Neste ano de 2022 o Papa Francisco retomou a tradicional oração da Via Sacra na noite da Sexta-feira Santa junto ao Coliseu, interrompida nos últimos dois anos devido à pandemia de Covid-19. Para acessar nossa postagem sobre a história e a espiritualidade da Via Sacra, clique aqui.
Para esta ocasião, em vista do X Encontro Mundial das Famílias (a ser celebrado em Roma no próximo mês de junho), o Papa confiou as meditações da Via Sacra a um grupo de famílias: um casal jovem, um casal de idosos, a família de um enfermo...
Além disso, as meditações seguiram a “Via Sacra Bíblica”, um formulário alternativo ao esquema tradicional, centrando-se nos eventos narrados nos Evangelhos. Esta é a primeira vez que esse formulário é utilizado no pontificado do Papa Francisco. Para acessar nossa postagem sobre a Via Sacra Bíblica, clique aqui.
Confira a seguir o texto completo das meditações dessa “Via Sacra das Famílias”:
Sexta-Feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu, Roma - 15 de abril de 2022
Meditações preparadas pelas famílias
Oração inicial
Senhor Jesus, neste dia consagrado pela vossa Paixão, as nossas vozes erguem-se para Vós com a confiança de que nos escutais.
Nós vos bendizemos porque sois para nós fonte de vida: assumistes os nossos sofrimentos, com a vossa santa cruz redimistes o mundo.
Acreditamos que pelas vossas chagas fomos curados, que não nos deixais sozinhos na hora da provação, que o vosso Evangelho é verdadeira sabedoria.
Reconhecemos o vosso corpo martirizado em tantos dos nossos irmãos e irmãs, a violência que sofrestes em quem é perseguido, o vosso abandono no vilipêndio de quem é morto.
Vós, que quisestes viver em uma família, olhai com benevolência para as nossas famílias: atendei as orações, escutai os lamentos, abençoai as resoluções, acompanhai o caminho, sustentai-as nas incertezas, consolai os afetos feridos, infundi a coragem de amar, concedei a graça do perdão, tornai-as abertas às necessidades dos outros.
Senhor Jesus, Vós que sois o Crucificado Ressuscitado, fazei que não deixemos roubar-nos a esperança de uma nova humanidade, dos novos céus e da nova terra, onde enxugareis todas as lágrimas dos nossos olhos e não haverá mais pranto nem angústia, porque as coisas velhas passaram e seremos uma grande família na vossa casa de amor e de paz.
I Estação: Jesus em agonia no Horto das Oliveiras
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,32-36)
Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani, e Jesus disse aos discípulos: «Ficai aqui enquanto Eu vou orar». Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-Se. E disse-lhes: «A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai». Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou para que, se possível, passasse d’Ele aquela hora. E dizia: «Abbá, Pai! Tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres».
Meditação (Um casal de jovens esposos):
Aqui estamos nós, casados há apenas dois anos. O nosso casamento ainda não foi provado por muitas tempestades. Houve a pandemia que complicou tudo um pouco, mas estamos felizes. A nossa relação parece ser uma longa lua de mel, apesar das brigas diárias. Apesar das nossas diferenças. No entanto, muitas vezes temos medo. Quando pensamos nos casais de amigos mais velhos que não conseguiram manter-se juntos. Quando lemos nos jornais que aumentam as separações. Quando nos dizem que seguramente acabaremos por nos separar, porque assim está o mundo. É uma questão de estatísticas. Quando nos sentimos sozinhos, porque não nos entendemos. Quando o dinheiro se faz pouco para levar o mês ao fim. Quando nos sentimos como dois desconhecidos sob um mesmo teto. Quando acordamos de noite e sentimos no coração o peso e a angústia da nossa «orfandade». Porque nos esquecemos de ser filhos. Porque cremos que o nosso casamento e a nossa família dependem apenas de nós, das nossas forças. Começamos a tomar consciência de que o casamento não é só uma aventura romântica, mas também Getsêmani; é também a angústia antes de repartir o teu corpo pelo outro.
Senhor Jesus, que sofrestes pavor e angústia. R. Dai-nos a paz.
Vós que, na hora da provação, Vos pusestes a rezar...
Vós que nos chamais a vigiar e orar convosco...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que por entre oliveiras de paz, rezando, aceitastes sofrer por nós até a morte, e morte de cruz, escutai as nossas súplicas pelos jovens esposos: ajudai-os a enfrentar as dificuldades unidos a Vós e, a todos nós, concedei a graça de permanecer convosco na hora da provação. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
II Estação: Jesus traído por Judas e abandonado pelos seus
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 22,47-50)
Jesus ainda estava falando quando surgiu uma multidão de gente. Um dos Doze, chamado Judas, caminhava à frente e aproximou-se de Jesus para O beijar. Jesus disse-lhe: «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do Homem?» Vendo o que ia suceder, aqueles que estavam com Ele perguntaram-Lhe: «Senhor, ferimo-los à espada?» E um deles feriu um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita.
Do Evangelho segundo Mateus (Mt 26,52.56)
Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada morrerão à espada». (…) Então, todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
Meditação (Uma família em missão)
Senhor, partimos para a missão há quase dez anos, porque não nos bastava a nossa felicidade. Queríamos dar a nossa vida a fim de que também outros experimentassem a mesma alegria. Queríamos mostrar o amor de Cristo mesmo a quem não O conhece. Não importa onde. A vida de comunidade e as atividades de cada dia ajudam-nos a educar os filhos com uma visão aberta da vida e do mundo. Mas não é fácil! Não escondemos a angústia e o medo de levar uma vida familiar precária, longe do nosso país. A tudo isto vem juntar-se o terror da guerra tão dramaticamente atual nestes meses. Não é simples viver só de fé e caridade, porque muitas vezes não conseguimos abandonar-nos completamente à Providência. E às vezes, perante a angústia e o sofrimento de uma mãe que morre de parto e mais ainda sob as bombas, ou de uma família destruída pela guerra ou pela pobreza e as injustiças, vem a tentação de responder com a espada, de fugir, de Vos abandonar, Senhor, de deixar tudo pensando que não vale a pena... Mas seria trair os nossos irmãos mais pobres, que são a vossa carne no mundo e que nos recordam que Vós sois o Vivente.
Senhor Jesus, que fostes traído com um beijo. R. Dai-nos a paz.
Vós que fostes abandonado pelos discípulos...
Vós que experimentastes solidão e humilhação...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que acolhestes com amor o beijo traidor de Judas, escutai as nossas súplicas: dai às famílias em missão a coragem de testemunhar o vosso Evangelho e, a todos nós, concedei a graça de responder ao mal com o bem, para sermos construtores de paz e reconciliação. Vos que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Cuius animam gementem, / contristatam et dolentem / pertransivit gladius.
III Estação: Jesus é condenado pelo Sinédrio
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,55.61-62-.64)
Os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus a fim de condená-Lo à morte, mas não o encontravam. (...) Então, o Sumo Sacerdote O interrogou: «És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?» Jesus respondeu: «Eu sou» (…). E todos sentenciavam que Ele era réu de morte.
Meditação (Esposos idosos sem filhos)
Vivemos um noivado de poucos meses, porque a vida nos tinha mantido longamente afastados, fazendo-nos conhecer como doem as batidas dos corações que batem à distância. E quando voltamos a nos encontrar, casamo-nos imediatamente, com a pressa de quem esperara tanto, já com receio de não consegui-lo. Deixamos as nossas casas de origem para criar uma nossa. Iniciamos o nosso percurso de esposos, cheios de projetos e também ilusões da juventude. Depois a vida fez-nos descobrir mais frágeis e, ao mesmo tempo, despojou-nos das nossas expectativas, fazendo-nos caminhar por uma estrada tantas vezes íngreme, no topo da qual nos deparamos com a impossibilidade de nos tornarmos pais. Frequentemente, com mágoa, nos vimos julgados sobre a nossa esterilidade. «Como é possível que não tenhais filhos?», perguntaram-nos mil vezes, quase insinuando que o nosso casamento e o nosso amor não bastassem para ser uma família. Quantos olhares pouco compreensivos tivemos que digerir! Mas continuamos a caminhar cada dia de mãos dadas, cuidando juntos de uma comunidade de irmãos e amigos que, por entre solidões e carinhos, se tornou com o tempo casa e família.
Senhor Jesus, que sofrestes uma condenação injusta. R. Dai-nos a paz.
Vós que suportastes insinuações e acusações...
Vós que, inocente, fostes perseguido...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que fostes condenado injustamente, escutai a nossa oração: concedei aos esposos sem filhos a graça de caminhar de mãos dadas, vivendo em plenitude o Sacramento do amor conjugal, e, a todos nós, a graça de vivermos as adversidades com serena firmeza. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
O quam tristis et afflicta / fuit illa benedicta / Mater Unigeniti!
IV Estação: Jesus é renegado por Pedro
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,66-68.72)
Estando Pedro em baixo, no pátio, chegou uma das criadas do Sumo Sacerdote e, vendo Pedro aquecendo-se, fixou nele o olhar e disse: «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno». Mas ele negou, dizendo: «Não sei nem entendo o que dizes». Depois, saiu para o átrio e um galo cantou. (...) Pedro recordou-se, então, das palavras de Jesus: «Antes de o galo cantar duas vezes, tu Me terás negado três vezes». E desatou a chorar.
Meditação (Uma família numerosa)
Quando nos casamos, pensávamos que não poderíamos ter filhos. Depois, na viagem da lua de mel, chegou o primeiro, e mudou a nossa vida. Tínhamos projetos mais lentos como o de nos realizarmos no trabalho, viajarmos, tentarmos viver um pouco como eternos namorados... E ao contrário, enquanto ainda incrédulos descobríamos a beleza deste dom, chega o segundo filho: uma menina. E assim, olhando para trás hoje, chegaram também os outros, quase sem percebermos. E os nossos sonhos? Moldados pelos acontecimentos. A nossa realização profissional? Modificada pelos fatos da vida que irrompe. E, depois, o medo de poder um dia renegar tudo, como Pedro; a angústia e a tentação de abandonar tudo diante de mais uma despesa inesperada; a preocupação pelas tensões com os filhos adolescentes. Os velhos desejos cederam o passo à nossa família. Não é fácil - claro! -, mas é infinitamente mais bonito assim. E, apesar das aflições e da densidade da nossa jornada, que parece nunca ser suficiente para tudo, jamais voltaríamos atrás.
Senhor Jesus, que enxugastes as lágrimas de Pedro. R. Dai-nos a paz.
Vós que perdoais quem reconhece ter pecado...
Vós que compreendeis as nossas incertezas...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que abris os braços a quem invoca perdão, escutai a nossa súplica: concedei às famílias numerosas a graça de superar todas as dificuldades com alegria e, a todos nós, a graça de sempre nos levantarmos depois de uma queda. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Quae moerebat et dolebat, / pia Mater, dum videbat / Nati poenas incliti.
V Estação: Jesus é julgado por Pilatos
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,12-15)
Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça com Aquele a Quem chamais rei dos judeus?». Eles gritaram novamente: «Crucifica-O!». Pilatos insistiu: «Que fez Ele de mal?». Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-O!». Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-O para ser crucificado.
Meditação (Uma família com um filho portador de deficiência)
O nosso filho foi julgado antes mesmo de vir ao mundo. Tínhamos encontrado médicos que cuidaram da sua vida antes que ele nascesse, e médicos que claramente nos deram a entender que era melhor não deixá-lo nascer. E quando optamos pela vida, fomos, também nós, objeto de julgamento: «Será um peso para vós e para a sociedade»” - disseram-nos. «Crucifica-o». E, contudo, não tinha feito mal algum. Quantas vezes o julgamento do mundo é apressado e superficial e faz-nos sofrer simplesmente com um olhar. Carregamos a vergonha de uma diversidade com mais frequência lamentada do que compartilhada. A deficiência não é motivo para ostentação nem um rótulo, mas sim o vestido de uma alma que muitas vezes prefere ficar calada diante de juízos injustos; e não por vergonha, mas por misericórdia para com a pessoa que julga. Não estamos imunes à cruz da dúvida ou à tentação de imaginar como teria sido se as coisas seguissem um curso diferente. Mas, na realidade, a deficiência é uma condição, não uma característica, e a alma, graças a Deus, não conhece barreiras.
Senhor Jesus, que olhastes com amor os vossos adversários. R. Dai-nos a paz.
Vós que não temestes quem mata o corpo, mas não a vida...
Vós que julgais com amor misericordioso...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que fostes julgado segundo lógicas mundanas, escutai as nossas súplicas pelas famílias com filhos sofredores: concedei-lhes alívio na fadiga e, a todos nós, a graça de escolher, salvaguardar e amar a vida sempre e em todo o caso. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Quis est homo qui non fleret, / Matrem Christi si videret / in tanto supplicio?
VI Estação: Jesus é flagelado e coroado de espinhos
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,15.17-19)
Pilatos, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-O para ser crucificado. Os soldados (...) revestiram-No de um manto de púrpura e puseram-Lhe uma coroa de espinhos, que tinham entretecido. Depois começaram a saudá-Lo: «Salve! Ó rei dos judeus!» Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam sobre Ele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.
Meditação (Uma família que administra uma casa de acolhimento)
A nossa casa é grande, não só em termos de espaço, mas sobretudo pela riqueza humana que nela habita. Desde o início do casamento, nunca estivemos só os dois. Depois de 42 anos de casamento e três filhos naturais, nove netos e cinco filhos adotivos não autossuficientes e com graves dificuldades psíquicas, a nossa vocação ao acolhimento da dor foi e continua a ser tudo menos que triste. Não merecemos tanta bênção de vida. Para quem acredita que não é humano deixar sozinho quem sofre, no seu íntimo o Espírito Santo move a vontade para agir e não ficar indiferente, alienado. A dor mudou-nos. A dor leva ao essencial, reordena as prioridades da vida e restitui a simplicidade da dignidade humana enquanto tal. No caminho doloroso da vida de tantos flagelados e crucificados, ao lado deles, sob o peso da sua cruz, descobrimos que o verdadeiro rei é aquele que se oferece e se dá em alimento, alma e corpo.
Senhor Jesus, que fostes flagelado na carne e no espírito. R. Dai-nos a paz.
Vós que conhecestes a dor inocente...
Vós que fostes humilhado, insultado, coroado de espinhos...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que padecestes dor e desprezo, escutai a nossa súplica: concedei às nossas famílias a graça de aprender a acolher quem está ferido e, a todos nós, a graça de nos ocuparmos e cuidarmos das dores dos outros. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Quis non posset contristati / piam matrem comtemplari / dolentem cum Filio?
VII Estação: Jesus é carregado com a Cruz
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,20)
Depois de terem escarnecido de Jesus, tiraram-Lhe o manto de púrpura e revestiram-No das suas vestes. Levaram-No, então, para O crucificar.
Meditação (Uma família com um progenitor doente)
Em uma manhã igual a tantas outras, a minha esposa desmaiou duas vezes. Seguiu-se a corrida para o hospital e a descoberta de uma doença que já estava a inocular o veneno na sua cabeça. A operação, a reabilitação, os tratamentos... e hoje uma vida diária completamente nova para todos nós. O Senhor fala-nos através de acontecimentos que nem sempre compreendemos e leva-nos pela mão rumo ao desenvolvimento da nossa melhor parte. Tinha um papel, uma posição, uma «figura»... e viu-se completamente diferente. Nua, indefesa, crucificada. E eu, com ela. Através desta doença, nesta cruz, tornamo-nos o pilar no qual os filhos sabem que podem apoiar-se. Antes não era assim. Poderia quase dizer que hoje, com os olhos penetrantes na sua dor calva, é plenamente mãe e esposa. Sem floreios, na essencialidade de uma vida mais difícil e nova. Estar bloqueado, pregado por um pensamento martelante, forçou-me - sobretudo a mim que era teimosamente orgulhoso -, a descobrir nas outras famílias o dom maravilhoso que são: uma tenta fazer-te rir; outra te ajuda na cozinha; outra acompanha os teus filhos à catequese; outra te escuta; outra em um simples olhar compreende tudo; outra que, apesar de se encontrar em situações semelhantes ou até mais complicadas, se preocupa constantemente contigo.
Senhor Jesus, que não buscastes honras mundanas. R. Dai-nos a paz.
Vós que assumistes o fardo de todos os mortais...
Vós que abraçastes o pesado madeiro da cruz...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que transformastes o patíbulo de morte em fonte inesgotável de vida, escutai as nossas invocações: concedei aos filhos a graça de cuidarem dos pais, resguardando-os com gratidão, e, a todos nós, a graça de aprender convosco a alegria de amar e doar-se generosamente. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Pro peccatis suae gentis / vidit Jesum in tormentis / et flagellis subditum.
VIII Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu a levar a Cruz
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,26)
Quando iam conduzindo Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de Jesus.
Meditação (Um casal de avós)
Estamos aposentados há dois anos e precisamente quando começávamos a pensar sobre como gastar as energias recuperadas, chegou-nos a notícia de que o nosso genro perdera o emprego. Durante a pandemia assistimos, impotentes, à crise do casamento da nossa filha mais velha. Os netos começaram a inundar de vitalidade e confusão a nossa casa, não só aos domingos e, sobretudo, como já não acontecia desde quando eram pequenos os nossos três filhos. Montamos uma cadeirinha de bebê no carro e compramos uma lousa onde anotar os compromissos dos nossos cinco netos para não corrermos o risco de esquecer qualquer coisa. Os nossos músculos já não são os mesmos que eram, mas a bagagem das experiências torna-nos mais dóceis à vida do que quando tínhamos forças para correr. A cruz da precariedade das famílias e do trabalho preocupa-nos. E hoje que seríamos naturalmente inclinados a lidar com o nosso cansaço e o medo inegável da morte, carregamos uma cruz inesperada, colocada aos nossos ombros contra a nossa vontade. O ritmo muitas vezes torna-se lento e à noite, depois de sorrir, damos conosco a chorar de compaixão. Mas ser «oxigênio» para as famílias dos nossos filhos é um dom que volta a levar-nos às emoções que sentíamos quando eles eram pequenos. Nunca se acaba de ser mãe e pai.
Senhor Jesus, que compartilhastes o peso da cruz. R. Dai-nos a paz.
Vós que nos submeteis ao juízo da vossa cruz. ..
Vós que pedis para Vos seguir levando a nossa cruz...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que nos chamais a carregar os pesos uns dos outros, escutai as nossas súplicas: concedei às nossas famílias a graça de saber compartilhar alegrias e cansaços e, a todos nós, a graça de crescer em operosa fraternidade. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Eia, mater, fons amoris, / me sentire vim doloris / fac, ut tecum lugeam.
IX Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-28)
Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e umas mulheres que batiam no peito e se lamentavam por Ele. Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos».
Meditação (Uma família adotiva)
Agora somos quatro. Durante longos anos, fomos dois, e enfrentamos a cruz da solidão e a gestação de uma paternidade diferente do que sempre tínhamos imaginado. A adoção é a história de uma vida marcada pelo abandono que é curada pelo acolhimento. Mas o abandono é uma ferida que não para de sangrar. E a adoção é uma cruz que pais e filhos carregam juntos aos ombros, suportando-a, procurando aliviar a sua dor e mesmo amando-a como parte da história do filho. Mas dói ver um filho que sofre com o seu passado. Dói tentar amá-lo sem conseguir mitigar minimamente a sua dor. Adotamo-nos mutuamente. E não há um dia em que não acordemos pensando que valeu a pena; que todo este esforço não é em vão; que esta cruz, ainda que dolorosa, esconde um segredo de felicidade.
Senhor Jesus, que Vos destes conta do olhar das mulheres de Jerusalém. R. Dai-nos a paz.
Vós que enxugastes lágrimas e consolastes corações...
Vós que percorrestes corajosamente o caminho da cruz...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que fostes ao encontro da cruz com olhos abertos e de coração pronto, escutai as nossas súplicas: concedei aos pais e aos seus filhos adotivos a graça de crescerem juntos como famílias acolhedoras e, a todos nós, a graça de colaborarmos na alegria do próximo. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Fac ut ardeat cor meum / in amando Christum Deum, / ut sibi complaceam.
X Estação: Jesus é crucificado
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-28)
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-No a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem». Depois deitaram sorte para dividirem entre si as suas vestes. O povo permanecia ali, observando; e os chefes zombavam, dizendo: «Salvou os outros, salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Os soldados também troçavam d’Ele. Aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo!» E por cima d’Ele havia uma inscrição: «Este é o rei dos judeus».
Meditação (Uma viúva com filhos)
Somos uma mãe e dois filhos. Há mais de sete anos que somos uma cadeira com três pernas em vez de quatro: muito bela e de valor, embora um pouquinho instável. Ao pé da cruz, toda família, mesmo a mais malfeita, a mais sofredora, a mais estranha, a mais incompleta, encontra o seu sentido profundo. Inclusive a nossa. Experimentamos, não sem lágrimas e dor, que Jesus naquele abraço de traves pregadas olha por nós e nunca nos deixa sozinhos. Confia-nos não só a um amor genérico do criador pelas suas criaturas, mas entrega-nos a um amigo, a uma mãe, a um filho, a um irmão. A uma Igreja que, com todos os seus defeitos, estende a mão e, por mais impossível que pareça, sustenta de vez em quando o peso por nós, permitindo-nos então retomar fôlego. O amor multiplica-se porque é gratuito, mesmo quando me vem a tentação de querer entender, se «salvou os outros, se é o Messias de Deus, o seu Eleito», por que não poderia ter salvo também o meu marido. Mas a ferida de Um na cruz é conjuntamente herança, vínculo e relação. O Amor faz-se real, porque, no nosso abismo e nas nossas dificuldades, não estamos abandonados.
Senhor Jesus, que estendestes os braços na cruz. R. Dai-nos a paz.
Vós que, para nos salvar a nós, não salvastes a Vós mesmo...
Vós que perdoastes aos vossos algozes...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que, com os braços abertos na cruz, estreitais a Vós quem está só e abandonado, escutai a nossa oração: concedei às famílias feridas pela perda de um progenitor a graça de Vos sentir presente na sua dor e, a todos nós, a graça sabermos chorar com quem chora. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Sancta Mater, istud agas, / Crucifixi fige plagas / cordi meo valide.
XI Estação: Jesus promete o Reino ao bom ladrão
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,33.42-43)
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-No a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Um dos malfeitores disse: «Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no teu Reino». Ele respondeu-lhe: «Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso».
Meditação (Uma família com um filho consagrado)
Sorrimos (mas só agora!) ao lembrar todas as expectativas que tínhamos depositado no nosso filho. Nós o criamos para que fosse feliz, para que se realizasse. Para que seguisse os passos do avô. É verdade, tínhamos desejado para ele uma vida talvez diferente. Uma família, um trabalho, filhos, netos. Enfim, a «normalidade». Tínhamos já vivido a vida dele em seu lugar. Em vez disso, chegastes Vós e transtornastes tudo. Destruístes os nossos sonhos por algo maior. Fizestes com que a sua vida não seguisse a lógica do «sempre se fez assim», e o chamastes para Vós. Mas como? Por que precisamente ele? Por que precisamente o nosso filho? Ao princípio, não o aceitamos bem. Opusemo-nos. Abandonamo-lo. Pensávamos que a nossa frieza o levaria a repensar os seus passos. Tentamos insinuar-lhe na cabeça a dúvida de que estaria errando tudo. Como os dois malfeitores. Mas compreendemos que não se pode lutar contra Vós. Nós somos um vaso, e Vós sois o mar. Nós somos uma fagulha, e Vós sois o fogo. E então, como o bom ladrão, também nós pedimos para Vos lembrardes de nós quando estiverdes no vosso Reino.
Senhor Jesus, que morrestes como um malfeitor. R. Dai-nos a paz.
Vós que transformastes a cruz em um trono real...
Vós que nos abristes as portas do Paraíso perdido...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que nos revelastes os mistérios do vosso Reino, onde o maior é aquele que serve, escutai as nossas súplicas: guiai os pais para servirem a vocação dos filhos e, a todos nós, concedei a graça de sermos vossos discípulos fiéis. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Tui Nati vulnerati, / tam dignati pro me pati, / poenas mecum divide.
XII Estação: Jesus confia a Mãe ao discípulo amado
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo João (Jo 19,25-27)
Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Então Jesus, ao ver ali a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.
Meditação (Uma família que perdeu uma filha)
Em casa, éramos cinco: eu, o meu marido e os nossos três filhos. Há cinco anos, a vida complicou-se. Um diagnóstico difícil de aceitar, uma doença oncológica espelhada sem tréguas no rosto da filha mais nova. Uma doença que, embora nunca tivesse apagado o seu sorriso, tornou ainda mais doloroso o grito da injustiça que vivíamos. Como se fosse pouco esta «peça» que a doença nos pregou, depois de apenas seis anos de casamento, o meu marido deixou-nos por morte súbita, colocando-nos em uma estrada de pungente solidão, durante a qual, em dois anos, acompanhamos a pequena de casa na sua última despedida. Já se passaram cinco anos do início desta aventura que não conseguimos de modo algum compreender racionalmente, mas a certeza é que nesta grande cruz habitou o Senhor e ainda mora nela hoje. «Deus não chama quem é capaz, mas torna capaz quem chama»: foi o que nos disse um dia uma Irmã, e estas palavras mudaram a perspectiva de vida nos últimos anos. A maior mentira contra a qual tivemos de lutar foi a de já não sermos uma família. Não conheço outra maneira de responder ao meu coração e à minha dor na carne, a não ser o de me confiar ao Senhor que vive comigo este pedaço de estrada terrena. Nas sessões de quimioterapia da minha filha, muitas vezes me senti como Maria ao pé da cruz; e é aquela experiência que me faz sentir hoje - ainda que intermitentemente - mãe do meu Senhor.
Senhor Jesus, que experimentastes a dilaceração dos afetos. R. Dai-nos a paz.
Vós que não concedestes à morte a última palavra...
Vós que nos destes em testamento a vossa própria Mãe...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que quisestes antes de expirar entregar-nos a vossa Mãe e confiar-nos aos cuidados d’Ela, escutai as nossas súplicas: concedei às famílias marcadas pela morte de um filho a graça de guardar o dom recebido com a sua vida e, a todos nós, de recolher na consolação do Espírito as vossas últimas vontades. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Vidit suum dulcem Natum / morientem desolatum / cum emisit spiritum.
XIII Estação: Jesus morre na cruz
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,34.36-37)
Às três da tarde Jesus exclamou em alta voz: Eloí, Eloí, lemá sabachtàni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste? Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-Lhe de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali». Mas Jesus, com um grito forte, expirou.
Meditação (Uma família ucraniana e uma família russa, feridas pela guerra)
A morte ao redor. A vida que parece perder valor. Tudo muda em poucos segundos. A existência, os dias, brincar com a neve de inverno, ir buscar os filhos à escola, o trabalho, os abraços, as amizades... tudo. Inesperadamente tudo perde valor. «Onde estais, Senhor? Onde Vos escondestes? Queremos a nossa vida anterior. Por que tudo isto? Que falta cometemos? Por que nos abandonastes? Por que abandonastes os nossos povos? Por que dividistes assim as nossas famílias? Por que já não temos vontade de sonhar e de viver? Por que se tornaram tenebrosas como o Gólgota as nossas terras?». As lágrimas acabaram-se. A raiva deu lugar à resignação. Sabemos que Vós nos amais, Senhor, mas não sentimos este amor e isto faz-nos enlouquecer. Acordamos de manhã e sentimo-nos felizes por alguns segundos, mas logo a seguir pensamos como será difícil reconciliar-nos. Senhor, onde estais? Falai no silêncio da morte e da divisão e ensinai-nos a fazer a paz, a sermos irmãos e irmãs, a reconstruir aquilo que as bombas quiseram aniquilar.
Senhor Jesus, que nos amastes até o fim. R. Dai-nos a paz.
Vós que, morrendo, destruístes a morte...
Vós que, ao exalar o último respiro, nos destes a vida...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que do vosso lado trespassado fizestes brotar a reconciliação para todos, escutai as nossas humildes vozes: concedei às famílias destruídas por lágrimas e sangue a graça de crer na força do perdão e, a todos nós, a graça de construir paz e concórdia. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Fac me tecum pie flere / Crucifixo condolere / donec ego vixero.
XIV Estação: O corpo de Jesus é depositado no túmulo
V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Mateus (Mt 27,59-61)
José tomou o corpo de Jesus, envolveu-o em um lençol limpo e depositou-o em um túmulo novo, que tinha mandado talhar na rocha. Depois rolou uma grande pedra contra a porta do túmulo e retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente do sepulcro.
Meditação (Uma família de migrantes)
Agora estamos aqui. Morremos para o nosso passado. Teríamos desejado viver na nossa terra, mas a guerra no-lo impediu. É difícil para uma família ter que escolher entre os seus sonhos e a liberdade. Entre os desejos e a sobrevivência. Estamos aqui depois de viagens em que vimos morrer mulheres e crianças, amigos, irmãos e irmãs. Estamos aqui, sobreviventes. Sentidos como um peso. Nós que, em nossa casa, éramos importantes, aqui somos números, categorias, simplificações. Contudo somos muito mais do que imigrantes. Somos pessoas. Viemos para aqui por amor dos nossos filhos. Morremos cada dia por eles, para que possam tentar viver uma vida normal, sem as bombas, sem o sangue, sem as perseguições. Somos católicos, mas por vezes até isto parece passar em segundo plano em relação ao fato de sermos migrantes. Se não renunciamos, é porque sabemos que a grande pedra contra a porta do sepulcro um dia será removida.
Senhor Jesus, tirado do madeiro da cruz por mãos amigas. R. Dai-nos a paz.
Vós que fostes sepultado no túmulo novo de José de Arimateia...
Vós que não conhecestes a corrupção do sepulcro...
Pai nosso...
Senhor Jesus, que descestes à morada dos mortos para libertar Adão e Eva com seus filhos do antigo cativeiro, escutai as nossas súplicas pelas famílias dos migrantes: arrancai-as do isolamento que mata e concedei a todos nós a graça de Vos reconhecer em cada pessoa como nosso amado irmão e irmã. Vós que viveis e reinais para sempre. R. Amém.
Quando corpus morietur, / fac ut animae donetur / paradisi gloria. Amen.
Oração final
Pai misericordioso, que fazeis nascer o sol sobre bons e maus, não abandoneis a obra das vossas mãos, pela qual não hesitastes em entregar o vosso único Filho, nascido da Virgem, crucificado sob Pôncio Pilatos, morto e sepultado no coração da terra, ressuscitado dentre os mortos ao terceiro dia, aparecido a Maria Madalena, a Pedro, aos outros Apóstolos e discípulos, sempre vivo na santa Igreja, o seu Corpo vivo no mundo.
Mantende acesa nas nossas famílias a lâmpada do Evangelho, que ilumina alegrias e sofrimentos, fadigas e esperanças: cada casa espelhe o rosto da Igreja, cuja lei suprema é o amor. Pela efusão do vosso Espírito, ajudai a despojar-nos do homem velho, corrompido pelas paixões enganadoras, e revesti-nos do homem novo, criado segundo a justiça e a santidade.
Segurai-nos pela mão, como um Pai, para que não nos afastemos de Vós; convertei ao vosso coração os nossos corações rebeldes, para que aprendamos a seguir desígnios de paz; fazei que os adversários se deem as mãos, para que saboreiem o perdão recíproco; desarmai a mão levantada do irmão contra o irmão, para que, onde há ódio, floresça a concórdia.
Fazei que não nos comportemos como inimigos da Cruz de Cristo, para participar na glória da sua Ressurreição. Ele que vive e reina convosco, na unidade do Espírito Santo, para sempre. R. Amém.
Fonte: Santa Sé.
Sobre as imagens: O livreto da celebração foi ilustrado com uma série de miniaturas escolhidas dos manuscritos da Biblioteca Apostólica Vaticana. Nesta postagem, porém, ilustramos as 14 estações com os ícones realizados pelo Padre Fúlvio Giuliano.
Para acessar outros modelos de meditações para a Via Sacra, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
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