“E vós, quem dizeis que eu sou? - Tu és o Messias, o
Filho do Deus vivo” (Mt 16,15-16).
Estamos nos aproximando do Jubileu Ordinário de 2025 e do XVII
Centenário do 1º Concílio de Niceia, celebrado de 20 de maio a 19 de junho
de 325.
O Concílio formulou o célebre Credo de Niceia, afirmando a igualdade
entre o Pai e o Filho e condenando o arianismo, heresia do presbítero Ário
(†336) que afirmava que o Filho possuía um grau inferior de divindade em
relação ao Pai.
Cristo Pantocrator (Catedral de Cefalù, Itália) |
O Credo de Niceia seria completado pelo 1º Concílio de Constantinopla
(381) com a reflexão sobre o Espírito Santo. A síntese da fé dos dois Concílios,
portanto, é conhecida como Símbolo Niceno-Constantinopolitano:
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da
terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de
Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por
ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação,
desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e
se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi
sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos
céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do
Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou
pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um
só Batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a
vida do mundo que há de vir. Amém [1].
Niceia foi o primeiro “Concílio Ecumênico” (do grego οἰκουμένη,
“o habitado”, no sentido de “o mundo todo”) uma vez que contou com a participação
de Bispos tanto do Oriente como do Ocidente e porque suas decisões foram acolhidas por todas as Igrejas.
Com efeito, o XVII Centenário do I Concílio de Niceia em 2025 será uma
grande celebração ecumênica, uma vez que esse Concílio é aceito tanto pela
Igreja Católica quanto pelas Igrejas Ortodoxas Bizantinas e Ortodoxas Orientais,
além das comunidades protestantes mais tradicionais (anglicanos, luteranos...).
Tapeçaria representando o Símbolo da fé (Creio) |
Em preparação a essa grande celebração, estamos propondo aqui em nosso blog o ciclo de Catequeses do Papa São João Paulo II sobre o Creio, assim como fizemos com suas Catequeses sobre os salmos e cânticos da Liturgia das Horas (2001-2005).
Essas Catequeses foram proferidas pelo Papa polonês por
cerca de treze anos, de dezembro de 1984 a novembro de 1997, após as Catequeses
sobre a “Teologia do Corpo” (1979-1984) e antes das Catequeses em vista do
Grande Jubileu do ano 2000 (1997-2001), que retomaram alguns dos temas sobre a
fé, embora de maneira menos sistemática.
As Catequeses sobre o Creio foram “fruto” do Sínodo sobre a
Catequese de 1977, do qual resultou a Exortação Apostólica Catechesi tradendae (1979), a primeira assinada por João Paulo II. Além
disso, inspiraram de certa forma o Catecismo da Igreja Católica, promulgado em 1992, cujo
processo de redação teve início em 1986.
As Catequeses também servem de complemento à “trilogia” de
Encíclicas do Papa polonês associadas às três Pessoas da Santíssima Trindade: Dives
in misericordia (1980), Redemptor hominis (1979) e Dominum et vivificantem
(1986).
O ciclo de Catequese sobre o Creio está dividido em cinco
partes, precedidas por uma Introdução:
Introdução: 1984-1985 (20 catequeses);
1. Creio em Deus Pai: 1985-1986 (59 catequeses);
2. Creio em Jesus Cristo: 1987-1989 (85 catequeses);
3. Creio no Espírito Santo: 1989-1991 (82
catequeses);
4. A Santa Igreja Católica: 1991-1995 (137 catequeses);
5. A Virgem Maria: 1995-1997 (70 catequeses).
Já publicamos aqui em nosso blog, entre abril de 2022 e
março de 2023, as 20 Catequeses introdutórias e as 59 Catequeses sobre Deus Pai.
Nos próximos meses, portanto, daremos continuidade à proposta
com as 85 Catequeses sobre Jesus Cristo, proferidas de janeiro de
1987 a abril de 1989. Em cada postagem, sempre às quintas-feiras, publicaremos
uma ou duas Catequeses.
2. CREIO EM JESUS CRISTO
(1987-1989)
A PESSOA DE JESUS CRISTO
I. Jesus Cristo, Messias prometido no Antigo Testamento
1. A identidade de Jesus Cristo (07 de janeiro de 1987)
2. Jesus, Filho de Deus e Salvador (14 de janeiro de 1987)
3. Jesus, concebido por obra do Espírito Santo, nascido de Maria Virgem (28 de janeiro de 1987)
4. Jesus, filho de Israel, povo escolhido da Antiga Aliança (04 de fevereiro de 1987)
5. Jesus Cristo, Messias Rei (11 de fevereiro de 1987)
6. Jesus Cristo, Messias Sacerdote (18 de fevereiro de 1987)
7. Jesus Cristo, Messias Profeta (25 de fevereiro de 1987)
II. Jesus Cristo, Messias
apresentado pelo Novo Testamento
8. Jesus Cristo, cumprimento das profecias sobre o Messias (04
de março de 1987)
9. Jesus Cristo, inauguração e cumprimento do Reino de Deus
(18 de março de 1987)
10. Jesus Cristo e a Sabedoria divina (22 de abril de 1987)
11. Jesus Cristo, o Filho do homem (29 de abril de 1987)
12. Jesus Cristo, Filho de Deus (13 de maio de 1987)
13. No coração do testemunho evangélico (20 de maio de 1987)
III. Jesus Cristo,
verdadeiro Deus e verdadeiro homem
A. Jesus Cristo,
revelador do mistério da Trindade
14. O Pai dá testemunho do Filho (27 de maio de 1987)
15. O Prólogo do Evangelho de João (03 de junho de 1987)
16. Jesus Cristo, o Filho enviado pelo Pai (24 de junho
de 1987)
17. “Abbá, Pai” (01 de julho de 1987)
18. Jesus Cristo, Filho intimamente unido ao Pai (08 de
julho de 1987)
19. Jesus Cristo, Filho que “vive para o Pai” (15 de julho
de 1987)
20. O Filho se dirige ao Pai na oração (22 de julho de 1987)
21. O Filho vive em atitude de ação de graças ao Pai (29
de julho de 1987)
22. Jesus Cristo vem no poder do Espírito Santo (05 de
agosto de 1987)
23. Jesus Cristo traz o Espírito Santo à Igreja e à humanidade (12 de agosto de 1987)
24. Jesus Cristo, revelador da Trindade (19 de agosto de 1987)
B. Jesus Cristo, verdadeiro Deus
25. Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem (26 de agosto de 1987)
26. Jesus Cristo, Verbo eterno de Deus (02 de setembro de 1987)
27. Jesus Cristo refere a si mesmo os atributos divinos (09 de setembro de 1987)
28. Jesus Cristo tem o poder de julgar (30 de setembro de 1987)
29. Jesus Cristo tem o poder de perdoar os pecados (07 de outubro de 1987)
30. Jesus Cristo, Legislador divino (14 de outubro de 1987)
31. “Credes em Deus, crede também em mim” (21 de outubro de 1987)
32. “Quem perder a vida por mim, esse a salvará” (28 de outubro de 1987)
33. “Eu disponho do Reino a vosso favor” (04 de novembro de 1987)
C. Os milagres de Jesus como sinal de sua divindade
34. Os milagres de Jesus: o fato e o significado (11 de novembro de 1987)
35. “Eu te digo, levanta-te” (18 de novembro de 1987)
36. Mediante os sinais-milagres, Cristo revela seu poder salvador (25 de novembro de 1987)
37. Os milagres como sinais salvíficos (02 de dezembro de 1987)
38. Os milagres como manifestação do amor misericordioso (09 de dezembro de 1987)
39. Os milagres como chamado à fé (16 de dezembro de 1987)
40. Os milagres como sinais de ordem sobrenatural (13 de janeiro de 1988)
D. Jesus Cristo, verdadeiro
homem
41. Jesus Cristo, verdadeiro homem (27 de janeiro de 1988)
42. Jesus Cristo, “semelhante a nós em tudo, menos no pecado” (03 de fevereiro de 1988)
43. Jesus, amigo dos pecadores, homem solidário com todos os homens (10 de fevereiro de 1988)
44. Jesus Cristo, aquele que “se despojou de si mesmo” (17
de fevereiro de 1988)
IV. A formulação
dogmática da fé em Jesus Cristo
45. A fé em Jesus Cristo na primeira comunidade cristã (02
de março de 1988)
46. Definições conciliares (I): Niceia e Constantinopla (09
de março de 1988)
47. Definições conciliares (II): Éfeso e Calcedônia (16
de março de 1988)
48. Definições conciliares (III): Calcedônia (23 de março
de 1988)
49. As definições cristológicas dos Concílios e a fé da Igreja de hoje (13 de abril de 1988)
A MISSÃO DE JESUS
CRISTO REDENTOR
I. A missão de Cristo
50. A missão de Cristo: “Para anunciar a boa nova aos pobres” (20 de abril de 1988)
51. “Chegou para vós o Reino de Deus” (27
de abril de 1988)
52. “Para dar testemunho da verdade (04
de maio de 1988)
53. O Filho Unigênito revela o Pai (01
de junho de 1988)
54. Jesus, “a testemunha fiel” (08 de
junho de 1988)
II. Jesus Cristo e a
Igreja
55. Jesus, fundador da Igreja: “Edificarei minha Igreja” (15
de junho de 1988)
56. Jesus, fundador da estrutura ministerial da Igreja (22
de junho de 1988)
57. Jesus, fundador da estrutura sacramental da Igreja (13 de julho de 1988)
58. Jesus Cristo transmite à Igreja o patrimônio da santidade (23 de julho de 1988)
III. A libertação do
homem realizada por Cristo
59. Jesus liberta o homem da escravidão do pecado (27 de
julho de 1988)
60. Cristo liberta o homem para a liberdade na verdade (03
de agosto de 1988)
61. Cristo liberta o homem para uma “vida nova” (10 de agosto de 1988)
62. Jesus, modelo da transformação salvífica do homem (17
de agosto de 1988)
63. Cristo, modelo de vida filialmente unida ao Pai (24 de agosto de 1988)
IV. O sacrifício de Jesus Cristo
A. Sentido e valor da Morte de Cristo
64. Cristo, modelo do amor perfeito que alcança seu ápice no sacrifício da cruz (31 de agosto de 1988)
65. O sacrifício de Cristo, cumprimento do desígnio de amor de Deus (07 de setembro de 1988)
66. A morte de Cristo como acontecimento histórico (28 de setembro de 1988) 09/05/2024
67. A consciência que Cristo tinha de sua vocação ao sacrifício redentor (05 de outubro de 1988)
68. Valor do sofrimento e da morte de Cristo (19 de outubro de 1988) 16/05/2024
69. Valor substitutivo e representativo do sacrifício de Cristo (26 de outubro de 1988)
70. Sentido do sofrimento à luz da Paixão do Senhor (09 de novembro de 1988) 23/05/2024
Cristo Salvador (El Greco) |
B. As últimas
palavras de Cristo na Cruz
71. “Pai, perdoa-lhes...” (16 de novembro de 1988) 30/05/2024
72. “Eis tua Mãe...” (23 de novembro de 1988) 06/06/2024
73. “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (30 de
novembro de 1988) 13/06/2024
74. “Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito” (07 de dezembro de 1988) 20/06/2024
C. “Consequências” da Morte de Cristo
75. Primeiros sinais da fecundidade da Morte redentora de Cristo (14 de dezembro de 1988) 27/06/2024
76. “Desceu à mansão dos mortos” (11 de janeiro de 1989) 04/07/2024
V. A Ressurreição de
Cristo
77. A Ressurreição, fato histórico e afirmação da fé (25
de janeiro de 1989) 11/07/2024
78. Do sepulcro vazio ao encontro com o Ressuscitado (01
de fevereiro de 1989) 18/07/2024
79. Características das aparições do Ressuscitado (22
de fevereiro de 1989)
80. A Ressurreição, evento histórico e meta-histórico (01 de março de 1989) 25/07/2024
81. A Ressurreição, ápice da Revelação (08 de março de 1989) 01/08/2024
82. O valor salvífico da Ressurreição (15 de março de 1989)
VI. A Ascensão de
Cristo
83. Ascensão: Mistério anunciado (05 de abril de 1989) 08/08/2024
84. Ascensão: Mistério realizado (12 de abril de 1989)
85. Os frutos da Ascensão (19 de abril de 1989) 15/08/2024
* * *
Como no ciclo anterior, propomos uma tradução nossa a
partir do texto disponível em italiano e em espanhol no site da Santa Sé.
As citações dos textos bíblicos são tomadas da Bíblia
Sagrada: Tradução oficial da CNBB (2018). Os salmos seguem a numeração
greco-latina, a mesma utilizada na Liturgia cristã. As citações dos textos do
Concílio Vaticano II também são tomadas da tradução da CNBB (2018).
“Não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!”
(João Paulo II, Missa de Início do Ministério Petrino, 22 de outubro de 1978).
Notas:
[1] MISSAL ROMANO. Tradução portuguesa da 2ª edição
típica para o Brasil. São Paulo: Paulus, 1991, pp. 400-401. Além do Símbolo
Niceno-Constantinopolitano, na Celebração Eucarística dos domingos e
solenidades podemos recitar também o “Símbolo dos Apóstolos”, uma versão mais
breve, formulado em Roma em meados do século III para a celebração do Batismo (ibid.,
p. 402).
Confira nossa postagem sobre a relação entre os Apóstolos e os artigos do Creio clicando aqui.
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