Santo André de Creta, Bispo
Oratio 9 in ramos palmarum
Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel
Vinde,
subamos juntos ao Monte das Oliveiras e corramos ao encontro de Cristo, que
hoje volta de Betânia e se encaminha voluntariamente para aquela venerável e
santa Paixão, a fim de realizar o mistério de nossa salvação.
Caminha o
Senhor livremente para Jerusalém, Ele que desceu do céu por nossa causa -
prostrados que estávamos por terra - para elevar-nos consigo bem acima
de toda autoridade, poder, potência e soberania ou qualquer título que se possa
mencionar (Ef 1,21), como
diz a Escritura.
O Senhor
vem, mas não rodeado de pompa, como se fosse conquistar a glória. Ele
não discutirá, diz a Escritura, nem gritará, e ninguém ouvirá sua
voz (Mt 12,19; cf. Is 42,2). Pelo contrário, será manso
e humilde, e se apresentará com vestes pobres e aparência modesta.
Acompanhemos
o Senhor, que corre apressadamente para a sua Paixão e imitemos os que foram ao
seu encontro. Não para estendermos à sua frente, no caminho, ramos de oliveira
ou de palma, tapetes ou mantos, mas para nos prostrarmos a seus pés, com
humildade e retidão de espírito, a fim de recebermos o Verbo de Deus que se
aproxima, e acolhermos aquele Deus que lugar algum pode conter.
Alegra-se
Jesus Cristo, porque deste modo nos mostra a sua mansidão e humildade, e se
eleva, por assim dizer, sobre o ocaso (cf. Sl 67,5) de nossa infinita pequenez; ele veio ao nosso encontro
e conviveu conosco, tornando-se um de nós, para nos elevar e nos reconduzir a
si.
Diz um
salmo que ele subiu pelo mais alto dos céus ao Oriente (cf. Sl 67,34), isto é, para a excelsa
glória da sua divindade, como primícias e antecipação da nossa condição futura;
mas nem por isso abandonou o gênero humano, porque o ama e quer elevar consigo
a nossa natureza, erguendo-a do mais baixo da terra, de glória em glória, até
torná-la participante da sua sublime divindade.
Portanto,
em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por
pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo.
Revestidos de sua graça, ou melhor, revestidos d’Ele próprio - vós
todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo (Gl 3,27) - prostremo-nos a seus pés como
mantos estendidos.
Éramos
antes como escarlate por causa dos nossos pecados, mas purificados pelo batismo
da salvação, nos tornamos brancos como a lã. Por conseguinte, não ofereçamos
mais ramos e palmas ao vencedor da morte, porém o prêmio da sua vitória.
Agitando
nossos ramos espirituais, o aclamemos todos os dias, juntamente com as
crianças, dizendo estas santas palavras: “Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel”.
Responsório (cf. Jo 12,12.13; Mt 21,8.9)
Os filhos
dos hebreus com ramos de oliveira correram ao encontro do Cristo que chegava; e
uma grande multidão no chão punha seus mantos e outros colocavam seus ramos no
caminho e aclamavam a Jesus:
R. Salve, ó Filho de Davi! Bendito o que nos vem,
em nome do Senhor!
Os que à
frente caminhavam e os que atrás vinham seguindo, aclamavam com voz
forte:
R. Salve, ó Filho de Davi! Bendito o que nos vem,
em nome do Senhor!
Oração
Deus
eterno e todo-poderoso, para dar aos seres humanos um exemplo de humildade,
quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz.
Concedei-nos aprender o ensinamento da sua Paixão e ressuscitar com ele em sua
glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo. Amém.
Fonte:
Liturgia das Horas, vol. II, pp. 366-367 (Ofício das Leituras do Domingo de Ramos).
Confira também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário