradativamente o tempo de luz diurna, conforme
a recorrente sucessão das estações. Isto nos ajuda a compreender melhor o tema
da luz que vence as trevas. É um símbolo que evoca uma realidade que toca o
íntimo do homem: refiro-me à luz do bem que vence o mal, do amor que supera o
ódio, da vida que derrota a morte. O Natal faz pensar nesta luz interior, na
luz divina, repropondo o anúncio da vitória definitiva do amor de Deus sobre o
pecado e a morte. Por este motivo, na Novena do Santo Natal que estamos fazendo,
são numerosas e significativas as referências à luz. Também a antífona cantada
no início deste nosso encontro o recorda. O Salvador esperado pelas nações é
saudado como “Astro nascente”, a estrela que indica o caminho e guia os homens,
peregrinos entre as obscuridades e os perigos do mundo, para a salvação
prometida por Deus e realizada em Jesus Cristo.
Preparando-nos
para celebrar com alegria o nascimento do Salvador nas nossas famílias e nas
nossas comunidades eclesiais, enquanto certa cultura moderna e consumista tende
a fazer desaparecer os símbolos cristãos da celebração do Natal, seja
compromisso de todos colher o valor das tradições natalinas, que fazem parte do
patrimônio da nossa fé e da nossa cultura, para transmiti-las às novas
gerações. Em particular, ao ver as estradas e praças das cidades enfeitadas com
luzes resplandecentes, recordemos que estas luzes evocam outra luz, invisível
aos olhos, mas não ao coração. Enquanto as admiramos, enquanto acendemos as velas nas igrejas ou iluminamos o presépio e a árvore de Natal nas casas, que o
nosso ânimo se abra à verdadeira luz espiritual trazida a todos os homens de
boa vontade. O Deus conosco, nascido da Virgem Maria em Belém, é a Estrela da
nossa vida!
“Ó Astro que
surges, esplendor da luz eterna, Sol de justiça: vem, ilumina quem jaz nas
trevas e na sombra da morte” (cf. Vésperas do dia 21 de dezembro, Antífona
do Magnificat). Fazendo nossa esta invocação da Liturgia de hoje, peçamos
ao Senhor que apresse a sua vinda gloriosa entre nós, entre todos os que
sofrem, porque só n’Ele podem ser satisfeitas as autênticas expectativas do
coração humano. Este Astro de luz que não conhece ocaso nos comunique a força
para seguir sempre o caminho da verdade, da justiça e do amor! Vivamos
intensamente estes últimos dias que precedem o Natal, juntamente com Maria, a
Virgem do silêncio e da escuta. Ela, que foi totalmente envolvida pela luz do
Espírito Santo, nos ajude a compreender e a viver plenamente o mistério do Natal
de Cristo. Com estes sentimentos, exortando-vos a manter viva a admiração
interior na fervorosa expectativa da celebração já próxima do nascimento do
Salvador, sinto-me feliz por formular desde já os mais cordiais votos de um feliz
e santo Natal a todos vós aqui presentes, aos vossos familiares, às vossas
comunidades e a quantos vos são queridos.
Bom Natal a
todos!
Fonte: Santa Sé.

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