São Cirilo de Alexandria
Comentários elegantes sobre o Livro do Êxodo
Nosso
Senhor Jesus Cristo nos alimenta para a vida eterna
Penso que o maná
é sombra e tipo da doutrina e dos dons de Cristo, que procedem do alto e nada
possuem de terreno; pelo contrário, antes estão em aberta oposição com esta
carnal execração, e que na realidade são pasto não somente dos homens, mas
também dos anjos. De fato, o Filho nos manifestou o Pai em si mesmo, e por meio
dele fomos instruídos na razão de ser da santa e consubstancial Trindade, e até
nos introduziu no nobre caminho de todas as virtudes.
Na verdade, o
reto e verdadeiro conhecimento destas realidades é alimento do espírito.
Contudo, Cristo repartiu em abundância a doutrina à plena luz e de dia. Também
o maná foi dado aos antepassados ao raiar do dia e à plena luz. Realmente em
nós, os crentes, o dia já tem despontado, como está escrito, e o luzeiro nasceu
em todos os corações, e saiu o sol de justiça, a saber, Cristo, o doador do
maná inteligível. E que aquele maná sensível foi algo assim como uma figura, e
este, em vez disso, o maná verdadeiro, Cristo mesmo assegura-nos com todas as
garantias, quando diz aos judeus: Vossos
pais comeram o maná no deserto e morreram.
Ele, pelo
contrário, é o pão que desce do céu, para que o homem dele coma e não morra. Eu
sou o pão vivo que desceu do céu. Aquele que comer deste pão, viverá
eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Nosso
Senhor Jesus Cristo nos alimenta para a vida eterna tanto com os seus preceitos
que estimulam a piedade como mediante seus místicos dons. Ele é, portanto,
realmente em pessoa aquele maná divino e vivificante.
Aquele que dele
comer não experimentará a futura corrupção e escapará da morte; mas não aqueles
que comeram o maná sensível, pois o “tipo” não era portador da salvação, mas
era unicamente figura da verdade. Deus, fazendo cair o maná do céu em forma de
chuva, ordena que cada um recolha o que possa comer, e se quer, pode recolher
também para aqueles que vivam na mesma tenda. Que cada um - diz - recolha o
que possa comer e para todas as pessoas que vivam em cada tenda. Que ninguém
guarde para amanhã. Devemos estar bem penetrados da doutrina divina e
evangélica.
Portanto, Cristo
distribui a graça igualmente para pequenos e grandes, e a todos alimenta
igualmente para a vida; quer reunir os demais com os mais fracos, e que os
fortes se sacrifiquem por seus irmãos até assumir sobre si os trabalhos deles,
e fazer-lhes partícipes da graça celestial. Isto é o que - a meu juízo - ele disse
aos próprios santos Apóstolos: De graça
recebestes, de graça dai. Portanto, aqueles que recolheram para si maná
abundante, apressaram-se a reparti-lo entre os que viviam sob as mesmas tendas,
isto é, na Igreja. Os discípulos realmente exortavam a todos e os estimulavam a
coisas mais dignas; comunicavam a todos em abundância a graça que de Cristo
alcançaram.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 443-444. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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