segunda-feira, 23 de março de 2015

Ângelus: IV Domingo da Quaresma - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de março de 2015

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje propõe-nos as palavras dirigidas por Jesus a Nicodemos: «Com efeito, Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho único» (Jo 3,16). Ouvindo estas palavras, dirigimos o olhar do nosso coração a Jesus Crucificado e sentimos dentro de nós que Deus nos ama, nos ama verdadeiramente, nos ama muito! Eis a expressão mais simples, que resume o Evangelho inteiro, toda a fé, toda a teologia: Deus ama-nos com amor gratuito e sem limites.

É assim que Deus nos ama, e manifesta este amor principalmente na criação, como proclama a Liturgia na Oração Eucarística IV: «Deste origem ao universo para infundir o teu amor em todas as tuas criaturas e para as animar com os esplendores da tua luz». Na origem do mundo só há o amor livre e gratuito do Pai. Santo Irineu, um santo dos primeiros séculos, escreve: «Deus não criou Adão porque tinha necessidade do homem, mas para ter alguém a quem conceder os seus benefícios» (Adversus haereses, IV, 14, 1). É assim, o amor de Deus é assim.

Depois, a Oração Eucarística IV acrescenta: «E quando, pela sua desobediência, o homem perdeu a tua amizade, Tu não o abandonaste ao poder da morte, mas na tua misericórdia vieste ao encontro de todos». Ele veio com a sua misericórdia. Como na criação, também nas etapas seguintes da história da salvação sobressai a gratuidade do amor de Deus: o Senhor escolhe o seu povo não porque ele o merece, mas porque é o mais pequenino dentre todos os povos, como Ele diz. E quando chegou «a plenitude do tempo», não obstante os homens tivessem desrespeitado várias vezes a aliança, Deus, em vez de os abandonar, estipulou com eles um novo vínculo, no sangue de Jesus - a união da nova e eterna aliança - um vínculo que nada jamais poderá interromper.

São Paulo recorda-nos: «Deus, que é rico em misericórdia - nunca nos esqueçamos disto, Ele é rico em misericórdia - impelido pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência dos nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo» (Ef 2,4). A Cruz de Cristo é a prova suprema da misericórdia e do amor de Deus por nós: Jesus amou-nos «até ao fim» (Jo 13,1), ou seja, não apenas até ao último instante da sua vida terrena, mas até ao extremo limite do amor. Se na criação o Pai nos deu a prova do seu imenso amor, concedendo-nos a vida, na paixão e na morte do seu Filho Ele deu-nos a prova das provas: veio sofrer e morrer por nós. A misericórdia de Deus é imensa: Ele ama-nos e perdoa-nos; Deus perdoa tudo e perdoa sempre.

Maria, que é Mãe de misericórdia, instile no nosso coração a certeza de que somos amados por Deus. Esteja próxima de nós nos momentos de dificuldade e nos conceda os sentimentos do seu Filho, para que o nosso itinerário quaresmal seja uma experiência de perdão, de acolhimento e de caridade.


Fonte: Santa Sé.

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