Visita
Pastoral à Paróquia romana de São Pedro Damião
Homilia
do Papa Francisco
Domingo,
21 de maio de 2017
Ouvimos como Jesus se despede dos seus na última Ceia, pedindo-lhes para
observar os mandamentos, e prometendo que lhes enviará o Espírito Santo: «Eu
rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito» - «paráclito» significa
«advogado» - «outro advogado, para que permaneça eternamente convosco: o
Espírito da Verdade» (Jo 14,16-17). E o Espírito Santo está em nós
- em cada um de nós - e nós recebemo-lo com o Batismo: recebemo-lo de Jesus e
do Pai. Noutra parte [do Novo Testamento], o Apóstolo pede-nos para conservar o
Espírito Santo, e diz-nos mais: «Não contristeis o Espírito Santo» (cf. Ef 4,
30), come [se dissesse]: «Estai conscientes de que tendes dentro de vós o
próprio Deus, o Deus que te acompanha, que te diz aquilo que deves fazer e como
o deves fazer; Aquele que te ajuda a não errar, que te ajuda a não cair na
tentação; o Advogado: Aquele que te defende do maligno». E este Espírito é
aquele que Pedro, na 2ª Leitura, diz que nos ajudará «a adorar Cristo no
nosso coração» (1Pd 3,15). E como? Mediante a prece de
adoração e deixando sobressair precisamente a inspiração do Espírito Santo. É
Ele que nos diz: «Isto é bom, isso não é bom, este é o caminho errado, esse é o
caminho certo...»: Ele leva-nos em frente. E quando as pessoas nos pedem
explicações, sobre o porquê nós cristãos somos assim, Pedro diz: «Estai sempre
prontos a responder a todo aquele que vos perguntar por que razão sois assim»
(1Pd 3,15). E como é que isto deve ser feito? Continua
Pedro: «Todavia, fazei-o com suavidade e respeito» (v. 15). E quero parar por
aqui.
A linguagem dos cristãos que conservam o Espírito Santo que nos é
concedido como um dom, daqueles que sabem que possuem o Espírito que lhes explica
[a verdade], esta linguagem é especial. Não devem falar em latim: não, não!
Trata-se de outra linguagem. É a linguagem da suavidade e do respeito.
E isto pode ajudar-nos a pensar em como é a nossa atitude de cristãos. É uma
atitude de suavidade ou de ira? Ou é amarga? É muito feio ver pessoas que se
dizem cristãs, mas vivem cheias de amargura... Com docilidade. A linguagem do
Espírito Santo é dócil, e a Igreja chama-lhe o «doce hóspede da alma», porque
Ele é doce e nos infunde docilidade. E respeito. Respeita sempre os outros.
Ensina-nos a respeitar o próximo. E o diabo, que sabe debilitar-nos no serviço
a Deus, e enfraquecer-nos também nesta conservação do Espírito Santo que está
dentro de nós, fará tudo para que a nossa linguagem não seja de docilidade, e
nem sequer de respeito. Inclusive no seio das comunidades cristãs.
No Regina Coeli de hoje eu
disse e gostaria de o repetir: quantas pessoas se aproximam de uma paróquia,
por exemplo, procurando esta paz, este respeito, esta docilidade, e encontra
lutas internas entre os fiéis. Em vez de suavidade e respeito, encontra
mexericos, maledicências, competições, concorrências, uns contra os outros...;
encontra aquele ar não de incenso, mas de bisbilhotice... E depois, o que
dizem? «Se eles são cristãos, prefiro permanecer pagão». E vão-se embora,
desiludidas. Porque eles não sabem conservar o Espírito, e com esta «linguagem»
de se mostrar por ambição, por inveja, por ciúmes, tantas coisas que nos
dividem uns dos outros, afastamos as pessoas. Somos nós que as afastamos. E não
impedimos que continue a obra do Espírito, de atrair as pessoas. Gosto de falar
sempre sobre esta temática, porque vos digo - digo-vos com toda a franqueza! -
que este é o pecado mais comum nas nossas comunidades cristãs.
Enquanto eu incensava Nossa Senhora, abaixei um pouco o olhar e vi a
serpente, a serpente esmagada por Nossa Senhora, a serpente com a boca aberta e
a língua de fora. Fará bem a vós considerar como é uma comunidade cristã que não
conserva o Espírito Santo com suavidade e respeito: é como aquela serpente, com
uma língua comprida assim... Certa vez, falando sobre este tema, um pároco
disse-me: «Na minha paróquia há alguns que podem fazer a comunhão da porta: com
a língua que têm, chegam até ao altar!». Alguns de vós poderão dizer: «Mas
Padre, o senhor fala sempre sobre o mesmo tema!...». Mas é verdade! Isto
destrói-nos! E nós devemos conservar o Espírito Santo..., e não aquilo que a
serpente - o diabo - nos ensina.
Perdoai-me se volto a falar sempre sobre isto, mas acho que este é o
inimigo que destrói as nossas comunidades: a bisbilhotice. Talvez vos faça bem,
não hoje - alguns hoje, outros noutro dia - quando fordes saudar Nossa Senhora,
olhar um pouco para baixo e ver aquela língua [da serpente] e dizer a Nossa
Senhora: «Nossa Senhora, salva-me: eu não quero ser assim. Quero conservar o
Espírito Santo como Tu o conservaste». Ela conservou o Espírito, que depois
desceu e fez dela a Mãe do Filho de Deus.
Irmãos e irmãs, verdadeiramente: isto faz mal ao meu coração; é como se
entre nós lançássemos pedras, uns contra os outros. E o diabo diverte-se: isto
é um carnaval para o diabo! Peçamos esta graça: conservar o Espírito Santo que
está em nós. Não o podemos contristar, como diz o Apóstolo Paulo. Não o
contristemos! E que a nossa atitude diante de todos - tanto dos cristãos como
dos não-cristãos - seja de docilidade e de respeito, pois é assim que o
Espírito Santo age em relação a nós: com docilidade e respeito.
Fonte: Santa Sé.
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