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Quarta-feira, 13 de abril de 2016
Jubileu (14):
“Quero misericórdia e não sacrifício”
Bom dia, prezados irmãos e irmãs!
Ouvimos o Evangelho da vocação de Mateus. Mateus era um «publicano», ou
seja, um cobrador de impostos em nome do império romano, e por isso era
considerado pecador público. Mas Jesus chama-o para o seguir e para se tornar
seu discípulo. Mateus aceita e convida-o para jantar na sua casa juntamente com
os discípulos. Então, começa um debate entre os fariseus e os discípulos de
Jesus, porque estes compartilham a mesa com os publicanos e os pecadores. «Mas
tu não podes ir à casa desta gente!», diziam eles. Com efeito, Jesus não os
afasta mas, pelo contrário, frequenta as suas casas e senta-se ao seu lado;
isto significa que também eles podem tornar-se seus discípulos. E é igualmente
verdade que ser cristãos não nos torna impecáveis. Como o publicano Mateus, cada
um de nós confia na graça do Senhor, não obstante os próprios pecados. Todos
nós somos pecadores, todos cometemos pecados. Chamando Mateus, Jesus mostra aos
pecadores que não tem em consideração o passado deles, nem a sua condição
social, nem sequer as convenções exteriores mas, ao contrário, abre-lhes um
novo futuro. Certa vez ouvi um bonito ditado: «Não há santo sem passado, nem
pecador sem futuro». É isto que Jesus faz. Não há santo sem passado, nem
pecador sem futuro. É suficiente responder ao convite com o coração humilde e
sincero. A Igreja não é uma comunidade de pessoas perfeitas, mas de discípulos
a caminho, que seguem o Senhor porque se reconhecem pecadores e necessitados do
seu perdão. Por conseguinte, a vida cristã é escola de humildade que nos abre à
graça.
Este comportamento não é compreendido por quantos têm a presunção de se
julgar «justos», de achar que são melhores que os outros. Soberba e orgulho não
nos permitem reconhecer-nos necessitados de salvação, aliás, impedem-nos de ver
o rosto misericordioso de Deus e de agir com misericórdia. Elas são um muro. A
soberba e o orgulho são um muro que impedem a relação com Deus. E no entanto, a
missão de Jesus é precisamente esta: vir à procura de cada um de nós, para
curar as nossas feridas e para nos chamar a segui-lo com amor. Di-lo
claramente: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os
doentes» (v. 12). Jesus apresenta-se como um bom médico! Anuncia o Reino de
Deus, e os sinais da sua vinda são evidentes: Ele cura das doenças, liberta do
medo, da morte e do demônio. Diante de Jesus, nenhum pecador deve ser excluído -
nenhum pecador deve ser excluído! - porque o poder purificador de Deus não
conhece enfermidades que não possam ser curadas; e isto deve dar-nos confiança
e abrir o nosso coração ao Senhor, a fim de que venha e nos cure. Chamando os
pecadores à sua mesa, Ele cura-os restabelecendo-os naquela vocação que eles
julgavam perdida e que os fariseus tinham esquecido: a de convidados para o
banquete de Deus. Segundo a profecia de Isaías: «O Senhor dos exércitos
preparou para todos os povos, nesse monte, um banquete de carnes gordas, um
festim de vinhos velhos, de carnes gordas, de vinhos velhos purificados... E
naquele dia dirão: eis o nosso Deus, do qual esperamos a nossa libertação.
Congratulemo-nos, rejubilemo-nos pelo seu socorro» (25,6-9).
Se os fariseus veem nos convidados somente pecadores e se recusam a
sentar-se ao seu lado, Jesus ao contrário recorda-lhes que também aqueles são
comensais de Deus. Deste modo, sentar-se à mesa com Jesus significa ser por Ele
transformado e salvo. Na comunidade cristã, a mesa de Jesus é dupla: há a mesa
da Palavra e a mesa da Eucaristia (cf. Dei Verbum, 21). São estes os remédios com
que o Médico Divino nos cura e nos alimenta. Com o primeiro - a Palavra - Ele
revela-se e convida-nos a um diálogo entre amigos. Jesus não tinha medo de
dialogar com os pecadores, os publicanos, as prostitutas... Não, Ele não tinha
receio: amava todos! A sua Palavra penetra-nos e, como um bisturi, age em
profundidade para nos livrar do mal que se oculta na nossa vida. Às vezes esta
Palavra é dolorosa porque incide sobre as hipocrisias, desmascara as falsas
desculpas, revela as verdades escondidas; mas ao mesmo tempo ilumina e
purifica, dá força e esperança, é um precioso reconstituinte no nosso caminho
de fé. Por sua vez, a Eucaristia nutre-nos com a própria vida de Jesus e, com
um remédio poderosíssimo, de modo misterioso renova continuamente a graça do
nosso Batismo. Aproximando-nos da Eucaristia, nós alimentamo-nos com o Corpo e
Sangue de Jesus; e no entanto, entrando em nós, é Jesus que nos une ao seu
Corpo!
Concluindo aquele diálogo com os fariseus, Jesus recorda-lhes uma
palavra do profeta Oseias (6,6): «Ide e aprendei o que significam estas
palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício» (Mt 9,13). Dirigindo-se ao povo de Israel, o profeta repreendia-o porque as preces
que elevava eram palavras vazias e incoerentes. Não obstante a aliança de Deus
e a misericórdia, o povo vivia frequentemente segundo uma religiosidade «de
fachada», sem viver em profundidade o mandamento do Senhor. Eis por que razão o
profeta insiste: «Eu quero a misericórdia», ou seja, a lealdade de um coração
que reconhece os próprios pecados, que se arrepende e volta a ser fiel à
aliança com Deus: «E não o sacrifício»: sem um coração arrependido, todas as
obras religiosas são ineficazes! Jesus aplica esta frase profética também aos
relacionamentos humanos: aqueles fariseus eram muito observantes na forma, mas
não estavam dispostos a compartilhar a mesa com os publicanos e os pecadores;
não reconheciam a possibilidade de um arrependimento e por isso de uma cura;
não punham em primeiro lugar a misericórdia: embora fossem fiéis guardiões da
Lei, demonstravam que não conheciam o Coração de Deus! É como se te oferecessem
um pacote com um presente e tu, em vez de ir ver o dom, olhasses somente para o
papel com o qual ele foi embrulhado: só as aparências, a forma, e não o núcleo
da graça, do dom que é oferecido!
Caros irmãos e irmãs, todos nós somos convidados à mesa do Senhor. Façamos nosso o convite a sentar-nos ao seu lado, juntamente com os seus discípulos. Aprendamos a olhar com misericórdia e a reconhecer em cada um deles um nosso comensal. Somos todos discípulos necessitados de experimentar e viver a palavra consoladora de Jesus. Todos nós temos necessidade de nos alimentarmos da misericórdia de Deus, porque é desta fonte que brota a nossa salvação. Obrigado!
Caros irmãos e irmãs, todos nós somos convidados à mesa do Senhor. Façamos nosso o convite a sentar-nos ao seu lado, juntamente com os seus discípulos. Aprendamos a olhar com misericórdia e a reconhecer em cada um deles um nosso comensal. Somos todos discípulos necessitados de experimentar e viver a palavra consoladora de Jesus. Todos nós temos necessidade de nos alimentarmos da misericórdia de Deus, porque é desta fonte que brota a nossa salvação. Obrigado!
Fonte: Santa Sé
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