sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Ângelus do Papa: XVII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 27 de julho de 2014

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
As breves semelhanças propostas pela Liturgia de hoje são a conclusão do capítulo do Evangelho de Mateus, dedicado às parábolas do Reino de Deus (Mt 13,44-52). Entre elas há duas pequenas obras-primas: as parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor. Elas dizem-nos que a descoberta do Reino de Deus pode acontecer repentinamente, como para o camponês que arando, encontra o tesouro inesperado; ou então depois de uma longa busca, como para o comerciante de pérolas, que finalmente encontra a pérola de inestimável valor, há muito desejada! Mas tanto no primeiro como no segundo caso, permanece o dado primário que o tesouro e a pérola valem mais do que todos os demais bens e, portanto, quando os encontram, o camponês e o comerciante renunciam a tudo o resto para poder comprá-los. Não têm necessidade de fazer raciocínios, nem de pensar nisto ou de meditar: dão conta imediatamente do valor incomparável daquilo que encontraram e estão dispostos a perder tudo para o poder comprar.

Assim é para o Reino de Deus: quem o encontra não tem dúvidas, sente que é aquilo que procurava, que esperava e que corresponde às suas aspirações mais autênticas. E é deveras assim: quem conhece Jesus, quem o encontra pessoalmente, permanece fascinado, atraído por tanta bondade, tanta verdade e tanta beleza, e tudo numa grande humildade e simplicidade. Procurar Jesus, encontrar Jesus: eis o grande tesouro!

Quantas pessoas, quantos santos e santas, lendo o Evangelho com o coração aberto, foram literalmente conquistados por Jesus, e converteram-se a Ele. Pensemos em São Francisco de Assis: ele já era cristão, mas um cristão «ao sabor da corrente». Quando leu o Evangelho, num momento decisivo da sua juventude, encontrou Jesus e descobriu o Reino de Deus, e então todos os seus sonhos de glória terrena esvaeceram. O Evangelho leva-nos a conhecer o Jesus verdadeiro, faz-nos conhecer o Jesus vivo; fala-nos ao coração e muda a nossa vida. E então, sim, deixamos tudo. Podemos mudar de vida concretamente, ou então continuar a fazer aquilo que fazíamos antes, mas nós somos outra pessoa, renascemos: encontramos aquilo que dá sentido, sabor e luz a tudo, inclusive às dificuldades, aos sofrimentos e até à morte.

Leiamos o Evangelho. Leiamos o Evangelho. Já falamos sobre isto, recordais-vos? Cada dia devemos ler um trecho do Evangelho; e também trazer conosco um pequeno Evangelho, no bolso, na bolsa, contudo ao alcance da mão. E ali, lendo um trecho encontraremos Jesus. Ali, no Evangelho, tudo adquire sentido e encontramos aquele tesouro, ao qual Jesus chama «o Reino de Deus», ou seja, Deus que reina na tua vida, na nossa vida; Deus que é amor, paz e alegria em cada homem e em todos os homens. É isto que Deus quer, foi por isto que Jesus se entregou a si mesmo, a ponto de morrer numa Cruz, para nos libertar do poder das trevas e nos transferir para o reino da vida, da beleza, da bondade e da alegria. Ler o Evangelho significa encontrar Jesus e ter aquela alegria cristã, que é um dom do Espírito Santo.

Caros irmãos e irmãs, a alegria de ter encontrado o tesouro do Reino de Deus transparece, vê-se. O cristão não pode manter a sua fé escondida, porque ela transparece em cada palavra, em cada gesto, até nos mais simples e quotidianos: transparece o amor que Deus nos concedeu mediante Jesus. Por intercessão da Virgem Maria, oremos para que venha a nós e ao mundo inteiro o seu Reino de amor, justiça e paz.


Fonte: Santa Sé.

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