sábado, 21 de julho de 2018

Homilia: XVI Domingo do Tempo Comum - Ano B

São Gregório de Nissa
Comentário sobre o Cântico dos Cânticos
Oração do Bom Pastor

Onde pastoreias, ó bom pastor, tu que carregas sobre teus ombros a toda a grei? Toda a humanidade, que carregaste sobre os teus ombros, é, de fato, como uma só ovelha. Mostra-me o lugar de repouso, guia-me até o pasto nutritivo, chama-me por meu nome para que eu, tua ovelha, escute a tua voz, e tua voz me conceda a vida eterna: Avisa-me, amor de minha alma, onde pastoreias.

Chamo-te deste modo, porque teu nome supera qualquer outro nome e qualquer entendimento, de tal forma que nenhum ser racional é capaz de pronunciá-lo ou de compreendê-lo. Este nome, expressão de tua bondade, expressa o amor de minha alma por ti. Como posso deixar de te amar, a ti que me amaste tanto, apesar de minha escuridão, que entregaste a tua vida pelas ovelhas de teu rebanho? Não se pode imaginar um amor superior a este, o de dar a tua vida por minha salvação.

Ensina-me, portanto - diz o texto sagrado -, onde pastoreias, para que possa encontrar os pastos saudáveis e saciar-me do alimento celestial que é necessário comer para entrar na vida eterna; para que possa ainda acorrer à fonte que proporcionas aos sedentos com a água que brota de teu lado, manancial de água aberto pela lança, que se torna para todos os que dele bebem uma fonte de água que jorra para a vida eterna.

Se me pastoreias desta forma, me farás recostar ao meio-dia, sestearei em paz e descansarei sob a luz sem mistura de sombra. Durante o meio-dia não existe sombra alguma, já que o sol está a cimo; sob esta luz meridiana fazes recostar aos que pastoreaste, ao pores teus ajudantes contigo em teu quarto. Ninguém é considerado digno deste repouso meridiano se não é filho da luz e filho do dia. Mas aquele que se afasta das trevas, tanto das vespertinas como das matutinas, que simbolizam o começo e o fim do mal, é colocado pelo sol de justiça na luz do meio-dia, para que repouse debaixo dela.

Ensina-me, pois, como devo recostar-me e pastar, e qual seja o caminho do repouso meridiano, não aconteça que por ignorância me afaste de tua direção e me junte a um rebanho estranho ao teu.

Isto diz a esposa do Cântico, solícita pela beleza que lhe vem de Deus e com o desejo de saber como alcançar a felicidade eterna.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 433-434. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São Basílio de Selêucia para este domingo, clique aqui.

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