terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ângelus do Papa: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 13 de agosto de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje a página do Evangelho (Mt 14,22-33) descreve o episódio de Jesus que, depois de ter rezado a noite inteira à margem do lago da Galileia, se dirige à barca dos seus discípulos, caminhando sobre as águas. A barca encontra-se no meio do lago, bloqueada por um forte vento contrário. Quando veem Jesus a caminhar sobre as águas, os discípulos confundem-no com um fantasma e sentem medo. Mas ele tranquiliza-os: «Tranquilizai-vos, sou eu; não temais!» (v. 27). Pedro, com o seu ímpeto caraterístico, diz-lhe: «Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas»; e Jesus chama-o «Vem» (vv. 28-29). Descendo da barca Pedro caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus; mas sentindo a violência do vento teve medo, começou a afundar e gritou: «Salva-me, Senhor!». Jesus estendeu-lhe a mão e segurou-o (vv. 30-31).

Esta narração do Evangelho contém um simbolismo rico e faz-nos refletir sobre a nossa fé, quer como indivíduos quer como comunidade eclesial, também a fé de todos nós que estamos aqui hoje na Praça. A comunidade, esta comunidade eclesial, tem fé? Como é a fé em cada um de nós e a fé da nossa comunidade? A barca é a vida de cada um de nós mas é também a vida da Igreja; o vento contrário representa as dificuldades e as provações. A invocação de Pedro: «Senhor, manda-me ir ter contigo!» e o seu grito: «Salva-me, Senhor!» assemelham-se ao nosso desejo de sentir a proximidade do Senhor, mas também o medo e a angústia que acompanham os momentos mais difíceis da nossa vida e das nossas comunidades, marcadas por fragilidades internas e dificuldades externas.

Naquele momento a Pedro não foi suficiente a palavra segura de Jesus, que era como uma corda estendida na qual segurar-se para enfrentar as águas hostis e turbulentas. Isto pode acontecer também a nós. Quando não nos agarramos à palavra do Senhor, para ter mais segurança consultamos horóscopos e cartomantes, começamos a afundar. Significa que a fé não é tão firme. O Evangelho de hoje recorda-nos que a fé no Senhor e na sua palavra não nos abre um caminho onde tudo é fácil e tranquilo; não nos livra das tempestades da vida. A fé oferece-nos a segurança de uma Presença, a presença de Jesus, que nos impele a superar os temporais existenciais, a certeza de uma mão que nos segura a fim de nos ajudar a enfrentar as dificuldades, indicando-nos a estrada inclusive quando está escuro. A fé não é um subterfúgio para os problemas da vida mas apoia no caminho, dando-lhe sentido.

Este episódio é uma imagem maravilhosa da realidade da Igreja de todos os tempos: uma barca que, ao longo da travessia, deve enfrentar até ventos contrários e tempestades, que ameaçam virá-la. O que a salva não são a coragem nem as qualidades dos seus homens: a garantia contra o naufrágio é a fé em Cristo e na sua palavra. Esta é a garantia: a fé em Jesus e na sua palavra. Dentro desta barca estamos em segurança, não obstante as nossas misérias e fragilidades, sobretudo quando nos pomos de joelhos e adoramos o Senhor, como discípulos que, no final, «se prostraram diante dele, dizendo: “És realmente o Filho de Deus!”» (v. 33). Que bonito dizer a Jesus esta frase: «És realmente o Filho de Deus!». Digamos todos juntos? «És realmente o Filho de Deus!».

A Virgem Maria nos ajude a permanecer firmes na fé para resistir às tempestades da vida, a persistir na barca da Igreja refutando a tentação de subir nos barcos encantadores mas inseguros das ideologias, das modas e dos slogans.


Fonte: Santa Sé.

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