São Gregório Magno
Sermão sobre os Evangelhos 15
Guarda
no ouvido de vosso coração a Palavra que escutais
Retenham em
vosso coração as palavras do Senhor que escutastes com os vossos ouvidos;
porque a Palavra de Deus é o alimento da alma, e a palavra que se ouve e não se
retém na memória é precipitada como o alimento, quando o estômago está mal; mas
preocupa-se com a vida de quem não retém os alimentos no estômago. Portanto,
temei o perigo da mote eterna, se recebeis o alimento dos santos conselhos, mas
não guardais em vossa memória as palavras de vida, isto é, os alimentos de
justiça.
Vede que tudo o
que fazeis passa, e cada dia, quer queirais ou não, vos aproximais mais ao
último juízo, sem nenhum perdão de tempo. Então, por que se ama o que se vai
abandonar? Por que não se dá importância sobre o fim aonde se vai chegar?
Lembrai-vos de que se diz: Se alguém tem
ouvidos para ouvir, que ouça. Todos os que escutavam ao Senhor tinham os
ouvidos do corpo; mas aquele que diz a todos os que têm ouvidos: Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça,
não há dúvida alguma que se referia aos ouvidos da alma.
Procurai,
portanto, guardar no ouvido de vosso coração a Palavra que escutais. Procurai
que a semente não caia à beira do caminho, não aconteça que venha o espírito
maligno e arrebate a palavra de vossa memória. Procurai que a semente não caia
em terra pedregosa e produza o fruto das boas obras sem as raízes da
perseverança. A muitos lhes agrada o que escutam, e se propõem a fazer o bem,
mas assim que começam a ser molestados pelas adversidades abandonam as boas
obras que tinham começado. A terra pedregosa não teve seiva suficiente, porque
o que tinha germinado não o levou até o fruto da perseverança.
Existem muitos
que, quando ouvem falar contra a avareza, a rejeitam, e exaltam o menosprezo
das coisas deste mundo; mas assim que a alma vê uma coisa que deseja,
esquece-se daquilo que louvava. Existem também muitos que, quando ouvem falar
contra a impureza, não somente não desejam saciar-se com as imundícias da
carne, mas até se envergonham das máculas com as quais se mancharam; mas assim
que à sua vista se apresenta a beleza corporal, de tal forma é o coração
arrastado pelos desejos, e realiza o que é digno de condenar-se, e que ele
mesmo havia condenado ao recordar que o havia cometido.
Muitas vezes nos
contristamos por nossas culpas e, contudo, voltamos a cometê-las depois de já
tê-las chorado.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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