terça-feira, 3 de julho de 2018

Ângelus do Papa: Natividade de São João Batista 2018

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de junho de 2018

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje a Liturgia convida-nos a celebrar a Solenidade da Natividade de São João Batista. O seu nascimento é o evento que ilumina a vida dos seus pais, Isabel e Zacarias, e envolve os parentes e os vizinhos na alegria e na admiração. Estes pais idosos tinham sonhado e até preparado aquele dia, mas já não o esperavam: sentiam-se excluídos, humilhados, desiludidos: não tinham filhos. Diante do anúncio do nascimento de um filho (cf. Lc 1,13), Zacarias ficara incrédulo, porque as leis naturais não o permitiam: eram velhos, idosos; por conseguinte, o Senhor o tornou mudo durante todo o tempo da gestação (v. 20). É um sinal. Mas Deus não depende das nossas lógicas nem das nossas limitadas capacidades humanas. É preciso aprender a confiar e a silenciar diante do mistério de Deus e a contemplar com humildade e silêncio a sua obra, que se revela na história e que muitas vezes supera a nossa imaginação.

E agora que o evento se realiza, agora que Isabel e Zacarias experimentam que «a Deus nada é impossível» (Lc 1,37), é grande a alegria deles. A página evangélica de hoje (Lc 1,57-66.80) anuncia o nascimento e depois detém-se no momento da imposição do nome ao menino. Isabel escolhe um nome incomum na tradição familiar e diz: «Ele vai se chamar João» (v. 60), dom gratuito e já inesperado, pois João significa «Deus concedeu uma graça». E este menino será arauto, testemunha da graça de Deus aos pobres que esperam com fé humilde a sua salvação. Inesperadamente Zacarias confirma a escolha daquele nome, escrevendo-o numa pequena tábua - pois era mudo - e «no mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus» (v. 64).

Todo o acontecimento do nascimento de João Batista está circundado por um jubiloso sentido de admiração, de surpresa e de gratidão. Admiração, surpresa, gratidão. As pessoas são tomadas por um santo temor de Deus «e por toda a região montanhosa da Judeia se comentavam esses factos» (v. 65). Irmãos e irmãs, o povo fiel intuiu que aconteceu algo grandioso, mesmo se humilde e escondido, e pergunta-se: «O que virá a ser este menino?» (v. 66). O povo fiel de Deus é capaz de viver a fé com alegria, com sentido de admiração, de surpresa e de gratidão. Olhemos para aquela gente que falava bem acerca deste evento maravilhoso, deste milagre do nascimento de João, e fazia-o com alegria, estava feliz, com sentido de admiração, surpresa e gratidão. E pensando nisto perguntemo-nos: como é a minha fé? É uma fé jubilosa, ou é uma fé sempre igual, uma fé “tíbia”? Tenho o sentido da admiração, quando vejo as obras do Senhor, quando ouço falar da evangelização ou da vida de um santo, ou quando vejo tantas pessoas boas: sinto a graça, dentro, ou nada se move no meu coração? Sei sentir as consolações do Espírito ou sou fechado? Questionemo-nos, cada um de nós, num exame de consciência: como é a minha fé? É jubilosa? É aberta às surpresas de Deus? Porque Deus é o Deus das surpresas. “Experimentei” na alma aquele sentido da admiração que a presença de Deus dá, aquele sentido de gratidão? Pensemos nestas palavras, que são estados de ânimo da fé: alegria, sentido de admiração, surpresa e gratidão.

A Virgem Santa nos ajude a compreender que em cada pessoa humana há a marca de Deus, nascente da vida. Ela, Mãe de Deus e nossa Mãe, nos torne cada vez mais conscientes de que na geração de um filho os pais agem como colaboradores de Deus. Uma missão deveras sublime que faz de cada família um santuário da vida e desperta - o nascimento de cada filho - a alegria, a admiração, a gratidão.


Fonte: Santa Sé.

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