sábado, 27 de dezembro de 2025

Missa da Noite de Natal no Vaticano (2025)

Na quarta-feira, 24 de dezembro de 2025, o Papa Leão XIV celebrou a tradicional Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor na Basílica de São Pedro. 

O Papa foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Ján Dubina. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Leão XIV endossou uma casula que havia sido usada algumas vezes por São João Paulo II nessa mesma ocasião.

Junto ao altar foi exposta a imagem da “Madonna della Speranza” (Nossa Senhora da Esperança) venerada na Paróquia de São Marcos de Castellabate, no sul da Itália, além de duas tapeçarias representando a Anunciação e o Nascimento do Senhor.

Procissão de entrada e canto da Kalenda
O Papa desvela a imagem do Menino Jesus
Veneração da imagem
Incensação

Homilia do Papa: Missa da Noite de Natal (2025)

Solenidade do Natal do Senhor - Missa da Noite
Homilia do Papa Leão XIV
Basílica de São Pedro
Quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Queridos irmãos e irmãs,
Durante milênios, em todas as partes da Terra, os povos perscrutaram o céu, dando nomes e formas às silenciosas estrelas: na sua imaginação, liam os acontecimentos do futuro, procurando lá no alto, entre os astros, a verdade que faltava aqui em baixo, entre as casas. Naquela escuridão, como que tateando, eles permaneciam confusos com os seus próprios oráculos. Todavia, nesta noite, «o povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu» (Is 9,1).

Eis a estrela que surpreende o mundo, uma centelha recém-acesa e flamejante de vida: «Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor» (Lc 2,11). No tempo e no espaço, onde quer que estejamos, vem Aquele sem o qual nem mesmo teríamos existido. Vive conosco Aquele que dá a vida por nós, iluminando com a salvação a nossa noite. Não há trevas que esta estrela não ilumine, porque à sua luz toda a humanidade vê a aurora de uma existência nova e eterna.


É o Natal de Jesus, o Emanuel. No Filho feito homem, Deus não nos dá algo, mas a si mesmo, «para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença» (Tt 2,14). Nasce na noite Aquele que nos resgata da noite: o vestígio do dia que amanhece já não deve ser buscado lá longe, nos espaços siderais, mas inclinando a cabeça para o estábulo ao lado.

Com efeito, o sinal claro dado a um mundo às escuras é «um recém-nascido envolvido em faixas e deitado em uma manjedoura» (Lc 2,12). Para encontrar o Salvador não é preciso olhar para cima, mas contemplar o que está em baixo: a onipotência de Deus resplandece na impotência de um recém-nascido; a eloquência do Verbo eterno ressoa no primeiro choro de um bebê; a santidade do Espírito brilha naquele corpinho recém-lavado e envolto em faixas. É divina a necessidade de cuidado e calor, que o Filho do Pai partilha na história com todos os seus irmãos. A luz divina que irradia deste Menino ajuda-nos a ver o homem em cada vida nascente.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Mensagem do Papa Bento XVI: Natal (2005)

Há 20 anos, no dia 25 de dezembro de 2005, o Papa Bento XVI (†2022) proferiu pela primeira vez a  tradicional Mensagem Urbi et Orbi (À cidade e ao mundo) por ocasião da Solenidade do Natal do Senhor:

Papa Bento XVI
Mensagem Urbi et Orbi de Natal
Balcão central da Basílica de São Pedro
Domingo, 25 de dezembro de 2005

«Eu vos anuncio uma grande alegria... Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor» (Lc 2,10-11). Na noite passada ouvimos novamente as palavras do Anjo aos pastores e revivemos o clima daquela Noite santa, a Noite de Belém, quando o Filho de Deus se fez homem e, nascendo em uma pobre gruta, veio habitar entre nós. Neste dia solene, ressoa o anúncio do Anjo como convite também para nós, homens e mulheres do terceiro milênio, a acolher o Salvador. Que a humanidade atual não hesite em fazê-lo entrar nas suas casas, nas cidades, nas nações e em cada ângulo da terra! É verdade que, ao longo do milênio há pouco concluído e especialmente nos últimos séculos, foram muitos os progressos realizados no campo técnico e científico; vastos são os recursos materiais dos quais podemos dispor hoje. O homem da era tecnológica, porém, corre o risco de ser vítima dos próprios êxitos da sua inteligência e dos resultados das suas capacidades inventivas se caminha para uma atrofia espiritual, para um vazio do coração. Por isso é importante que abra sua mente e o seu coração ao Natal de Cristo, acontecimento de salvação capaz de imprimir uma renovada esperança à existência de todo o ser humano.


«Desperta, ó homem! Por ti Deus se fez homem» (Santo Agostinho, Sermão 185). Desperta, ó homem do terceiro milênio! No Natal, o Todo-poderoso se faz menino e pede ajuda e proteção. O seu modo de ser Deus põe em crise o nosso modo de ser homens; o seu bater às nossas portas nos interpela, interpela a nossa liberdade e nos pede rever a nossa relação com a vida e o nosso modo de concebê-la. Muitas vezes, a Idade Moderna muitas vezes é apresentada como um despertar do sono da razão, como se a humanidade, saindo de um período obscuro, chegasse à luz. Sem Cristo, porém, a luz da razão não basta para iluminar o homem e o mundo. Por isso a palavra evangélica do dia de Natal - «A luz de verdade, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano» (Jo 1,9) - ressoa hoje, mais do que nunca, como anúncio de salvação para todos. «O mistério do homem não se torna verdadeiramente claro senão no mistério do Verbo encarnado» (Constituição Gaudium et spes, n. 22). A Igreja repete incansavelmente esta mensagem de esperança, reproposta pelo Concílio Vaticano II, concluído há quarenta anos.

Mensagem do Papa João Paulo II: Natal (2000)

Há 25 anos, no dia 25 de dezembro de 2000, pouco antes da conclusão do Grande Jubileu, o Papa São João Paulo II (†2005) proferiu sua tradicional Mensagem Urbi et Orbi (À cidade e ao mundo) por ocasião da Solenidade do Natal do Senhor, refletindo sobre o paralelismo entre Adão e Cristo, entre Deus e o homem:

Papa João Paulo II
Mensagem Urbi et Orbi de Natal
Praça de São Pedro
Segunda-feira, 25 de dezembro de 2000

1. «O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente. O último Adão é um espírito vivificante» (1Cor 15,45)
É o que afirma o Apóstolo Paulo, resumindo o mistério da humanidade redimida por Cristo. Mistério escondido no desígnio eterno de Deus, mistério que, de certo modo, se fez história com a Encarnação do Verbo eterno do Pai; mistério que a Igreja revive com intensa emoção, neste Natal do ano 2000, ano do Grande Jubileu.

Adão, o primeiro «homem vivo», Cristo, «espírito que dá vida»: as palavras do Apóstolo nos ajudam a ver profundamente, a reconhecer no Menino nascido em Belém o Cordeiro imolado que revela o sentido da história (cf. Ap 5,7-9). No seu Natal encontram-se o tempo e a eternidade: Deus no homem e o homem em Deus.


2. «O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente».
O gênio imortal de Michelangelo representou no teto da Capela Sistina o instante em que Deus Pai comunica a energia vital ao primeiro homem, fazendo dele um «ser vivente». Entre o dedo de Deus e o dedo do homem - cada um estendido em direção ao outro até quase se tocarem - parece surgir uma faísca invisível: Deus infunde no homem o pulsar da sua própria vida, criando-o à sua imagem e semelhança. Nesse sopro divino está a origem da singular dignidade do ser humano, do seu inesgotável desejo de infinito.

Hoje o pensamento retorna àquele instante de insondável mistério, no qual tem início a vida humana sobre a terra, contemplando o Filho de Deus que se faz filho do homem, o rosto eterno de Deus que brilha no rosto de um Menino.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Homilia do Papa Bento XVI: Natal do Senhor (2005)

Há 20 anos, no dia 24 de dezembro de 2005, o Papa Bento XVI (†2022) presidiu a primeira Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor do seu pontificado. Repropomos aqui sua homilia na ocasião:

Missa da Noite de Natal
Homilia do Papa Bento XVI
Basílica de São Pedro
Sábado, 24 de dezembro de 2005

1. «O Senhor me disse: Tu és meu filho, Eu hoje te gerei» (Sl 2,7). Com estas palavras do Salmo 2 a Igreja dá início à Missa da Noite de Natal, na qual celebramos o nascimento do nosso Redentor, Jesus Cristo, no estábulo de Belém. Anteriormente este Salmo pertencia ao ritual da coroação dos reis de Judá. O povo de Israel, por causa da sua eleição, sentia-se de modo particular filho de Deus, adotado por Deus. Uma vez que o rei era a personificação daquele povo, a sua entronização era vivida como um ato solene de adoção por parte de Deus, no qual o rei era, de certo modo, envolvido no próprio mistério de Deus. Na noite de Belém, estas palavras, que de fato eram mais a expressão de uma esperança que uma realidade presente, assumiram um sentido novo e inesperado. O Menino no presépio é verdadeiramente o Filho de Deus. Deus não é solidão perene, mas um círculo de amor no recíproco doar-se e retribuir o dom. Ele é Pai e Filho e Espírito Santo.

Bento XVI (Missa da Noite de Natal 2005)

Mais ainda: em Jesus Cristo, o Filho de Deus, o próprio Deus, Deus de Deus, se fez homem. É a Ele que o Pai diz: «Tu és meu filho» (Sl 2,7). O hoje eterno de Deus desceu ao hoje efêmero do mundo e arrasta o nosso hoje passageiro para o hoje perene de Deus. Deus é tão grande que pode se fazer pequeno. Deus é tão poderoso que pode se fazer inerme e vir ter conosco como menino indefeso, para que possamos amá-lo. Deus é tão bom que renuncia ao seu esplendor divino e desce ao estábulo para que possamos encontrá-lo e para que, assim, a sua bondade nos toque, se comunique a nós e continue agindo através de nós. O Natal é isso: «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei». Deus se tornou um de nós, para que nós pudéssemos estar com Ele, tornarmo-nos semelhantes a Ele. Escolheu como seu sinal o Menino no presépio: Ele é assim. Deste modo aprendemos a conhecê-lo. E em cada criança resplandece algo da luz daquele “hoje”, da proximidade de Deus que devemos amar e à qual devemos nos submeter - em cada criança, mesmo naquela ainda não nascida.

Homilia do Papa João Paulo II: Natal do Senhor (2000)

Há 25 anos, no dia 24 de dezembro de 2000, exatamente um ano após o início do Grande Jubileu (que seria concluído na Solenidade da Epifania do Senhor), o Papa São João Paulo II (†2005) presidiu a tradicional Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor. Repropomos aqui sua homilia na ocasião:

Missa da Noite de Natal
Homilia do Papa João Paulo II
Praça de São Pedro
Domingo, 24 de dezembro de 2000

1. «Hoje nasceu para nós o Salvador» (Refrão do Salmo responsorial; cf. Lc 2,11)
Ressoa nesta noite, antigo e sempre novo, o anúncio do Natal do Senhor. Ressoa para quem vigia, como os pastores de Belém há dois mil anos; ressoa para quem ouviu o apelo do Advento e, vigilante na espera, está pronto a acolher a feliz mensagem, que na Liturgia se faz canto: «Hoje nasceu para nós o Salvador».

Vigia o povo cristão; vigia o mundo inteiro, nesta noite de Natal, que se une àquela memorável noite do ano passado, quando foi aberta a Porta Santa do Grande Jubileu, Porta da graça aberta de par em par para todos.


2. É como se em cada dia do Ano Jubilar a Igreja jamais tivesse cessado de repetir: «Hoje nasceu para nós o Salvador». Este anúncio, que possui uma inesgotável força de renovação, ecoa nesta noite santa com particular força: é o Natal do Grande Jubileu, memória viva dos dois mil anos de Cristo, do seu nascimento prodigioso, que marcou o novo início da história. Hoje «o Verbo se fez carne e habitou entre nós» (Jo 1,14).

«Hoje». Nesta noite, o tempo abre-se ao eterno, pois Vós, ó Cristo, nascestes entre nós vindo do alto. Viestes à luz do ventre de uma Mulher, bendita entre todas, Vós, o «Filho do Altíssimo». A vossa santidade santificou de uma vez por todas o nosso tempo: os dias, os séculos, os milênios. Com o vosso nascimento fizestes do tempo um «hoje» de salvação.

Catequeses do Jubileu 2025: Infância de Jesus 3

Prosseguindo com as reflexões do Papa Francisco sobre a infância de Jesus dentro do ciclo de Catequeses do Jubileu Ordinário de 2025, “Jesus Cristo, nossa esperança”, confira nesta postagem a quinta e a sexta meditações: o nascimento de Jesus e a visita dos pastores (Lc 2,1-20) e a visita dos Magos (Mt 2,1-12).

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Jubileu 2025: Jesus Cristo, nossa esperança
1.5. A infância de Jesus: O Nascimento e a visita dos pastores (Lc 2,1-20)

Caríssimos irmãos e irmãs, bom dia!
No nosso percurso jubilar de Catequeses sobre Jesus, nossa esperança, meditemos hoje sobre o acontecimento do seu nascimento em Belém.

O Filho de Deus entra na história fazendo-se nosso companheiro de caminho, e começa a viajar quando ainda está no seio materno. O evangelista Lucas narra-nos que, assim que foi concebido, partiu de Nazaré para a casa de Zacarias e Isabel; e depois, no final da gravidez, de Nazaré a Belém, para o recenseamento. Maria e José são obrigados a ir para a cidade do rei Davi, onde também José tinha nascido. O Messias tão esperado, o Filho do Deus Altíssimo, deixa-se contabilizar, isto é, ser contado e registrado, como qualquer cidadão. Submete-se ao decreto de um imperador, César Augusto, que se julga senhor de toda a terra.

Adoração dos pastores (Murillo)

Lucas insere o nascimento de Jesus em um «tempo que se pode datar com precisão» e em um «ambiente geográfico exatamente definido», de modo que «o universal e o concreto tocam-se mutuamente» (Bento XVI, A infância de Jesus, 2012, 57). Deus que entra na história não desarticula as estruturas do mundo, mas quer iluminá-las e recriá-las desde dentro.

Belém significa «casa do pão». Foi ali que se cumpriram os dias do parto para Maria e foi ali que nasceu Jesus, pão descido do céu para saciar a fome do mundo (cf. Jo 6,51). O anjo Gabriel tinha anunciado o nascimento do Rei messiânico no sinal da grandeza: «Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim» (Lc 1,31-33).