sexta-feira, 29 de abril de 2016

Homilia: VI Domingo da Páscoa - Ano C

Santo Agostinho
Tratado sobre a 1ª Carta de São João
O amor cobre uma multidão de pecados

Corremos verdadeiramente e corremos para a pátria; e se desesperamos de poder chegar, a mesma desesperação nos faz desfalecer. Porém, Aquele que quer que cheguemos, para ter-nos com Ele na pátria, nos fortalece no caminho. Digamos, então: Se dizemos que estamos unidos a Ele enquanto vivemos nas trevas, mentimos com palavras e obras. Não digamos que estamos unidos a Ele, se vivemos nas trevas. Mas, se vivemos na luz assim como Ele está na luz, então estamos unidos uns aos outros. Vivamos na luz, assim como Ele está na luz, para podermos estar unidos a Ele. E o que fazemos com os pecados? Escuta o que segue: E o sangue de seu Filho Jesus nos purifica os pecados. O que significa nos purifica os pecados? Estai atentos: já sabeis que no nome de Cristo e pelo sangue d’Aquele a quem estes acabam de confessar e aos quais chamamos “infantes”, já ficaram limpos de todo pecado. Entraram velhos, saíram crianças. A velhice decrépita é a vida velha; a infância regenerada é a vida nova. E nós, o que fazemos? Os pecados da vida passada não somente lhes foram perdoados, mas também a nós; mas é possível que, vivendo no meio das tentações deste mundo após a abolição e o perdão de todos os pecados, se tenham cometido outros novos. Por isso, o homem faça o que possa; confesse o que é para que lhe cure o que para sempre é o que é: pois Ele sempre era e é; nós não éramos e somos.
Observa bem o que diz: Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e não somos verdadeiros. Portanto, se te confessas pecador, a verdade está em ti, visto que a verdade é luz. Tua vida ainda não brilha em todo o seu esplendor porque habita em ti o pecado; mas já começaste a ser iluminado porque em ti mora a confissão dos pecados. Vede, de fato, o que segue: Porém, se confessamos os nossos pecados, ele que é fiel e justo, nos perdoará os pecados e nos purificará de toda injustiça. Não somente os pecados passados, mas os que tivéssemos contraído na vida atual, pois o homem, enquanto vive na carne, não consegue deixar de ter pecados, mesmo os leves. Mas não deves menosprezar estes que chamamos leves. Se os menospreza ao pesá-los, treme ao contá-los. Muitas coisas pequenas fazem uma grande; muitas gotas fazem transbordar um rio; muitos grãos fazem um grande celeiro.
E que esperança nos resta? Antes de tudo, a confissão: que ninguém se considere justo e, diante dos olhos de Deus que vê o que é, não erga a cerviz o homem que não era e é. Portanto, antes de tudo a confissão, em seguida a dileção; pois o que é que se disse do amor? O amor cobre uma multidão de pecados.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 609-610. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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