sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Ângelus do Papa: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de janeiro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No centro do Evangelho de hoje (Jo 1,29-34) está essa palavra de João Batista: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!» (v. 29). Uma palavra acompanhada pelo olhar e pelo gesto da mão que indicam Ele, Jesus.

Imaginemos a cena. Estamos na margem do rio Jordão. João está a batizar; há muita gente, homens e mulheres de várias idades, que ali chegaram, ao rio, para receber o batismo das mãos daquele homem que a muitos recordava Elias, o grande profeta que nove séculos antes tinha purificado os israelitas da idolatria, reconduzindo-os à verdadeira fé no Deus da aliança, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.

João prega que o reino dos céus está próximo, que o Messias está para se manifestar e é necessário preparar-se, converter-se e comportar-se com justiça; e começa a batizar no Jordão para dar ao povo um meio concreto de penitência (cf. Mt 3,1-6). Esta gente ia para se arrepender dos próprios pecados, para fazer penitência, para recomeçar a vida. Ele sabe, João sabe que o Messias, o Consagrado do Senhor já está próximo, e o sinal para o reconhecer será quando sobre Ele se pousar o Espírito Santo; com efeito, Ele trará o verdadeiro batismo, o batismo no Espírito Santo (Jo 1,33).

Eis que o momento chega: Jesus apresenta-se à margem do rio, no meio do povo, dos pecadores - como todos nós. É o seu primeiro ato público, a primeira coisa que faz quando deixa a casa de Nazaré, com trinta anos: desce à Judeia, vai ao Jordão e deixa-se batizar por João. Sabemos que algo acontece - celebrámo-lo no domingo passado: sobre Jesus desce o Espírito Santo em forma de uma pomba e a voz do Pai proclama-o Filho predileto (cf. Mt 3,16-17). É o sinal que João esperava. É ele! Jesus é o Messias. João está desconcertado, porque se manifestou de um modo inimaginável: no meio dos pecadores, batizado como eles, aliás, por eles. Mas o Espírito ilumina João e faz-lhe compreender que deste modo se cumpre a justiça de Deus, se cumpre o seu desígnio de salvação: Jesus é o Messias, o Rei de Israel, não com a poder deste mundo, mas sim como Cordeiro de Deus, que assume sobre si e tira o pecado do mundo.

Assim João indica-o ao povo e aos seus discípulos. Porque João tinha um amplo círculo de discípulos, que o escolheram como guia espiritual, e precisamente alguns deles se tornaram os primeiros discípulos de Jesus. Conhecemos bem os seus nomes: Simão, depois chamado Pedro, seu irmão André, Tiago e seu irmão João. Todos pescadores; todos galileus, como Jesus.

Queridos irmãos e irmãs, porque nos detemos prolongadamente sobre esta cena? Porque é decisiva! Não é uma anedota. É um facto histórico decisivo! Esta cena é determinante para a nossa fé; e é crucial também para a missão da Igreja. A Igreja, em todas as épocas, é chamada a fazer aquilo que fez João Batista, indicar Jesus ao povo dizendo: «Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo!». Ele é o único Salvador! Ele é o Senhor, humilde, no meio dos pecadores, mas é Ele, Ele: não é outro, poderoso, que vem; não, não, é Ele!

E estas são as palavras que nós sacerdotes repetimos todos os dias, durante a Missa, quando apresentamos ao povo o pão e o vinho que se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Este gesto litúrgico representa toda a missão da Igreja, a qual não se anuncia a si mesma. Ai, ai da Igreja quando se anuncia a si mesma; perde a bússola, não sabe para onde vai! A Igreja anuncia Cristo; não se traz a si mesma, mas Cristo. Pois, é só Ele e unicamente Ele que salva o seu povo do pecado, que o liberta e o guia para a terra da verdadeira liberdade. Que a Virgem Maria, Mãe do Cordeiro de Deus, nos ajude a acreditar n’Ele e a segui-lo.


Fonte: Santa Sé.

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