Neste domingo o Papa rezou o Angelus com os jovens italianos vindos a Roma em peregrinação em vista do Sínodo dos Jovens e da Jornada Mundial da Juventude 2019. Na sua reflexão, o Papa centrou-se na 2ª leitura (Ef 4,30-5,2):
Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 12 de agosto de 2018
Estimados irmãos e
irmãs,
Prezados jovens
italianos, bom dia!
Na 2ª Leitura de hoje,
São Paulo dirige-nos um convite urgente: «Não contristeis o Espírito Santo de
Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção» (Ef 4,30). Mas eu
pergunto-me: como se contrista o Espírito Santo? Todos o recebemos no Batismo e
na Crisma; portanto, para não contristar o Espírito Santo, é necessário viver
de maneira coerente com as promessas do Batismo, renovadas na Crisma. De forma
coerente, não com hipocrisia: não vos esqueçais disto. O cristão não pode ser
hipócrita: deve viver de modo coerente. As promessas do Batismo têm dois
aspetos: renúncia ao mal e adesão ao bem.
Renunciar ao mal significa
dizer «não» às tentações, ao pecado, a satanás. De modo mais concreto, significa
dizer “não” a uma cultura da morte, que se manifesta na fuga do real para uma
felicidade falsa que se exprime na mentira, na fraude, na injustiça e no
desprezo pelo outro. “Não” a tudo isto. A vida nova que nos foi concedida no
Batismo, e que tem o Espírito como fonte, rejeita uma conduta dominada por
sentimentos de divisão e de discórdia. Por isso, o Apóstolo Paulo exorta a
tirar do próprio coração «toda a amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia,
bem como toda a malícia» (v. 31). Assim diz Paulo. Estes seis elementos, ou
vícios, que perturbam a alegria do Espírito Santo, envenenam o coração e levam
a imprecações contra Deus e contra o próximo.
Mas para ser um bom cristão
não é suficiente deixar de praticar o mal; é necessário aderir ao
bem e praticar o bem. Eis, então, que São Paulo continua: «Antes, sede
bondosos e compassivos uns com os outros. Perdoai-vos reciprocamente, como
também Deus vos perdoou em Cristo» (v. 32). Ouvimos muitas vezes certas pessoas
dizerem: “Eu não pratico o mal contra ninguém”. E julga-se um santo. Muito bem,
mas praticas o bem? Quantas pessoas não praticam o mal, mas nem sequer o bem, e
a sua vida passa na indiferença, na apatia, na tibieza. Esta atitude é
contrária ao Evangelho, e oposta também à vossa índole, jovens, que por
natureza sois dinâmicos, apaixonados, corajosos. Recordai isto - se vo-lo
recordais, podemos repeti-lo juntos: “É bom não praticar o mal, mas é mau não
praticar o bem”. Quem o dizia era Santo Alberto Hurtado.
Hoje exorto-vos a ser
protagonistas no bem! Protagonistas no bem. Não vos sintais bem quando não
praticais o mal; cada um é culpado do bem que podia praticar e não o fez. Não é
suficiente não odiar, é preciso perdoar; não basta deixar de ter rancor, é
necessário rezar pelos inimigos; não é suficiente não ser causa de divisão, é
preciso levar a paz onde ela não existe; não basta deixar de falar mal dos
outros, é necessário interromper quando ouvimos falar mal de alguém: impedir a
bisbilhotice: isto significa praticar o bem. Se não nos opusermos ao mal,
alimentamo-lo de modo tácito. É necessário intervir onde o mal se propaga;
porque o mal se difunde onde faltam cristãos audazes que se opõem com o bem, “caminhando
na caridade” (Ef 5,2), segundo a admoestação de São Paulo.
Caros jovens, caminhastes
muito nestes dias! Por isso estais treinados e posso dizer-vos: caminhai na
caridade, caminhai no amor! E caminhemos juntos rumo ao próximo Sínodo dos
Bispos. A Virgem Maria nos ampare com a sua intercessão maternal, para que cada
um de nós, todos os dias, com as ações, possa dizer “não” ao mal e “sim” ao
bem.
Fonte: Santa Sé.
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