segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Ângelus: Festa de Santo Estêvão (2016)

Festa de Santo Estêvão, Protomártir
Papa Francisco
Ângelus
Segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Amados irmãos e irmãs!
A alegria do Natal enche também hoje os nossos corações, enquanto a liturgia nos faz celebrar o martírio de Santo Estêvão, primeiro mártir, convidando-nos a colher o testemunho que ele nos deixou com o seu martírio. É o testemunho glorioso próprio do martírio cristão, sofrido por amor a Jesus Cristo; martírio que continua a estar presente na história da Igreja, de Estêvão até aos nossos dias.

Deste testemunho falou-nos o Evangelho de hoje (Mt 10,17-22). Jesus prenuncia aos discípulos a rejeição e a perseguição que encontrarão: «Sereis odiados por todos por causa de meu nome» (v. 22). Mas por que o mundo persegue os cristãos? O mundo odeia os cristãos pela mesma razão pela qual odiaram Jesus, porque Ele trouxe a luz de Deus e o mundo prefere as trevas para esconder as suas obras malvadas. Recordemos que o próprio Jesus, na Última Ceia, rezou ao Pai para que nos defendesse do mau espírito mundano. Há oposição entre a mentalidade do Evangelho e a mundana. Seguir Jesus significa seguir a sua luz, que se acendeu na noite de Belém, e abandonar as trevas do mundo.

O protomártir Estêvão, cheio do Espírito Santo, foi lapidado porque confessou a sua fé em Jesus Cristo, Filho de Deus. O Unigénito que vem ao mundo convida cada crente a escolher o caminho da luz e da vida. Eis o significado da sua vinda entre nós. Amando o Senhor e obedecendo à sua voz, o diácono Estêvão escolheu Cristo, Vida e Luz para cada homem. Escolhendo a verdade, ele tornou-se ao mesmo tempo vítima e mistério da iniquidade presente no mundo. Mas em Cristo, Estêvão venceu!

Também hoje a Igreja, para dar testemunho da luz da verdade, experimenta em diversos lugares duras perseguições, até à suprema prova do martírio. Quantos nossos irmãos e irmãs na fé sofrem abusos, violências e são odiados por causa de Jesus! Eu digo-vos uma coisa, os mártires de hoje são muitos mais em relação aos dos primeiros séculos. Quando lemos a história dos primeiros séculos, aqui, em Roma, lemos tanta crueldade com os cristãos; eu vos digo: hoje existe a mesma crueldade, em número superior, com os cristãos. Hoje queremos pensar neles que sofrem perseguições, e estar próximos deles com o nosso afeto, a nossa oração e também com o nosso pranto. Ontem, dia de Natal, os cristãos perseguidos no Iraque celebraram o Natal na sua catedral destruída: é um exemplo de fidelidade ao Evangelho. Não obstante as provas e os perigos, eles testemunham com coragem a sua pertença a Cristo e vivem o Evangelho comprometendo-se a favor dos últimos, dos mais esquecidos, fazendo o bem a todos sem distinção; testemunham assim a caridade na verdade.

Ao dar espaço dentro do nosso coração ao Filho de Deus que se doa a nós no Natal, renovamos a jubilosa e corajosa vontade de o seguir fielmente como único guia, perseverando em viver segundo a mentalidade evangélica e rejeitando a mentalidade dos dominadores deste mundo.

À Virgem Maria, Mãe de Deus e Rainha dos mártires, elevemos a nossa oração para que nos guie e nos ampare sempre no nosso caminho no seguimento de Jesus Cristo, que contemplamos na gruta do presépio e que é a Testemunha fiel de Deus Pai.


Fonte: Santa Sé.

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